Capítulo XIII

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[Camila'S POV]



Eu estava machucada.

Acabada.

Se alguém colocasse a mão no meu coração, me daria como morta. Eu me sentia morta.

A primeira e única pessoa que realmente me importou havia me expulsado de sua vida.

Era alguma coisa comigo. Talvez eu fosse muito grudenta. E mimada, ela disse isso quando a gente se conheceu. Talvez eu seja tão chata e tão insuportável que eu afaste as pessoas que eu amo.

Então o problema era realmente comigo. Mas por que ela simplesmente não me disse isso? Virei para a porta, encarando-a tristemente. Bati com força, socando-a, murmurando para ela abrir. Mas ela não abriu. Não voltou para mim.

Simplesmente não voltou.


Levantei meio atordoada e perdida, por não ter percebido que eu tinha caído. Levei o polegar até a boca, roendo freneticamente a unha. Acho que fiquei muito tempo ali, sentindo o frio do corredor me envolver. Suspirei, só então lembrando que eu não estava de blusa. Eu não tinha posto para ficar mais fácil para tirar no quarto... Dela.

Juntei forças para me arrastar para longe dali, para longe da... Tristeza. Me abracei, andando sem rumo pela mansão semi-iluminada. Era mentira dela, mentira. Ela estava chorando, ela não queria aquilo. Parei no batente da cozinha, sentindo meu rosto endurecido pela quantidade de lágrimas que haviam escorregado de meus olhos. Encostei a cabeça na madeira, uma raiva borbulhando na boca de meu estômago.

Raiva dela. Raiva da porra da situação. E raiva da sua falta de explicação. Qual era o problema, afinal? Estávamos bem, o Austin tinha descoberto, mas tinha nos ajudado. Estava tudo certo! Então, por que ela fudeu com tudo?

Porque ela me deixou?

Senti braços circularem meus ombros e afundei a cabeça no pescoço de alguém. Não me sentia, no entanto, feliz. Não eram braços fortes. Não era um abraço protetor. Não era o perfume feminino, inebriante.

Não era ela.

- Não chora Mila.

Pendi meus braços ao lado de meu corpo enquanto Austin acariciava meu cabelo com suavidade.

- Mila, fala pra mim... – neguei com a cabeça, tentando estacar as lágrimas. Afastei-me dele, enxugando os olhos e voltei a roer a unha do polegar, de cabeça baixa. – O que aconteceu?

Neguei com a cabeça de novo. Não queria conversar. Eu só queria ir embora. Só queria... Quando me vi, estava sentada numa cadeira da cozinha, um copo d'água sendo forçado contra minha mão. As lágrimas haviam secado, orgulhosas. Mas aquele vazio e náusea permaneciam no meu corpo, devorando minha alma.

- Camila...

Levantei os olhos para olhar os seus e meu coração apertou. Eram claros. Como os dela.

- Acabou... – murmurei, sentindo minha boca seca. Sorri masoquista da minha dor. Ele piscou e eu a imaginei na minha frente. Ela e seus olhos hipnotizantes. – Ela acabou... tudo...

A compreensão perpassou pelo seu rosto e eu me vi sufocado em seus braços. Dei tapinhas em suas costas, não precisando de seu abraço de pena. Eu simplesmente não precisava disso.

- O que aconteceu? – ele nos afastou, mas continuou próximo. Não olhe pra mim, por favor

- Eu não quero falar disso agora. – respondi baixo, desviando dos olhos dele.

Charmed |Camren|Onde histórias criam vida. Descubra agora