Capítulo 2

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Maddox ficou imóvel durante uns segundos. A curiosidade e uma diversão irônica, entretanto, superaram seu mau humor, e decidiu segui-lo. Maddox saiu do ginásio e percorreu o corredor. Viu Torin uns metros mais a frente e o alcançou.

-O que acontece?

-Por fim demonstra interesse.

-Se for um de seus truquezinhos...

Como aquela vez em que Torin tinha encomendado centenas de bonecas infláveis e as tinha colocado por toda a fortaleza, porque Paris se queixou, estupidamente, da falta de companhia feminina na cidade. Coisas como aquela aconteciam quando Torin estava aborrecido.

-Não vou perder tempo tentando gastar uma brincadeira com você. - respondeu Torin. -Você, meu amigo, não tem senso de humor. Certo?

-Onde estão os outros? - perguntou Maddox, ao se dar conta de que não
encontravam ninguém pelo caminho.

-Poderia pensar que Paris foi comprar comida, já que a despensa está vazia e esse é seu único dever, mas não. Foi procurar uma nova amante.

Afortunado bastardo. Paris estava possuído pela Promiscuidade, e não podia se deitar duas vezes com a mesma mulher, e devia seduzir a uma nova, ou duas ou três, cada dia. Aquilo provocava a inveja de Maddox.

-Aeron está... se prepare. - o avisou Torin. -Porque essa é a razão pela qual o chamei.

-Ocorreu algo a ele? - perguntou Maddox, e a escuridão se apropriou de seus pensamentos enquanto a ira o dominava. Destrói, arrasa, pediu Violência, se cravando nos limites de sua mente. -Ele está bem?

Aeron podia ser imortal, mas de todo o modo podia acabar ferido. Inclusive morto, algo que tinham descoberto da pior forma possível.

-Nada disso. - lhe assegurou Torin.

Lentamente, Maddox relaxou e Violência se retirou.

-Então o que? Estava limpando e teve uma briga com alguém?

Cada um dos guerreiros tinha atribuídas determinadas responsabilidades. Era sua
forma de manter certa ordem no caos de suas próprias almas. Aeron fazia as vezes de faxineira, algo do que se queixava diariamente. Maddox se ocupava da manutenção doméstica. Torin se encarregava das operações financeiras e os investimentos, e
mantinha todos em um bom nível econômico. Lucien resolvia as papeladas e Reyes lhes proporcionava as armas.

—Os deuses... o chamaram.

Maddox cambaleou, cegado momentaneamente pelo choque.

-Como?

-Os deuses o chamaram. - repetiu Torin pacientemente.

Os gregos não tinham voltado a falar com eles desde a morte de Pandora.

-O que queriam? E por que estou me inteirando agora?

-Ninguém sabe o que querem. Estávamos vendo um filme quando, de repente, se ergueu no assento com uma expressão vazia, como se estivesse sozinho. Poucos segundos depois nos disse que o chamaram. Nenhum de nós teve tempo de reagir. Em um momento Aeron estava conosco e, no segundo seguinte, se foi. Quanto a suasegunda pergunta, tentei lhe dizer isso mas me respondeu que não se importava, recorda?

-Deveria ter me dito isso de todo o modo.

-Enquanto tinha os pesos a seu
alcance? Por favor. Sou a Enfermidade, não a Estupidez.

Aquilo era... Maddox não queria pensar o que era, mas não pôde conter os pensamentos. Algumas vezes, Aeron, o guardião da Ira, perdia o controle de seu espírito e embarcava em uma vingança contra os mortais, para castigá-los por seus pecados.

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