Meu pescoço doía de ficar tanto tempo olhando para os papéis em minhas mãos. Esfreguei os olhos cansado e me permiti sentar-me no sofá apreciando um pouco de uma caneca de café.
-Senhor.
Uma garota morena estava na porta exitando se deveria entrar ou não, reconheci-a logo de cara.
-O que deseja Beatriz?
Seu corpo tremeu e notei que ela pensava.
-Eu preciso da sua ajuda.
Dei um sorriso torto.
-Entre e tranque a porta por favor.
Cautelosamente a menina fez o que eu mandei, depois perguntou com o olhar se podia sentar-se, fiz que sim com a cabeça.
-Ouça, estou disposta a tudo para que você faça o que eu quero.
Meu sorriso se alargou.
-Tudo?
A morena engoliu em seco.
-Sim.
Me ajeitei um pouco mais na cadeira.
-Okay, o que você quer?
-Quero que suma com um corpo.
Ri com o nariz.
-Que atrevimento! A senhorita não tem medo que eu conte para, vejamos... A diretora?
-Você não faria isso. -O rosto dela tomara-se por um pavor.
-Por que não?
-Porque seu segredinho sujo iria parar nos ouvidos de todos os seus superiores.
-Que ameaças mais fracas Beatriz. -Olhei-a com pena- Você é só mais uma louca nesse hospício, quem você acha que acreditaria em você?
Seus punhos se fecharam com raiva.
-Eu. Não. Sou. Louca. -A morena falou baixinho.
-Claro, claro, por qual razão então você estaria em Almas Soltas?
-Foi um engano.
Bufei cansado de discutir sobre algo que sabia a resposta.
-Bom, voltando ao corpo - a expressão da garota mudou- fale-me mais sobre o que aconteceu.
Ela mexeu nos cabelos notavelmente incomodada.
-Eu estava procurando Daniel e finalmente o encontrei quando fui lavar o rosto no banheiro. Num golpe esfaqueei-o sem nem ao menos pensar em como as evidências cairiam em mim logo depois, limpei a faca e botei-a em baixo de um azulejo, em um dos golpes que dei nele quando ainda estava acordado Daniel bateu no vidro e quebrou ele, juntei todos os pedaços e joguei no lixo logo depois, limpei o chão com papel limpando igualmente o garoto, ai escondi ele num dos boxes, mas... Não sei quanto tempo as pessoas vão notar a falta dele e eu... Eu - A morena escondeu seu rosto nas mãos - não pensei em como ficaria.
-Mas porque você o matou?
-Porque ele ia matar a Clara, e eu não podia deixar isso acontecer.
-Tudo bem, eu te ajudo. Só aja naturalmente, juro que ninguém vai saber sobre isso, vou limpar a sujeira.
-Obrigada! Muito, muito obrigada! - Suas mãos se juntaram.
-Mas à noite quero você aqui.
Olhei para o seu corpo; Toda a felicidade que estampava nela sumiu e com um leve balançar de cabeça ela foi embora. Assim que não a vi mais, disquei um número pelo o telefone fixo, no segundo toque a voz do lixeiro soa:
-Alô.
-Júlio, tenho um trabalho para você, preciso que limpe a barra para mim.
-Claro, e como vai pagar?
Respirei fundo.
-Te dou duas barras.
Pude notar que ele sorriu.
-Fechado.
-Te encontro em vinte minutos.
-Estarei no aguardo - O lixeiro disse.
Desliguei, pegando duas luvas de dentro da gaveta. Ora do trabalho.
**************************Vinte minutos depois**********************************************
A única luz que iluminava nós dois era a luz da lua,bufando peguei um saco preto tão grande que poderia caber uma pessoa lá dentro - coisa que realmente tinha- entregando em seguida para um homem por volta de seus quarenta anos, ele usava um boné fazendo com que seu rosto ficasse escondido.
-Quem é o sortudo? - O lixeiro olhou para mim com um sorriso torto.
-Apenas uma pedra no caminho de alguém.
-É tão sem graça quando você usa seu lado bad boy.
Ri pelas narinas, me abraçando mais conforme um vento frio nos nocauteava. Com um simples movimento tirei de um dos bolsos dois pacotes mais ou menos do tamanho de um tijolo, levantei-o na frente dos olhos do homem.
-Não quero que ninguém saiba sobre isto. Estamos entendidos?
- Absolutamente.
Sorri entregando o embrulho, ele deu meia volta e entrou num carro, observei-o sumir de vista enquanto carregava o garoto junto com milhares outras coisas que logo, logo iriam ser despejadas num esquecimento.
Quando seu carro não fora mais visto na floresta subi o penhasco que dava direto para Almas Soltas, o hospício em que trabalhava. Um barulho de galhos sendo quebrados me fez virar, porém não havia nada no meio daqueles arbustos, a não ser é claro eu, por fim voltei ao meu rumo subindo o enorme morro.
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Atrasada como sempre, eu não revisei o capítulo, então se tiver algum errinho podem comentar :).
Beijos no coração de papelão.

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Contos Vermelhos
Misterio / Suspenso~Livro 1 concluído~ Depois de uma série de acontecimentos bizarros na exemplar escola de uma pequena cidade, alguns alunos são misteriosamente levados para corredores desertos aonde aparições de corações trazem uma enxurrada de verdades. A questão...