Daniel - 08

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-Eu estou morto?
Perguntei a mim mesmo ao ver tudo branco ao meu redor.
Em um instante, eu estava para ser acertado por um enorme monstro, e agora estou aqui.
Em nenhum momento eu sequer pisquei, a imagem daquele homem vindo, e de repente essa luz branca.
Mas parecia que haveria um fim. As coisas estão finalmente ganhando cor e forma.
A floresta, as flores, a nossa cabana, e finalmente pude ver, um enorme pássaro de fogo em minha frente.
Ela atirou Gigard para longe, e era visível o rastro de destruição que ele deixou ao ser lançado.
Meus olhos continuavam fixos, meu coração batia rápido, e  rapidamente perdi minha respiração, que voltou em alguns segundos.
Aquela ave era brilhante como o sol, mas parecia não ter influência em meus olhos.
Ela estava parada lá, olhando para o que acabará de fazer.
Eu não conseguia me mexer, no estado em que me encontrava, eu conseguia apenas olhar ao redor.
Naill parecia estar apreensivo, e com os dois animais atrás dele, ele ficava paralisado como uma estátua, não mexia nem sequer os dedos.
O velho Nubac que observara a ave em minha frente, saiu correndo, gritando desesperadamente:
- É ela! É a Fênix!!
Eu não entendi o que significava,  o que é "Fênix"?
De alguma forma, eu tinha que ter coragem, e talvez, fugir como o velho. Mas quando tentei levantar, a Fênix se virou, e em um instante, voltei a mesma posição que me encontrara.
- Você ainda é fraco -Falou ela, ao olhar para mim - Não poderei te salvar sempre, aprenda a usar seus poderes.
Eu não conseguia falar nada, então confirmei fazendo um gesto com a cabeça.
As pessoas sempre estão me protegendo, e agora me parece uma ave e me diz isso.
- Meus... Poderes?
Perguntei a mim mesmo em voz alta.
A Fênix então, pegou a pergunta para si mesma e me respondeu:
- Você acredita que não tem? Criança Tola.
Ficamos em silêncio durante alguns segundos.
A Fênix olhou para a cabana, e ao bater as asas, fez com que a perna de Naill se curasse totalmente, e fez com que Alex despertasse de seu sono.
- Não tenho mais nada para fazer aqui, então lembre-se criança, eu estarei aqui nas piores situações, mas não poderei te salvar sempre, aprenda a usar o que tem de melhor.
Falou ela, voando para longe.
- Quem é que está aí?
Falou Alex ao se levantar.
- Alguém que um dia irá voltar.
Falei admirando a Fênix.
- Eu acho que não entendi muito bem, mas não importa agora, temos que ir pegar as pedras e voltar logo para Captol!
Disse Alex.
- Já conseguimos as rochas douradas, ou melhor, Daniel conseguiu elas para nós.
Falou Naill ao apontar para mim.
-Daniel...
Disse Alex voz baixa.
Eu fiquei envergonhado, e logo uma vermelhidão tomou conta de minhas bochechas.
- Eu... Eu também consegui isso...
Falei ao apontar para as as Pedras de Persin - Aqueles caras iam usa-lá para algo perigoso, tenho que levá-las para a escola rapidamente e entregar para eles, e lá, eles resolverão sobre o destino delas.
- Quem diria que em nossa primeira missão, fosse você a conseguir tudo, desculpe por não ajudá-lo.
Falou Alex.
- Isso não é verdade, agora somos todos amigos, não importa o que aconteceu, temos que olhar para frente. Cada um fez sua parte aqui.
Disse Naill.
- É verdade, agora todos estamos trilhando um único caminho, e olhem só, concluímos nossa missão.
Falei.
Parecia que tudo o que acabara de acontecer, tivesse sido anos atrás. Nós estamos indo agora, e pareceu que estávamos prontos para outra.
- Como iremos ir sem uma carruagem?
Perguntou Naill.
- Conheço um modo.
Falou Alex.
- Pelo jeito o sabe tudo já arranjou um modo, nos diga então gênio!
Provocou Naill.
- Oh porco espinho - Disse Alex - Por aqui existem algumas fazendas próximas, podemos achar alguém que possa nos ajudar.
- Grande idéia, quero ver se alguém nos joga para os bois comerem!
Replicou Naill.
- Bois não comem pessoas sua anta, e podemos muito bem correr esse risco! Ou quer ir andando até Captol?
Falou Alex.
- É verdade, se quisermos mesmo voltar, esse é o único modo.
Eu disse a eles.
- Tudo bem, o que nos resta é tentar. Então é melhor pegar nossas coisas e irmos logo atrás de ajuda.
Naill concordou.
Seguimos em frente, e fizemos uma longa caminhada até a fazenda mais próxima.
Ela ficava em um um grande terreno coberto de plantações. Eram verduras de todos os tipos: Cenouras, beterrabas, Cebolas, Tomates, Repolhos, entre muitas outras.
As árvores que existiam lá, estavam cobertas de frutos, uma ótima opção para nós, que estávamos mortos de fome. Mas primeiro deveríamos saber quem eram os donos.
Fomos cautelosos e chegamos devagar.
Drogo e Raphis, ficaram escondidos nas mochilas, fazendo o mínimo de barulho.
Quando chegamos lá, fui o primeiro a bater na porta.
E para nossa surepresa, quem nos atendeu foi uma velha senhora.
- Oh, forasteiros! - Disse ela surpreendida - No que posso lhes ser útil?
- Me desculpe o encomodo, só queríamos habitação, ou melhor, umas carroça.
Falei.
- Não se preocupe, aqui há comida para todos, podem entrar. Meu marido saiu, mas quando ele chegar, pode lhes levar ao seu destino.
Disse ela com uma voz leve, porém, trêmula.
Quando entramos, paramos por alguns segundos, tempo o suficiente para entrar um inseto em minha boca.
- Sua casa.... É linda!
Falou Alex.
Os móveis, os quadros, o lustre, tudo em seu devido lugar. Ao contrário do que parecia ser apenas uma casa de fazenda, era uma casa de alto luxo por dentro.
- Isso tudo é seu?
Perguntou Naill para a idosa.
- Ora, um trabalho de anos deveria ter resultado em algo, não acham?



Os Poderes: A vingança de MormothOnde histórias criam vida. Descubra agora