Capítulo 15

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Estava agora sentada no sofá da sala, enquanto o Jamie tratava de limpar aquela coisa da entrada. Enquanto esperava que ele acabasse, tentava esquecer o sangue a escorrer do pescoço do pobre coelho desformado sem motivo aparente de ser morto e colocado à frente da porta de casa. Agora começava a levar a sério as supostas ameaças que me têm vindo a ser feitas. Não sei quem nem porquê, mas aquilo não foi parar ali por acaso.

Assusto-me com o toque de Jamie no meu ombro esquerdo.

- Já limpei aquilo. – Ele diz-me e senta-se ao meu lado. – Mais calma?

Acenei afirmativamente com a cabeça. – Obrigada.

- Parecia ter sido cortado por uma... - Ele hesita, talvez com receio de me assustar mais do que eu já estava. – Motosserra.

Aquelas palavras provocavam-me arrepios. Como é que alguém teve coragem para tal ato desumano? E com que objetivo? Assustar-me? Provocar-me náuseas? É que se foi isso, conseguiram, apetece-me vomitar cada vez que me lembro daquela imagem.

Não digo nada e ele continua. – Tens alguma ideia do porquê?

Abano a cabeça negativamente e deixo cair a cara nas minhas mãos. – Eu não sei. – Suspiro e tiro as mão da cara, olhando para a frente para nada em especial. – Ultimamente, têm me acontecido coisas estranhas...

- Estás a falar da boneca? – Ele pergunta-me, olhando para mim, contudo, eu continuo a olhar para um ponto qualquer, com a cabeça apoiada nos meus pulsos e os cotovelos nas minhas coxas.

- Da boneca, do corte, disto, do desmaio...

- O desmaio? Não disseste que tinha sido uma quebra de tensão?

Bolas falei de mais, eu não tinha certezas de que o desmaio fora propositado e estas coisas todas já estavam a juntar peças a mais.

- Sim, claro que foi, eu disse desmaio? – Tento remediar o que disse.

- Sim, disseste.

- Pois, mas não...não tem nada a ver. – Ele franziu o sobrolho, desconfiado e eu levantei-me e despachei-me a mudar de assunto. – Esquecemos isto, se calhar nem é nada do que estou a pensar...vamos arrumar as coisas lá em cima, hoje já não estou mais para o trabalho de história.

Dirigi-me à escadaria antes que ele pudesse falar algo.

- Não me vou esquecer desde assunto. – Ele diz levantando-se também e eu suspiro alto sem olhar para trás.

Subimos os dois até ao quarto, novamente.

- Pensando bem... - Digo antes de começar a arrumar. – Acho que ainda fazíamos mais um pouco, ainda nem são 17h.

- Por mim, tudo bem.

- Mas... - Realço esta palavra e sorrio. - Primeiro vamos lanchar.

Ele ri-se. – Aceito.

Descemos para a cozinha e preparamos um lanche, a meu ver, bem merecido.

- És tão diferente sem o teu mau feitio. – Comento enquanto abro o meu iogurte.

- Olha quem fala. – Ele diz a rir-se, enquanto abre o seu.

- Eu não tenho mau feitio. – Defendo-me.

Ele ri-se alto. – Claro que não. – E começa a beber o iogurte líquido que lhe dei, antes de dar uma trinca no pão com fiambre que preparamos para os dois.

Começo a levar uma colher de iogurte de morango à boca, quando ele começa a rir para si.

- O que foi? – Questiono a olhar para ele.

Jessica J.Onde histórias criam vida. Descubra agora