Capítulo 33

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Acordo. Tento perceber se o que tinha acontecido no dia anterior fora apenas um pesadelo, mas infelizmente não foi. A Lucy está ao meu lado, ainda a dormir, e eu tento mexer-me sem acordá-la. Começo por mover levemente os ombros e uma dor faz lembrar-me de que um deles está magoado. Sento-me na cama. Sinto o meu corpo pesado e a minha cara dorida.

- Jess!? - ouço a voz da Lucy.

- Sim!? - murmuro.

- Que horas são? - ela pergunta.

Eu verifico o meu telemóvel.

- Nove. - digo e levanto-me para ir à casa de banho.

Depois de fazer as minhas necessidades biológicas, paro em frente ao espelho para observar a minha cara. Estou com umas olheiras horríveis e tenho a bochecha um pouco negra. Verifico se a liga do ombro está bem posicionada, ao mesmo tempo que tento fazer alguns movimentos com ele.

- Como está o teu ombro? - a voz da Lucy ecoa na casa de banho e eu olho para ela, que está encostada à dobradiça da porta.

- Acho que está melhor. - digo. - Um pouco.

A minha prima aproxima-se de mim.

- Queres ajuda para disfarçar isso? - ela pergunta, referindo-se à minha cara.

- Por favor. - sorrio um pouco e ela fez o mesmo.

- Mas primeiro acho melhor irmos tomar o pequeno almoço. - ela diz.

- Talvez seja melhor, sim. - digo.

A Lucy coloca o seu braço à minha volta e descemos as duas até à cozinha. Confesso que estou com um pouco de fome.

- Bom dia! - os meus pais proferem e dão me um beijo, assim que entram na cozinha, poucos minutos depois de nós.

- Bom dia. - eu e a minha prima dizemos.

- Dormiste bem, querida? - A minha mãe pergunta-me.

- Nem por isso. - respondo, remexendo a colher na tigela de leite com cereais à minha frente.

- Como te sentes, hoje? - o meu pai dirige-se a mim.

- O ombro está um pouco melhor. - digo, levando uma colher do meu pequeno-almoço à boca.

Acho que esta não era a resposta que o meu pai queria ouvir. Ele provavelmente referia-se ao meu psicológico que, na verdade, não está melhor do que no dia anterior. Apesar disso, o meu pai não insistiu em perguntar-me outra vez e ainda bem.

- Pai, mãe. - chamo. - Há problema se for ter com o Jamie ao hospital?

- Não, querida, claro que não. - a minha mãe diz.

- Quer dizer... - o meu pai diz. - Haver até há, porque nós não temos como te levar.

- Não se preocupem. - a Lucy fala. - Eu levo-a.

Sorrio para a minha prima que, mais uma vez, demonstrou ser como uma irmã para mim.

- Ah, é verdade. - a minha prima diz, dirigindo-se aos meus pais. - A minha mãe teve de ir falar com uma cliente, pediu para avisá-los que vinha a tempo de fazer o almoço.

***

- Então? - digo, cumprimentando o Jamie com um beijo. - Como estás?

- Estou ótimo. - ele diz-me. - E tu?

Encolho os ombros, enquanto puxo uma cadeira para me sentar ao pé da maca do Jamie.

- Bem. - digo, apesar de não ser completamente verdade.

Jessica J.Onde histórias criam vida. Descubra agora