Capítulo 28

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"- Jessica estás ? Jessica??" - o Jamie falou e eu desperto.

- Sim...estou aqui. - profiro e prometo a mim própria que não me vai cair nem mais uma lágrima por causa do Dylan.

"- Tens de falar com os teus tios para irem à polícia..."

- Eu sei, eu vou falar. - digo, firmemente. - Obrigada pela ajuda, és fantástico.

"- Sempre que precisares." - ele diz. - "Ficas bem?"

- Sim, não te preocupes. - digo, tentando tranquilizá-lo. - Um beijo, adoro-te.

"- Também de adoro, até amanhã."

Desligo a chamada e respiro fundo antes de me dirigir à cozinha.

*Ponto de Vista do Jamie*

Deixo o telemóvel cair sobre a cama e levo as minhas mãos à cara, respirando fundo. É óbvio que ela não está bem. Aquele porco anda por aí à solta e eu acredito que seja ele quem esteja a tentar fazer-lhe mal. Quem me dera que isto fosse tudo uma grande coincidência e a Jessica não tivesse que passar por tudo isto...
Batem à porta e eu murmuro um "sim". É a Annie.

- Posso? - ela pergunta e eu aceno afirmativamente com a cabeça.

A minha irmã senta-se ao pé de mim, na cama.

- O que se passa? - ela fala. - Estavas estranho ao jantar... Correu mal a tarde com a Jess?

- Não. - digo. - Está tudo normal.

Vi-me obrigado a mentir à Annie. Eu adoro mesmo a minha irmã, mas não lhe posso contar nada do que se passou hoje, por muito que me custe.

- De certeza? - Era óbvio que a minha maninha não ia engolir.

- Eu e a Jessica estamos melhor do que nunca. - sorrio para ela.

Ela sorri também. - Fico feliz por vocês.

- Então e tu? - mudo de assunto. - Tens andado triste porquê?

- Eu?

- Sim tu. - digo. - Tens andado muito pensativa, mal sais do quarto... Aconteceu alguma coisa?

A Annie desviou o olhar que antes estava sobre os meus olhos. - Não aconteceu nada.

Eu sorrio. - Eu sei que aconteceu...eu conheço-te desde que nasceste.

Piada de gémeos. Ela sorri sempre com esta.

- A sério, está tudo ótimo comigo. - profere.

A minha irmã é aquela pessoa que não sabe mentir de todo. Consegue ser pior do que a Jessica quando tenta disfarçar algo. Mesmo sabendo que se passa algo com ela, não insisto mais. Eu sei que mais tarde ou mais cedo ela me vai contar. É sempre assim.

A Annie levanta-se. - Vou ler um bocado para o quarto. Boa noite, mano. - diz e dá-me um beijo antes de abandonar o meu quarto.

- Dorme bem. - digo-lhe e a porta fecha-se.

*Ponto de Vista da Annie*

Atravesso o corredor e entro no meu quarto, fechando a porta atrás de mim. Tenho de parar de pensar no que aconteceu, estou a dar mais importância a este assunto do que ele realmente tem.
Deito-me sobre a cama e pego no livro que estava em cima da mesinha cabeceira. Começo a folheá-lo e paro na pagina onde parei na última vez que o li. Inicio a leitura e tento concentrar-me, mas não consigo. Recuso-me a pensar noutra coisa e reinicio a leitura. Acabo por fechar o livro à terceira tentativa. Suspiro pesadamente e deixo-o cair sobre a cama. A verdade é que o Tom não me sai da cabeça desde o beijo que demos. Nós sempre fomos os melhores amigos, porque é que agora parece diferente? Não era suposto isto ter acontecido e muito menos estar a pensar tanto nisto. Será que ele também deu importância? O Tom sempre teve muitas miúdas caidinhas por ele e, apesar de ele não ter tido muitas namoradas, basta-lhe estalar os dedos para conseguir uma. No entanto, o Tom é daquele tipo de rapaz que dificilmente gosta a sério de uma rapariga, daí só ter tido um ou dois namoros a sério.
Quero parar de pensar nisto. Não imagino o Tom como meu namorado e não quero nem pensar em estragar o que há entre nós.
Preciso de falar com alguém sobre isto, se não rebento.

**Ponto de Vista da Jess**

Preparo-me para sair do quarto, quando dou de caras com a Lucy a subir as escadas. Pensando bem, acho melhor falar primeiro com a minha prima. Arrastei a Lucy de volta ao meu quarto e fi-la sentar-se ao pé de mim.

- Sim, aconteceu algo. - respondo mesmo antes de ela perguntar. - Lembras-te quando fomos fazer as compras de natal e me apanhaste a meio do caminho para casa?

- Sim, lembro. - ela diz.

- Lembras-te de te ter dito que tinha o pressentimento de que alguém me estava a seguir?

- Hum, hum. - ela assentiu.

- Bom, eu tinha razão. - digo. - Anda alguém a seguir-me e provavelmente é a mesma pessoa que me anda a fazer todas aquelas coisas estranhas. E eu acabei de descobrir um possível suspeito. Vai parecer estranho, mas por favor, não faças perguntas... - hesito um pouco. - O Dylan é o meu suspeito.

- O teu ex namorado? - a Lucy questiona.

- Sim... - engulo em seco.

Tenho a certeza de que a Lucy se conteve muito para não questionar mais nada e eu agradeço-lhe por isso.

- Queres que vá chamar os meus pais? - ela fala.

Eu olho para ela nos olhos e assinto.

Segundos depois, os meus tios já estão no meu quarto, prontos para ouvir o que eu tenho para dizer. Contei-lhes das minhas suspeitas, tal como fiz com a Lucy. No entanto, ocultei o meu passado com o Dylan. Não quero que saibam o que aconteceu e, no que depender de mim, o Jamie foi a última pessoa que ficou a saber do assunto. Acabei por dizer que ele não era quem eu pensava ser e que cometeu um crime, indo parar à prisão. Em parte, tudo o que eu disse era verdade, com a exceção do motivo de ele ter ido parar à prisão. Argumentei as minhas suspeitas, contando-lhes das perseguições e da foto que recebera.

- Não te estarás a precipitar? - o meu tio questiona-me.

- O Jamie ligou para a polícia e disseram que ele tinha saído em liberdade condicional. - explico. - Bate tudo certo, tio.

- Sendo assim, amanhã de manhã cedo vamos à esquadra contar as novidades. - o meu tio diz. - Temos de participar o quanto antes. E é importante que, daqui em diante, não andes sozinha, está bem?

Eu assinto.

- Não acredito que isto está a acontecer... - a minha tia suspira. - Querida, tu és da nossa responsabilidade e os teus pais confiaram em nós para cuidar de ti... Vamos ter de lhes contar o que está a acontecer.

- Tia, por favor... - peço.

- Jess, isto já está a ficar fora do controlo, os teus pais têm de saber. - a minha tia fala.

Eu desvio o olhar para baixo. Sinto-me culpada por estar a fazê-los passar por isto.

- Desculpem. - digo. - Eu não queria estar a colocar-vos nesta situação...a culpa é minha, desculpem.

- Jess, tu não tens culpa. - a Lucy fala.

- Claro que não, querida, que disparate. - a tia Susie profere. - Não tens absolutamente culpa nenhuma do que está a acontecer.

- Nós vamos resolver isto, não te preocupes. - o meu tio tranquiliza-me, colocando-me uma mão sobre o meu ombro.

- Obrigada...mesmo. - agradeço. - Eu vou falar com os meus pais, não se preocupem.

Jessica J.Onde histórias criam vida. Descubra agora