Capítulo 6

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*Ponto de vista do Bruce*

- Assim não dá, com este calor não consigo mesmo dormir...

Levantei-me da cama e vi as horas no meu telemóvel: 02:28h. Bufei, ainda era muito cedo e eu sabia que ia ser quase impossível adormecer de novo tão cedo. Decidi ir até a cozinha beber água para ver se aquele calor insuportável diminuía, pelo menos sabia que a cozinha era muito mais fresca que o quarto. Atravessei o corredor e desci as escadas. Ia entrar na cozinha mas parei. Era do sono ou havia luz na cozinha? Esfreguei os olhos para me certificar que não estava a ver coisas, mas a luz continuava ali. Quem estaria na cozinha aquela hora? Encolhi os ombros e entrei na cozinha para ver o que era. A porta do frigorífico estava aberta...mistério resolvido. Dirigi-me ao frigorífico para tirar de lá a água e acho que apanhei o maior susto da minha vida.

- Jess! – Baixei-me assim que percebi que a minha prima estava deitada no chão. – Jess, acorda por favor. – Dei-lhe leves chapadinhas na face mas ela não estava a reagir e eu estava a ficar em pânico. – Pai! – Gritei. – Mãe, Lucy ajudem por favor. Paaaii...

Finalmente vi uma pequena luz pela porta da cozinha e, poucos segundos depois, ouvi passos apressados a descer as escadas. Senti um alívio quando vi o meu pai aparecer à porta da cozinha e, logo a seguir, a minha mãe e a minha irmã.

- Bruce, o que foi? – O meu pai perguntou-me isso de forma muito preocupada.

- O que se passa? – A minha irmã e a minha mãe estavam igualmente preocupadas.

- Pai, a Jess... - Eu estava demasiado nervoso para falar e já tinha uma lágrima quase a cair do olho esquerdo. Eu adorava a minha prima e não queria mesmo perdê-la.

Os três correram para mim assim que perceberam o que eu queria dizer e que a minha prima estava deitada nos meus braços.

***

*Ponto de vista da Lucy*

- Esta espera está-me a matar... - Bufei. Eu e o Bruce já estávamos a espera que o meu pai desse notícias há duas horas e já me doía o traseiro de estar sentada naquelas cadeiras duras do hospital. O Ben tinha acordado com o barulho da ambulância e ficou com a minha mãe que estava muito preocupada.

- Como é que ela estará? – O meu irmão virou a cabeça para mim.

Abracei-o. – Ela vai ficar bem, não te preocupes.

- Que horas são?

Peguei no meu telemóvel e vi as horas. – São quase 05h!

Ele bufou. – O pai também nunca mais diz nada...

- Devias ter ficado em casa, daqui a pouco tens aulas e não devias faltar já no segundo dia.

- Olha quem fala. Que eu saiba também tens aulas daqui a nada e também é o teu segundo dia.

Sobressaltei-me assim que avistei o meu pai a aproximar-se de nós. Eu e o meu irmão levantamo-nos repentinamente.

- Então? – Perguntamos em coro.

O meu pai sorriu. – Ela está bem!

O nosso humor mudou de imediato e sorrimos, alegres.

O meu pai continuou. – Mas agora ela está a dormir. Fazemos assim: vocês vão para casa descansar para tentarem ir a escola hoje, nem que faltem só à primeira aula e depois das aulas vocês logo a vêm em casa ok?

- Mas o que é que ela tem? – Perguntei.

- Em casa explico-vos tudo. – Eu odiava quando o meu pai fazia o papel de ''o médico não pode dizer já''.

- Oh pai, mas eu quero ver a Jess. Quanto tempo é que ela vai ficar aqui? – Foi o Bruce que questionou.

- Quando vocês chegarem da escola ela já deve estar em casa, não se preocupem.

Nem eu nem o Bruce estávamos a gostar da ideia, mas decidimos não contrariar. Despedimo-nos do meu pai e eu levei o meu irmão para casa no meu carro.

Estava estafada. Depois de ter acalmado a minha mãe deitei-me no meu colchão fofo e adormeci de imediato.

- Bip bip bip bip bip bip... - Desliguei o despertador irritada. Estava cheia de sono e não me apetecia MESMO ir à primeira aula.

Decidi, por fim, descer para ver se encontrava a minha mãe. Tive sorte, ela estava na cozinha.

- Bom dia, mãe! – Cumprimentei-a com um beijo.

- Bom dia, filha! O pai ligou e disse que à tarde a Jess já tinha alta.

- Boa boa! – Eu bocejei.

- Olha, querida, vai-te deitar. O Bruce e o Ben ainda estão a dormir, eu desliguei-lhes o despertador. Podem ir mais tarde.

- É, acho que é melhor, se não ainda adormeço na aula.

A minha mãe riu-se.

- Mas acho que antes de voltar para cima vou comer qualquer coisa porque estou esfomeada.

- Claro, filha, senta-te aí que eu vou preparar-te umas torradinhas.

Ia a subir as escadas para voltar para o meu quarto e voltar a deitar-me na minha gloriosa cama, quando:

- Triiiiiiimm! – Tocou a campainha.

Quem será a esta hora? – Mãe, eu abro!

Voltei para trás e peguei no telefone da entrada. – Sim!?

- Jess!? – Falou a voz do outro lado.

- Não, é a Lucy. Quem fala?

- Ah Lucy, é o Tom.

- Ah, entra. – Cliquei no botão de abrir o portão.

Abri a porta e vi o Tom aproximar-se. Eu e o Tom éramos amigos no colégio, mas desde aí nunca mais nos falamos.

- Então, estás boa? – Ele cumprimentou-me com ''dois beijinhos''.

- Sim e tu?

- Também, mas olha a Jess? Combinamos ontem que a vinha buscar agora para irmos para o colégio.

- Com que então tu conheces a minha prima, é?

Ele riu-se. – É, somos da mesma turma.

- Pois, mas é que... - Acho que o Tom percebeu a minha mudança de cara.

- Mas é que...?

- Tom, a Jess ontem a noite desmaiou e foi parar ao hospital.

- O quêê? – O Tom arregalou os olhos surpreendido e preocupado ao mesmo tempo.

Jessica J.Onde histórias criam vida. Descubra agora