Capítulo 29

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Acordo mais cedo do que é normal, para ir à esquadra com o meu tio antes das aulas. Tomo um duche e visto a farda do colégio. Antes de sair do quarto, mando uma mensagem ao Tom a explicar-lhe o porquê de não ir com ele para o colégio. Mando também uma mensagem ao Jamie e desço até à cozinha. Ao contrário do que é habitual, quando entro na cozinha encontro apenas os meus tios a tomarem o pequeno almoço.

- Bom dia. - digo-lhes e eles retribuem.

- Já estás pronta? - o meu tio pergunta-me.

- Vou só comer qualquer coisa e depois já podemos sair. - afirmo.

Entrei no carro do meu tio e esperei que ele arrancasse.

Chegamos à esquadra. Aquele lugar estava a ficar-me estranhamente familiar. Entramos e esperamos até entrar num gabinete. O meu tio referiu que já tinha participado o caso e rapidamente o agente se contextualizou. Contamos da minha suspeita e entregamos a fotografia que me fora enviada por correio, para o caso de servir como uma pista/prova.

- Então estás a dizer-me que o teu ex namorado esteve preso e saiu em liberdade condicional há umas semanas, certo? - o agente questiona-me e eu assinto. - Podes dar-me o nome dele para eu poder confirmar isso.

Assenti e proferi o nome do Dylan. Observo o agente a teclar no computador e, após uns minutos de espera, reparei que tinha encontrado a informação pretendida.

- Confirma-se. - o agente falou. - Saiu há cerca de três semanas.

O meu tio olha para mim antes de falar para o agente.

- Então é possível que seja ele quem anda a fazer todas aquelas ameaças à minha sobrinha?

- É uma forte coincidência sim, mas pelo que me contaram as ameaças começaram muito antes de ele sair. - o agente diz.

Aí está uma coisa que eu não tinha tido em conta. Realmente as ameaças começaram antes de ele sair da prisão. Acho que voltei à estaca zero agora.

- Mas como é que te lembraste que ele podia ser um suspeito? - o agente pergunta-me. - Há algum motivo em especial que te levasse a pensar isso?

Não sei o que lhe responder. O meu tio não sabe de nada e eu não tenciono contar-lhe.

- Ahh... - tento falar mas as palavras não me saem.

Sinto dois pares de olhos postos em mim e a pressão aumenta exponencialmente.

- Jessica? - o meu tio insiste.

Observo o agente a ler alguma coisa no computador e a expressão dele muda quando volta a olhar para mim.

- Jessica, importaste que eu fale a sós com o teu tio? - o agente fala.

- Claro que não. - digo, levantando-me. - Com licença.

Saio do gabinete e sento-me numa das cadeiras vazias do corredor. Suspiro e levo as mãos à cara. De certeza que o agente leu o relatório do caso, o motivo do Dylan ter sido preso. E foi como somar um mais um, é óbvio que ele juntou as peças e completou o puzzle.

Espero cerca de dez minutos até a porta do gabinete se abrir. O meu tio despede-se do agente e sigo-o até ao carro em silêncio. Dentro do carro, o meu tio suspira e eu sei que ele se está a preparar para falar.

- Eu entendo o motivo de nunca nos teres contado... - o tio Arthur afirma e eu tive a certeza de que o agente lhe contou.

Queria dizer algo, mas não consiga soltar as palavras certas para lhe responder, por isso, permaneci em silêncio.

Jessica J.Onde histórias criam vida. Descubra agora