Os raios de sol invadiram a sala e eu despertei. Quem diria que depois da tempestade de ontem estaria um sol destes. A Jessica ainda dorme nos meus braços, finalmente, tranquila. Depois do que aconteceu, passou o resto da noite a estremecer-se e a remecher-se sobre os meus braços. É óbvio que estava assustada, pudera. Ouvi alguém descer as escadas e olhei por cima do sofá.
- Hey - A Lucy sussurrou-me, aproximando-se.
- Bom dia. - disse num tom baixo.
- Como passaram a noite? - perguntou.
- Não dormimos lá muito bem... - olhei para a Jessica que ainda dormia, angelical.
- Imagino que não. - a Lucy disse-me, remexedo em algo que tinha na mão. - Encontrei isto lá em cima, no chão.
A Lucy mostra-me uma chave e eu espero que ela continue a falar.
- É a chave da porta das traseiras. - disse-me num tom um pouco sério.
- Achas que...
- Sim, acho que foi a mesma chave que usaram para entrar aqui durante a noite. - completou. - Por isso é que o alarme não tocou.
Eu elevei as sobrancelhas, arqueando um pouco a testa. Como seria possível alguém possuir a chave?
Senti a Jessica remexer-se sobre os meus braços, sinal evidente de que estava a acordar.**Ponto de Vista da Jess**
Acordei com o que me pareceram vozes. Comecei por mexer-me um pouco, lembrando-me de que estava, confortavelmente, sob os braços do Jamie. Recordei o que acontecera durante a noite e relembrei a péssima noite mal dormida que passei. Lembro-me de ter pequenos pesadelos sempre que fechava os olhos e de apertar a mão do Jamie algumas vezes. Abri os olhos devagar e voltei-me lentamente para o Jamie.
- Bom dia. - disse-me, plantando-me um beijo na testa.
- Bom dia. - retribui antes de levantar o olhar e ver a minha prima.
- Hey, Lucy. - saudei, ajeitando-me no sofá.
- Hey. - a minha prima parecia pensativa.
O Jamie e a Lucy olharam para mim de forma séria antes de falarem.
- A Lucy encontrou uma coisa lá em cima. - o Jamie falou.
- O quê? - perguntei já um pouco assutada.
Com tudo o que tem acontecido, não me parece que viessem aí boas notícias.
A Lucy levantou uma chave que me era familiar. - A chave das traseiras estava no chão.
Eu engoli em seco. Era simplesmente assustador saber que a pessoa que me queria mandar para os cuidados intensivos tinha como entrar em minha casa.
***
Depois do almoço, resolvi levar o Jamie a casa, a pé. O dia estava completamente o oposto ao anterior, bem, menos o frio. O sol estava radiante, mas o frio sobressaía lá fora.
- Podes me explicar o que se anda a passar? - o Jamie questionou-me enquanto caminhavamos.
- Como assim? - eu tinha percebido, mas não queria responder.
- Tu sabes do que falo...tudo isto que te tem acontecido. - sentia os olhos dele postos em mim.
Engoli em seco. Conto-lhe? Não conto?
- Podes confiar em mim. - ele falou.
Porque não? - pensei.
- Está bem... - suspirei. - Isto vai parecer mesmo muito estranho, mas eu acho que alguém me quer...assustar. Na verdade eu ainda não percebi muito bem o que se anda a passar, só sei que... - olhei para a sua expressão, atenta e confusa, por isso, decidi apenas contar-lhe o que se passou. - Tudo começou no primeiro dia que fomos à praia, no início das aulas. Lembraste? Quando a minha mochila desapareceu... - ele assentiu e eu continuei. Nós ainda caminhavamos. - Acontece que a mochila voltou a aparecer, mas o estranho é que não tinha desaparecido absolutamente nada. No dia seguinte eu desmaiei e, mais tarde, descobriu-se que foi um veneno qualquer que ingeri e que não morri por sorte mesmo. - O Jamie olhava para mim cada vez mais confuso e surpreso. - E há pouco tempo descobriram que a tal sustância estava na garrafa de água que estava dentro da tal mochila...
- Espera... - ele interrompeu, tentanto assimilar tudo o que tinha ouvido. - Então quer dizer que alguém te roubou a mochila para colocar a substância na garrafa?
- Não sei... - olho para o chão, fitando-o. - Não faço ideia e é isso que gostava de descobrir.
Ele fitou também o chão, talvez a pensar numa resposta para me dar.
- Mas há mais coisas estranhas a acontecerem-me... - disse-lhe e senti-o virar-se para mim. - Aquilo da boneca do meu cacifo, o animal morto...
- A droga na mochila, o candeeiro... - ele completou.
-Sim... - interrompi. - Acho que foram a mesma pessoa...
O Jamie permanece em silêncio durante uns segundos. De onde estavamos, já se avistava a sua casa.
- Não sei o que te diga...não tens ideia de quem possa querer assustar-te ou fazer-te mal mesmo? É que uma coisa é uma boneca e um animal, outra é tentarem matar-te, Jessica.
- Eu sei disso. - disse num tom um pouco desesperado. - E o meu tio e eu já fomos à polícia, mas eu não faço mesmo ideia de quem me odeie assim tanto.
Paramos os dois em frente à casa do Jamie, que me abraçou.
- Desculpa, não queria ser indelicado.
- Falou, enquanto me envolvia nos seus braços. - Sei que estás assustada com tudo isto...
Eu permaneci em silêncio, deliciando-me com o seu conforto.
- E eu estou aqui para ti...não estás sozinha nisto. - tranquiliza, dando-me um beijo na testa, por fim.
Pensei em dizer "obrigado", mas em vez disso decidi plantar-lhe um beijo nos lábios.
- Vou indo para casa... - disse. - Vou com a Lucy fazer compras de Natal.
- Não seria melhor não andares por aí sozinha? - questionou-me.
- Acho que não deve haver problema, não vamos exagerar... - tentei descontrair o ambiente, rindo-me um pouco.
- De qualquer das formas, por favor, liga-me assim que estiveres em casa, sim?
- Não te preocupes. - sorri-lhe e dei-lhe mais um beijo. - Manda um beijinho à Annie.
O Jamie sorriu-me e eu retornei o caminho para minha casa.
Deixara o Jamie em casa há cerca de 10 minutos. Significava que ia mais ou menos a meio do caminho. O ar gelado a bater-me na cara estava a congelar-me o nariz. Por outro lado, o sol incidente na mesma sabia maravilhosamente bem. Observava os diferentes enfeites de Natal pelas varandas dos prédios e os alpendres das casas. Realmente, dava um ar bastante agradável àquelas ruas desertas.
Provavelmente era impressão minha, mas tinha quase a certeza que estava a ser observada desde que saíra da rua do Jamie. É daquelas sensações que se têm e que raramente falham. Primeiro pensei que era paranóia minha, mas a presença de alguém a observar-me era nítida. Olhei para trás pela milésima vez, mas nada, ninguém. Acelarei o passo um pouco mais, na esperança de conseguir chegar o mais rápido possível a casa.
Ouvi um apito de um carro pero de mim, o que me fez pular de susto. Olhei para o carro e relaxei ao ver a Lucy.- Entra. - ela diz sorridente.
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Desculpem a quantidade exagerada de tempo que demorei a publicar outro capítulo. Andei uns tempos sem inspiração, mas ao que parece ela está a voltar aos poucos. XD
Obrigada por lerem e espero que tenham gostado, deixem o vosso voto e a vossa marca com um comentário.
Até à próxima!!!
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Jessica J.
Mistério / SuspenseEra suposto ser um ano divertido na nova escola...era suposto arranjar novos amigos e estudar para manter a média...era suposto ter os normais problemas de adolescência... Mas então porquê tanto mistério?