Capítulo 24

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Entrei no carro e suspirei de alívio assim que a minha prima arrancou. Ainda tive a curiosidade de olhar para trás para ver se via alguém, mas não vi.

- Então? - a Lucy falou e eu olhei para ela. - O que se passa?

Hesitei. - Acho que alguém me estava a seguir...

- Como é que sabes? - perguntou-me com os olhos postos na estrada.

- Não sei, tinha a sensação que alguém me estava a observar.

- Eu acho que à conta destas histórias todas, tu já vês coisas onde elas não estão...

- Talvez seja isso... - disse, ainda pensativa.

Decidi mandar uma mensagem ao Jamie:

«A minha prima apareceu a meio do caminho e deu-me boleia. Não te preocupes porque está tudo bem, vamos agora às compras. Logo à noite ligo-te, um beijo.»

Coloquei o telemóvel dentro da mala e concentrei-me na música que ecoava dentro do carro.

*Três semanas depois*

O Natal foi incrível. Estive com os meus pais e divertimo-nos tanto... Estava com imensas saudades e confesso que me caiu uma lágrima quando os vi partir de novo, ontem. A passagem de ano também não podia ter corrido melhor, consegui estar com a minha familia e com os meus amigos, a seguir, incluindo o Jamie. Eu e o Jamie estavamos melhor do que nunca. Eu jamais imaginara algo tão bonito com ele e esta nossa relação parecia mais um sonho do que outra coisa, ele estava a tornar-se - e posso dizê-lo - o amor da minha vida.
Hoje é terça feira e é o primeiro dia de aulas do novo ano e eu já não estava habituada a levantar-me tão cedo, ainda mais depois das lindas horas que me deitei ontem, depois de ter levado os meus pais ao aeroporto.

Cheguei à escola com o Tom e entramos no edifício, pois, ao contrário do lado de fora, estava muito mais quentinho. Caminhamos até à zona da sala de convívio, onde a Annie e o Jamie estavam.

- Bom dia, pequena. - O Jamie sauda-me, dando-me um beijo na testa.

- Bom dia! - acabo por lhe dar um beijo nos lábios.

- É tão estranho ver-vos tão queridos numa manhã... - o Tom goza, ao mesmo tempo que se enta no sofá. - Não têm noção, a sério.

- Éramos assim tão insuportáveis? - perguntei, sorrindo, com o braço do Jamie a rodear-me os ombros.

A Annie e o Tom forçam uma tosse, misturada com pequenas gargalhadas.

- Só um pouquinho... - a Annie disse, sarcasticamente.

Nós rimos com eles. A Mia e o Sam chegaram poucos minutos depois e eu estranhei a Mackenzie ainda não ter chegado. Como será que correu o seu Natal e a sua passagem de ano? Ela fora passá-los a casa e desde então não estivera mais com ela, apenas falamos por telemóvel algumas vezes. Acho estranho ela ainda não ter chegado, quando costuma sempre chegar super cedo.

O toque de entrada deu e nós dirigimo-nos para a sala de aula. Entramos na sala e sentamo-nos nos nossos lugares habituais. O professor ainda não tinha chegado, quado vejo a Mack entrar pela porta da sala.

- Bom dia. - ela disse, com a respiração acelerada.

Murmuramos um "bom dia".

- O despertador não tocou... - disse-me, descansando junto à minha mesa. - Ontem cheguei super tarde a casa.

- Eu também, fui levar os meus pais ao aeroporto.

- Pois é, como é que eles estão?

- Super contentes com a viagem. Já conseguiram parcerias para a empresa e tudo.

- Mas a viagem é de trabalho?

- Não, mas já sabes como eles são... - dei uma gargalhada e a Mack também. - E tu? Como está o teu pai?

A Mackenzie encolhe os ombros. - O costume. Trabalho e mais trabalho.

Conseguia ver uma pontada de tristeza no seu olhar. O pai da Mack sempre foi muito ligado ao trabalho e ao dinheiro e a Mack sentia falta dele, muitas vezes. A sua mãe morrera quando ela tinha uns seis anos. Acidente de carro, segundo o que me contara. Era triste a sua história, na verdade.

- Mas estive com o pessoal da nossa antiga escola. - ela diz alegremente. - Estão todos cheios de saudade tuas.

- Ohh, que saudades que eu tenho deles também. - disse, com um grande sorriso.

O professor entrou na sala e a Mackenzie foi se sentar no seu respetivo lugar. E a aula começou.

***

Chegou a hora do almoço, ou seja, final das aulas por hoje. Depedi-me dos meus amigos e do Jamie e caminhei em direção à minha casa, com o Tom.

- Estás mesmo contente, não estás? - o Tom fala, apanhando-me desprevenida.

- Com o quê?

- Com a tua relação com o Jamie.

- Estou. - admito sorridente.

- Deves ser a primeira miúda para quem o Jamie olha... - ele dá uma gargalhada.

- A sério? - estava redondamente surpreendida. Como assim o Jamie nunca se interessou por alguém?

- Ele nunca quis nada sério com miúdas, acredita, tu és a primeira.

As palavras do Jamie fizeram-me sorrir, era bom saber que provocava tal efeito no Jamie.

- Então e tu? - dou-lhe uma cotovelada. - Como é que estás de amores?

Ia jurar que o Tom ficou atrapalhado, mas decidi esperar pela sua resposta antes de pensar algo.

- Bem, nada de novo. - ele diz.

- Mesmo? - desconfiei.

- Sabes como é... - ele riu. - Miúdas não me faltam, por isso, nada de novo.

Eu ri com ele, mesmo sabendo que ele estava a disfarçar. Decidi não fazer mais pergunta e deixá-lo acreditar que e deu a volta. Eu si que mais cedo ou mais tarde vou descobrir o que se passa.

Olhei para trás e parei subitamente, assim que ouvi um pequeno ramo partir-se, mas não vi ninguém.

- O que foi? - o Tom questiona-me confuso, parando e olhando também para trás.

- Não ouviste?

- O quê?

- Não tens a sensação de que estamos a ser observados?

Tinha esta sensação desde o dia em que levei o Jamie a casa. Não me acontecera mais nada de estranho desde então, mas continuava com a sensação que alguém me estava a seguir.

- Não. - o Tom nega.

Não disse nada e continuamos a caminhar. Alguém estava a seguir nos, eu tenho a certeza. Decido, então pegar no telemóvel e, fingindo que mexo nele, tentar, pelo reflexo no ecrã, perceber se alguem estava atrás de nós. Ideia de gênio, eu sei.
Ajeitei o telemóvel e parei quando vi um vulto a espreiar atrás de um dos enormes postes de eletricidade daquela rua.

- Tom... - sussurrei e falei num tom quase imperceptível. - Finge que vais ver algo que te vou mostrar no telemóvel e olha para o ecrã. - mostrei-lho, de modo a apontar para o poste. - Está ali alguém a espiar-nos e já não é a primeira que o faz, tenho a certeza.

O Tom olha para mim, confuso e preocupado ao mesmo tempo. Olhamos para trás, discretamente, e conseguimos distinguir o vulto atrás do poste, embora este se tivesse escondido mais.
O Tom começa a correr atrás dele e eu só vejo o que me pareceu um indivíduo do sexo masculino com um casaco preto e um capucho quase a tapar-lhe o rosto a fugir.

Jessica J.Onde histórias criam vida. Descubra agora