Cap. 1

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Ronnie

"Meus pensamentos são estrelas que não consigo organizar em constelações."

(Augustus Waters – A Culpa É Das Estrelas, John Green)


Todos têm uma história para contar, com início, meio e um almejo de fim. Eu porém, não tenho muita bagagem para apresentar, apenas tenho uma vida que nem sei ao certo por onde começou e nem mesmo sei se daqui para frente alguma coisa vai mudar. Posso ser considerada uma garota normal, simples, como qualquer outra por aí, mas é por trás da simplicidade que sempre  encontra-se algo bom e extraordinário. Mesmo que isso não vá descobrir a cura do câncer ou parar a poluição no planeta, ninguém é tão grande para chegar nesse ponto e nem tão pequeno que não possa tentar fazer a mínima diferença, como uma gota no oceano.

Felizes para sempre. É assim que todas as histórias terminam, é assim que eu gostaria que a minha terminasse, mas é impossível definir o quão grande é seu infinito ou quão infinito você pode ser.

Meu nome é Veronnica Horan, Ronnie. Eu sou adotada e tenho 17 anos. Moro com minha família em Dublin, Irlanda. Meus pais adotivos, Andrew e Natalie Horan, têm uma pequena floricultura ao lado da nossa casa que conta diariamente com uma pequena clientela local e alguns turistas que por aqui passeiam, com seus óculos escuros e diferentes sotaques.

Pouco sei sobre meu pais biológicos, mas juro que às vezes paro e penso como seria minha vida se nada disso tivesse acontecido. Não que eu esteja reclamando da vida que levo agora. Céus, tenho uma família incrível e que me adora (há não ser por algumas exceções), mas posso dizer que o sentimento de amor e gratidão é imenso e recíproco.

Acredito muito que na vida tudo tem um porquê, tudo tem uma explicação, às vezes por mais malucas que sejam as respostas nós necessitamos delas, por que necessitamos ter algo em que acreditar. Por isso o medo das pessoas, o medo de não saber o que são, ou o que querem ser, todas querem uma explicação e buscam todos os meio para obtê-las, porque nós somos sedentos por informação, para ter algo em que depositar nossa confiança. E se meus pais biológicos me abandonaram naquele orfanato de Indianópolis a dezessete anos atrás, vestida com vestidinho cor de rosa e com uma medalhinha de ouro em formato de coração, eu acredito fielmente que existe uma explicação, talvez eu não esteja pronta para recebê-la agora, mas quem sabe um dia tudo isso se resolva.

Sou uma pessoa muito impulsiva, de momentos e isso é quase admirável, quase . Quando digo que sou uma pessoa de momentos, de fases, não quero dizer que sou uma pessoa falsa ou necropulosa, mas sim que curto a vida, todos os momentos dela sem pensar no depois, isso me parece maravilhoso, porém nem tudo é assim, pensar nas consequências nunca foi umas das minhas características e infelizmente não sei quando isso vai mudar.

Sob a ótica de meus pais esse é um ponto preocupante e confesso no meu íntimo que eles têm razão. Pais sempre tem razão, é magnifico, mas às vezes todo esse conhecimento acaba sendo chato para uma jovem com um espírito tão liberto, mas eu juro que tento mudar, um dia ainda vou conseguir.

Sou aquele tipo de garota que vive idealizando o futuro, o casamento na praia, a cor da minha casa, o nome dos filhos.... Realmente acho que ainda vivo em um conto de fadas e é isso que no final me faz sofrer. Alguém que observa tudo de lá de cima (eu sei que tem alguém), deve me olhar e pensar "Tolinha, pobre fanática, quando será que irá acordar para vida?" A você, observador misterioso, eu digo "Tudo tem seu tempo, um dia vai dar certo".

Sinceramente, sou otimista demais, o problema é que lutar contra o tempo é uma batalha impossível, pode desistir, é Ele quem comanda não adianta espernear, e nós como meros mortais obedecemos à tudo, pois crescemos com essa ideia de que quem pode mais, chora menos, os fracos se submetem aos fortes, os ricos voam de avião em quando pobres andam a pé e isso me indigna, deve ser por isso que sou tão sonhadora, eu gosto de justiça, de igualdade. Ainda espero o dia em que todos serão irmãos, o que pode parecer meio velho e antiquado, mas bem que seria interessante. Enquanto isso, eu fico aqui divagando fechada em meu pequeno e confuso infinito.

Em busca da felicidadeWhere stories live. Discover now