Cap. 23

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Você com certeza já ouviu a velha história de que mentira tem perna curta...

Ronnie

"Nunca perca a oportunidade de dizer a verdade, pode ser difícil mas é o caminho certo."

Acordei no seguinte ainda com a chuva batendo no teto e o clima monótono lá fora, olhei a minha volta sem a mínima vontade de sair daquela cama enorme e macia e enfrentar um novo dia, eu ainda estava morrendo de sono e o cansaço me tomava por inteira devido a hora que fui dormir na noite passada mais o tempo que fiquei divagando sozinha até minha cabeça começava a latejar de tanta coisa que se passava nela. O primeiro pensamento que tive ao acordar foi meu reencontro com Clare, eu não sei se algum dia conseguiria chamá-la de mãe, não porque não gostasse dela, mas porque eu já tinha uma mãe a quem chamar. Lembrei- me de que hoje teria de ligar aos meus pais e contar as novidades, aposto que minha mãe ficaria chateada, mas foi ela mesmo quem pediu que eu ligasse assim que conhecesse Clare, e era isso que eu iria fazer até mesmo para tranquilizar a todos, ou pelo menos a maioria que estava preocupada comigo.

Hoje era domingo e como sempre minha família estaria reunida para o almoço. Mamãe, papai, Daniel, Hector e Susan, todos estariam lá menos eu, imagino se eles estariam preocupados, procurando informações e por um momento tenho certeza absoluta que sim. Desde que parti de Dublin pude ver que muitas pessoas se importam comigo, pelo menos é isso o que parece devida as inúmeras chamadas perdidas e mensagens de amigos, faziam dias que não entrava em redes sociais para ninguém me perseguir e me encher de perguntas mas decido que é melhor deixá-los tranquilizados.

Então, pego meu celular para conferir as horas e vejo que são pontualmente 9h da manhã em Nova York. Seriam 16h da tarde em Dublin e minha família deveria estar se preparando para tomar um café como sempre costumávamos fazer nas tardes de domingo. Pensar nisso me faz sentir saudades, o aroma de café quentinho, o sabor delicioso das iguarias de minha mãe, a conversa alta e as risadas, a cara de satisfação de Daniel ao comer as últimas migalhas do bolo de chocolate, o sorriso no rosto de meu pai, o leve balançar de cabeça de Susan, até o mau humor de Hec me alfinetam de saudades, invadindo meus pensamentos e fazendo lembrar que vim aqui com um objetivo e vou cumpri-lo nem que para isso eu perca o reencontro pós-formatura com meus colegas na quarta-feira, afinal isso não me interessa tanto quanto descobrir minha história, tenho certeza que se voltar para casa não terei mais como vir para cá novamente, tanto por ser longe quando por ser caro, e também não queria mais incomodar o Sr. Black com minha estadia por aqui.

Decido deixar isso para mais tarde e dormir mais um pouquinho torcendo para que o cansaço vá embora e eu acorde bem disposta, mas antes disso resolvo mandar uma mensagem para Susan, dizendo:

Oi, Susan

Só estou passando para avisar que estou bem e que conheci minha mãe biológica, estou gostando muito de NY.

P.S. Seu pai está bem.

Ligo mais tarde, aqui são 9h.

Um bjo :)

Eu sei que poderia enviar essa mensagem para outras pessoas, como meus pais, Bella ou Dan, mas resolvi mandar para minha cunhada pelo fato de eu confiar nela, não que eu não confiasse nos outros, mas simplesmente meu instinto me fez fazer isso e eu o segui, tenho certeza de que estou certa. Não esperei por um retorno dela, pois estava com muito sono ainda mas espero que todos possam se acalmar com a minha mensagem, e isso só saberei mais tarde quando conversar com eles.

Sinto um cheirinho vindo da cozinha que identifico como bolo de chocolate que Mary e Lucy devem estar preparando para o café e sorrio para mim mesma, lembrando que esta é a sobremesa favorita de Clare. Penso em mais tarde levar um pedaço para ela, mas acho que não é esse presente que ela espera de mim, e aposto que não era esse tipo de presentes que ela costumava receber. Mas pensando bem, os presentes podem ficar para depois, antes a verdade e depois o bolo. Ou os dois juntos e assim ela falaria o que sabe? Poderíamos ir a algum café, comer bolo de chocolate e então eu faria ela falar enquanto se deliciava com o bolo. É, boa ideia, só acho que não seria esperto o bastante, tenho que pensar em algo melhor. Quem sabe um chá verde?

Em busca da felicidadeWhere stories live. Discover now