Entre Batalhas

Rascunho XII

Após toda aquela discussão eu decidi ir até o quarto de Laila, no caminho esbarrei com Déniel.

- Ah me desculpe.
- Princesa Maira. - Ele disse fazendo uma reverência.

Eu ia continuar meu caminho quando ele segurou meu braço.

- O que é Déniel? - Eu disse olhando para onde sua mão estava.
- Eu só quero te dar meus parabéns, ou seria melhor meus pêsames? - Déniel disse com um sorriso irônico no rosto.

- Não me importa, não quero nada que venha de você. -Tentei puxar meus braços mas ele segurou mais forte.
- Como assim? Até uns dias atrás você queria muita coisa de mim, se esqueceu? - Ele disse rindo.
-Me solta Déniel está me machucando. - Eu disse tentando puxar meu braço.
- Tanto faz, eu não vou desistir de você.
- Qual é o seu problema? Há um dia atrás você estava me mandando ficar longe de você e agora está falando que não vai desistir de mim? Você quer o que?
- Quero que você fique comigo e não que se case com aquele príncipe. - Ele estava apertando meu braço cada vez mais forte.
- Déniel me solta, você não manda em minha vida, se eu vou casar ou não isso é problema meu e não seu.
- Engano seu meu bem, o problema também é meu, quando a pessoa que você ama sou eu e não o seu noivinho de quinta.
- E quem te disse isso? Você se acha de mais Déniel.
- Eu não preciso que ninguém me diga, eu sei. - Disse com um sorriso.
- Já chega Déniel, me larga. - Puxei meu braço.
- Tudo bem, até mais tarde.

Antes dele vim atrás de mim eu sai quase correndo em direção ao quarto de Laila, entrei sem bater.

- Ah Maira, está querendo me matar? - Laila disse com a mão no peito.
- O que está fazendo? - Eu disse me aproximando.
- Ah, eu estava pensando um pouco.
- Sobre o que?
- Sobre o que o papai fez, nunca imaginei que ele chegaria à esse ponto, te obrigar à casar com uma pessoa que mal conhece, eu sei que talvez é meio egoísta da minha parte mas assim que ele disse isso eu pensei em como eu irei sobreviver sem você aqui dentro, Ester irá me matar. - Ela disse com os olhos brilhando por conta das lágrimas.
- Calma Laila, você sabe que eu sempre estarei contigo, e eu não pretendo ficar muito tempo naquele lugar.
- Você irá se casar, uma guerra irá começar, você ficará lá para se proteger, não poderá voltar aqui, não enquanto essa guerra não terminar. - Ela já estava com lágrimas nos olhos.
- Laila, Laila, calma não há nada confirmado ainda, e não iremos pensar nesse casamento agora okay?.
- O que você está pretendendo fazer? Fugir?
- Não, nada disso, não concordo com esse casamento, mas também não irei me revoltar, não agora, irei fazer de tudo para ajudar meu povo. Agora se o príncipe desistir do casamento eu não poderei fazer nada. - Disse com um sorriso no rosto, Laila começou à gargalhar e então me abraçou.
- Você será muito feliz, eu tenho certeza.
- É, eu também espero.
- Mas agora temos que nos arrumar para aquele maravilhoso jantar que irá começar, antes que papai suba até aqui e nos arraste pelos cabelos lá para baixo. - Laila disse com um sorriso.

Então ela se levantou e correu para o seu guarda-roupa, se eu achava que tinha vários vestidos é porque nunca tinha visto o guarda-roupa de Laila, eu sabia que ela era apaixonada por vestidos, mas não ao ponto de ter tantos que nem cabiam nos cabides, alguns ainda estavam na sacola.
Olhei incrédula para ela.
-O que é? - Ela disse mexendo nos cabides.
- Pra que tantos vestidos?
- Eu gosto deles. - Disse dando de ombros.
- Mas não precisa de tantos.
- Sim preciso.

Dei de ombros e me sentei na cama dela.

- Só acho isso um exagero.

Ela pegou dois vestidos e jogou um pra mim.

- Tome, vista esse.
- Eu estou confortável com o meu.
- Vamos lá Maira. Venha me ajude a apertar meus espartilho.

Levantei e fui ajudar ela à fechar o bendito espartilho, após algum minutos de sofrimento ela estava pronta e só faltava eu.

- Já chega de me apertar Laila. - Eu disse quase sem fôlego.
-Só mais um pouquinho. - Laila disse me apertando mais.
- Não Laila chega, tá bom é sério.

Ela terminou de amarrar o espartilho e me levou até à frente do espelho.
- Você está linda Maira.
- Não sei pra que tudo isso, não quero impressionar ninguém.
- Largue de reclamar de tudo, por favor.

Revirei os olhos e abri um sorriso.

- Você também está linda Laila.
- Sabe, Gustavo está lá em baixo.
- Agora está explicado o porque de você ter se arrumado tanto.
- Não tem nada haver. - Ela disse corando.
- Oh não, imagina.
- Claro que não.

Eu comecei a rir, até que alguém bateu na porta, interrompendo minha risada.

- Sim? - Disse Laila me olhando com a cara fechada.

- Princesas, estão esperando vocês para servirem o almoço.
- Ah claro, já estamos descendo.

Laila deu uma última olhada no espelho e saiu me puxando pelo braço porta à fora.