Capítulo XIII

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Chegamos na sala de jantar e antes mesmo de chegarmos em nossas cadeiras, papai começou à falar.

- Estão atrasadas. - Disse gesticulando com as mãos, ele estava agitado demais, talvez porque deu a mão de sua filha para um desconhecido.
- Estávamos nos trocando, Maira estava indecisa sobre qual vestido vestir. - Disse Laila com um sorriso, eu que estava tomando um gole do meu suco engasguei e olhei feio para ela.
- Está bem? - Disse Rafael dando tapinhas em minhas costas.
- Estou ótima, pare de fazer isso agora. - Disse fria, tirando à mão dele do meu ombro.

Um silêncio desconfortável pairou sobre o ar, eu não queria deixar ninguém desconfortável, mas também não queria aquele garoto me tocando. Antes de tudo ficar ainda pior, meu pai resolveu falar.

- Antes de nos servimos queria propor um brinde aos mais novos noivos. - Disse levantando sua taça e todos os outros o seguindo, após esse brinde, os criados começaram à nos servir, eu estava faminta e assim que colocaram comida no meu prato eu comecei à comer, Rafael olhou de cara feia para minha comida.

- Você só come folha? - Ele disse de boca cheia.
- Você não tem educação? - Fiz uma careta pra ele.
- Pelo menos eu não passo fome. - Muito menos eu.
- Não é o que parece.
- Não tenho que provar nada para você.
- Tem sim, se esqueceu que você agora é minha noiva?
- Infelizmente não.
- Você parece uma criança. E não uma futura rainha.
- Ah claro você é o rei da maturidade não é? -Ele deu de ombros.

Assim que circulei os olhos pela sala, todos estavam tentando conter uma risada enquanto observavam a nossa pequena discussão.

- Eu me lembro de quando me casei com Amber, era à mesma coisa. - Disse o rei Harry com um sorriso nos lábios e os olhos brilhando.
- Suponho que vocês não estejam mais casados não? - Disse enquanto tomava um gole do meu suco.
- Oh, não, não. Somos casados até hoje, eu me casei com ela quando tinha a idade de Rafael. Parecíamos vocês dois, implicavamos um com o outro a cada hora, mas com o tempo isso mudou e hoje temos três filhos. - Disse isso e me deu uma piscadela.
- Isso não acontecerá, pode ter certeza. - Disse sorrindo.
- Veremos. - Disse Harry com um gigantesco sorriso no rosto.

O restante do jantar ocorreu em silêncio. Assim que terminei pedi licença e fui para o meu quarto.

- Está tudo bem? - Disse Harry, enquanto eu me retirava da mesa.
- Sim, só um pouco de dor de cabeça.

Saí da sala de jantar e fui direto para o meu quarto.
Entrei no meu quarto e fui para o banheiro, tomei um banho demorado, tentando organizar os meus pensamentos, eu iria me casar, uma guerra ia começar, minha família estava correndo risco de morte, Excalibur estava passando por uma crise, a população não queria que eu fosse à nova rainha, tudo estava ficando mal. Muito mal.
Eu estava acabada, parecia que meu corpo tinha sido pisoteado.
Saí do banho, fui até o guarda roupa e peguei uma camisola fina, me enfiei em baixo das cobertas e estava prestes à dormir quando alguém bateu em minha porta.

- Posso entrar? - Ouvi a voz de Rafael lá fora.
- Não. - Eu disse fazendo uma careta.
- Bom, vou entrar do mesmo jeito.
- Não, não vai.

E então ele entrou, e eu me sentei na cama rapidamente.

- Eu falei para não entrar.
- Eu disse que ia entrar. - Disse se sentando em minha cama.
- Saia da minha cama e o que você quer aqui?
- Ei calma, essa cama também é minha, e eu vim tomar um banho para dormir.
- Oi? Você tá pensando que vai dormir aqui? - Eu disse rindo, se ele estava achando que iria dormir na mesma cama que a minha, ele estava realmente enganado.
- Eu não estou pensando, eu vou. Onde fica o banheiro?
- Você não vai dormir aqui.
- Da pra parar? Se você não quer, imagina eu. Só estou aqui por que fui obrigado. Não faço à mínima questão de dormir com você. Agora dá pra me falar onde fica o banheiro? - Suspirei.
- Naquela porta. - Disse apontando para uma porta ao lado da minha escrivaninha.
- Muito obrigada, princesa. - Ele disse e antes de sair fez uma reverência.

Me levantei da cama e puxei uma das minhas cobertas e coloquei no chão, joguei também um travesseiro. Estava quase dormindo quando Rafael saí do banheiro.

- O que que é isso? - Ele disse apontando para à cama improvisada que eu fiz pra ele.
- Sua cama? - Eu disse como se aquilo fosse óbvio.
- Eu não vou dormir aqui.
- Vai sim. - Eu disse me deitando e virando de costas para ele. Pensei que ele ia continuar reclamando, mas uns minutos depois eu sinto um peso sobre à cama, abro um dos olhos e vejo Rafael se deitando.

- O que você pensa que tá fazendo?
- Me deitando. - Ele disse apontando para à cama.
- Não, você deita no chão.
- Eu não, deita você. Aquilo está duro e frio.
- Eu pego mais cobertas pra você.
- Não, eu vou deitar aqui. E pode ir se acostumando vai ser assim durante um bom tempo.

Bufei.

- Tudo bem, mas se você chegar perto de mim, fica sem às mãos.
- Tanto faz.

Puxei o travesseiro dele e coloquei no meio da cama.

- O que está fazendo?
- Só pra ter certeza de que você não vai chegar perto de mim.

Ele riu e eu me virei de costas para ele.

- Boa noite Maira.
- Boa noite Rafael.

Eu fechei os olhos e dormi.

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Entre BatalhasWhere stories live. Discover now