Capitulo XVI

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***Laila ***

O café da manhã tinha sido turbulento, tudo bem que eu estava acostumada à pequenas discussões matinais, Maira e Ester geralmente escolhiam esse horário para trocarem farpas, mas nunca achei que Ester faria todo esse escândalo por causa de uma visita, principalmente na frente da visita. Maira sempre diz: " Ester é capaz de tudo, não se surpreenda, ela é terrível."
Mas não pensei que fosse terrível à esse ponto, tudo bem, Ester já fez coisas pior, como quando ela rasgou o vestido que minha mãe tinha me dado, só porque ela mandou eu buscar os seus sapatos e eu recusei, ou quando ela trancou eu e Maira em nossos quartos porque eu e ela começamos a fazer uma guerra de comida.
Tudo bem aquele comportamento era de se esperar isso de Ester. Claro que eu não deixei de ficar chateada com isso, após toda à discussão nós terminamos o café da manhã em silêncio e eu me retirei chamando Gustavo para ir comigo, com à desculpa de lhe apresentar o castelo.
Puxei ele pelo braço, indo em direção à saída do castelo.

- Para onde vamos? - Ele disse quando passamos pelas portas do castelo e um guarda veio logo atrás de nós, qual eu dispensei com um aceno de mãos.
- Jardins. O melhor lugar para ficar nesse castelo. - Eu disse com um sorriso.
- Pensei que você gostasse da biblioteca.
- Sim, mas lá você não pode ficar completamente sozinho, toda hora entra e saí alguém, e além do mais os seguranças ficam lá, entre uma prateleira e outra você acaba esbarrando em um deles.
- Então você gosta de ficar sozinha?
- Às vezes é bom, poder organizar os pensamentos, respirar um ar puro, sair de toda aquela pressão, é bom porque aqui eu não preciso ser à princesa Laila, eu só preciso ser à Laila. - Assim que terminei de falar a gente já tinha entrado no jardim, caminhei até à ponte que tinha no jardim, em baixo dela um pequeno riacho corria com suas águas cristalinas, atravessei à ponte, eu gostava mais do lado de lá, o jardim do castelo era lindo, eu não podia negar, mas depois da ponte, era fantástico, as flores tinham mais cores, a grama mais vida, lá tudo era mais colorido e mais vivo. Olhei para Gustavo e ele estava com a boca em formato de "o".
- Aqui é tão... - Ele não terminou a frase, os olhos dele brilhavam enquanto circulava todo o local.
- Fantástico, eu sei. - Disse sorrindo enquanto me sentava na grama e apoiava às costas em um tronco de árvore, Gustavo fez o mesmo e se sentou ao meu lado.
- Porque aqui é tão diferente do outro lado? - Disse apontando para a direção da ponte.
- Eu não sei, talvez porque ninguém realmente se importe com aqui, as pessoas vão na ponte olham para o lado e só vêem árvores grossas e escuridão, então pensam, porque eu iria cuidar do lado de lá? Ninguém visitaria mesmo, dá de ombros e vão embora, ninguém se importa com o lado de cá, acham que aqui é só uma floresta escura, mas aqui é tão mágico que não parece que estamos dentro de Excalibur, dentro dos terrenos do castelo.
- E como você descobriu esse lugar?
- Bem, na verdade não foi eu que descobri esse lugar, foi a Maira, eu tinha muito medo de entrar aqui, só que num dia a gente brincando no jardim, ela se escondeu aqui, passei uns bons minutos caçando ela, até que ela apareceu e me arrastou até aqui, achei que iríamos ficar perdidas, mas ela disse pra mim confiar nela, então eu abri os olhos e vi esse lugar, achei tão mágico, aqui não é como o jardim do reino, o jardim daqui é cuidado pelas fadas, e não pelos homens. Aqui é tudo realmente da natureza, nada é do homem.
- E porque o jardim de lá também não são cuidado por fadas? - Ele disse enquanto passava os dedos nas pétalas de uma rosa.
- Ester fala que essas fadinhas são inconvenientes e nojentas, então papai proibiu que elas cuidassem do nosso jardim, mas as vezes a gente vê uma ou outra passeando pelo castelo.
- Você já mostrou isso aqui pra mais alguém? - Ele disse apontando em volta.
- Não, só eu e Maira sabemos desse lugar, e bem talvez Déniel, Maira costumava trazer ele aqui, às vezes, mas geralmente viemos aqui sozinhas, assim podemos largar a coroa de lado e ser apenas nós mesmos.
- E quem é você mesma?
- Uma garota que queria ter uma vida normal, talvez. - Dei de ombros.
- Está falando que não gosta de ser uma princesa?
- Não, não que eu esteja reclamando da vida que eu tenho, eu sei dá sorte que tenho, mas às vezes seria bom ter uma família normal, não precisar ser vigiada vinte e quatro horas por dia. Eu gostaria de poder casar e ter filhos e envelhecer em paz.
- E você não pode fazer isso sendo uma princesa?
- Até posso, mas meu pai me obrigaria à casar com uma pessoa que eu não amo.
- E você ama alguém? - Ele disse se aproximando, eu pude sentir seu hálito quente em meu rosto, eu sabia o que iria acontecer se eu não me afastasse, ele poderia pensar que eu era uma atirada, mas ele também tinha consciência do que estava fazendo, não era só eu que estava fazendo aquilo, Gustavo também estava.
Antes dele me beijar eu me afastei e pude notar a decepção em seu olhar.
- Talvez. - Eu disse constrangida, colocando uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.
- E quem seria o felizardo?. - Ele disse sorrindo e se aproximando mais uma vez.

*****

A foto acima é do Gustavo.
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Entre BatalhasWhere stories live. Discover now