I Maia

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         Sou acordada pelo toque do meu celular. Alguém está me ligando, atendo a chamada sem olhar no visor para identificar quem seja.

- Alô.

- Amiga sua louca, vamos a uma balada hoje?

- Oi para você também Peny! - Falo sem vontade.

- Nossa senhora que mau humor em! - Finge estar ofendida.

- Foi mal. Não sei, hoje é domingo e amanhã temos que acordar cedo senhorita, ou já se esqueceu?

- Ai Maia, para de ser velha amiga, você sabe que a gente da conta!

- Tá bom Peny... Passo aí as nove. Mas esteja pronta.

- Ebaaaa a Kathy também vai, ela já está aqui! - Escuto uma voz ao fundo.

- Ooooooi amigaaaa!

- Oi Kathy! - Falo rindo de sua animação – Vou me arrumar garotas, até daqui a pouco!

- Até! - As duas falam ao mesmo tempo.

Após desligar encontro-me um tanto perdida por perceber que não estava na minha cama e sim sobre a mesa do meu escritório. Demoro um pouco para recobrar a memória de que estava trabalhando nos novos modelos da L.L, a marca de lingeries da qual sou dona.

Levanto e vou andando em direção ao banheiro, olho no visor do meu celular e vejo que já é sete e quarenta da noite, o que significa que tenho apenas um pouco mais de uma hora para me arrumar. Entro no banheiro e vou em direção ao box para tomar uma ducha, retiro minha roupa e me enfio debaixo da água, após alguns minutos saio com uma toalha enrolada ao corpo e os cabelos ainda presos em um coque, pois não quis lavá-los.

Já no meu closet folheio alguns dos meus vestidos que estão em cabides e opto por um tubinho de alça, seu corpo é inteiro de lantejoulas na cor cobre e suas alças são pretas. Escolho um salto onze-meia pata, nude, lustroso. Olho no espelho e fico satisfeita, agora só falta um pouquinho de cor e luz no rosto, no olho um leve esfumado marrom no côncavo, delineador e cílios postiços e por último aplico um batom na cor vinho. Solto meus cabelos do coque e ele cai sobre meus ombros em ondas, dou apenas uma leve mexida nele, espirro um pouco de perfume, pego uma clutch preta, coloco meu celular, documentos, a chave do carro e dinheiro. Estou pronta!

Saio do meu apartamento, tranco a porta, pego o elevador, desço até o estacionamento já destravando o carro com o controle, entro no mesmo e parto em direção à casa da Peny.

Peny e Kathy são minhas amigas de infância, nos conhecemos no maternal, nós três éramos vizinhas e nunca nos separávamos, até que elas precisaram se mudar, nunca perdemos o contato, mas aposto que se elas tivessem continuado no mesmo colégio e cidade que eu nos meus últimos anos no colegial teria sido mais fácil. Não ficaria isolada e muito menos seria zoada por isso.

Alguns anos depois nós nos reencontramos em uma sala de aula, advinha por quê? Nós estávamos cursando a mesma faculdade, curso: moda, só podia ser! Nessa época comecei a confeccionar minha própria linha de lingeries, fazia para uso próprio, mas mostrava para elas que sempre se encantavam com as peças. Desde então nunca nos separamos e hoje elas trabalham comigo.

Parada no sinal sorrindo, distraio-me com lembranças do passado quando um ronco de motor me dá um baita susto, olho para o lado e vejo que se trata de dois jovens acelerando seu carro, mas o deixando em ponto morto para que não saia do lugar. Garotos imaturos me dão nos nervos! Sempre fazem isso quando notam que há uma mulher na direção com o intuito de assustá-la, mas comigo não. Baixo o vidro do carro e por conta de o deles já estar baixado os mesmos apenas olham para que possam visualizar meu rosto. Não indico que façam o que vou fazer agora.

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