Capítulo 8 - PARTE 2

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Emma andava pela cidade com um sorriso tão grande quanto sua ansiedade. O céu continuava nublado, mas dentro de Emma, algo brilhava como o sol de verão. Ela vestia jeans largos, uma camisa branca de lã sob sua jaqueta vermelha, luvas e um cachecol. Penteara seu cabelo cuidadosamente, mesmo que parecesse besteira.

Enquanto caminhava, viu Hook andando em sua direção. Ainda era engraçado vê-lo usando roupas normais.

– Emma! – cumprimentou ele, dando um gole em seu cantil de rum – Já não te vejo há muitos dias. Sua saúde melhorou?

– Sim. – respondeu Emma, um pouco apressada – Estou ótima.

– Aonde vai com tanta pressa? – perguntou ele

– Ah... – mas antes que Emma pudesse responder, ela percebeu algo que a incomodou. Parecia haver alguém observando os dois de algum lugar. Mas ela olhou ao redor e não viu ninguém. Estranho.

– Eu vou à prefeitura. Preciso conversar com a Regina.

– Isso tem algo a ver com a quebra da Maldição? – perguntou Hook

– Sim. – respondeu ela, começando a ficar impaciente – Tem.

– Mas eu não entendo... Como isso pode ajudar...

– Confie em mim. Isso vai ajudar. É... Realmente importante.

Hook assentiu. Em seguida, aproximou-se dela, com um olhar travesso. "Oh Deus, não", pensou Emma, mas ele aproximou-se ainda mais.

Tocou seu queixo e disse, suavemente:

– Sabe, Emma... Eu tenho sentido a sua falta nesse tempo em que você sumiu.

– Por favor, Hook. Não.

Ele se afastou.

– Eu não vou desistir, Swan.

E dizendo isso, foi embora.

Emma revirou os olhos e continuou andando. Estava ansiosa demais até mesmo para se sentir culpada. E não conseguia abandonar a sensação de que estava sendo observada...

No caminho, resolveu parar na floricultura de Moe French para comprar um buquê de flores. Deus, como ela estava sendo brega. "Dane-se", pensou. Regina tinha que se sentir especial se ela quisesse que aquilo funcionasse.

Comprou um buquê de rosas, a primeira coisa em que conseguiu pensar. Não, ela não era nada boa com essas coisas. Pagou pelas flores e saiu, andando em passos largos.

Por fim, chegou à frente da mansão de Regina. Caminhou entre o jardim e hesitou um pouco antes de bater. Se Regina tivesse visto Emma chegando pela janela, certamente não abriria a porta. E se ela abrisse, provavelmente não iria recebê-la de forma muito cordial.

Emma respirou fundo, ensaiando mentalmente o que iria dizer para convencer Regina a não fechar a porta na cara dela. Posicionou a mão que segurava o buquê atrás das costas, de modo que ele ficasse escondido. Com a outra, tocou a campainha. Enquanto esperava, seus batimentos aceleravam, no mesmo ritmo dos passos que se aproximavam.

Regina abriu a porta. Estava usando um paletó preto sobre um vestido vermelho que valorizava o formato de se corpo, fato que Emma não conseguiu deixar de notar. Calçava saltos e uma meia calça que Emma achou quase... Provocante. Ao ver Emma parada à porta, Regina assumiu uma expressão de horror.

– Saia daqui – gritou ela com o braço à frente da cabeça, num gesto de proteção – Eu disse para você nunca mais me procurar!

Ela estava prestes a fechar a porta, mas Emma manteve-a aberta, e disse:

– Não, não, espere! Por favor, Regina, espere!

Por algum motivo, Regina esperou.

– Eu sei o que você me pediu, mas... Eu não consigo parar de pensar em você.

– Então presumo que terá que encontrar uma maneira.

– Eu acho – continuou Emma, ignorando o comentário – que você vai ficar feliz em saber que eu procurei Archie.

Regina olhou-a de forma curiosa.

– Você procurou?

– Sim. Eu segui seu conselho. Me consultei com ele e... Ele me ajudou a enxergar a realidade. A enxergar que eu estava agindo de forma errada.

– Você tomou medicamentos? – perguntou Regina

Pensando que isso provavelmente ia deixá-la menos apreensiva, Emma respondeu:

– Sim. Eu me tratei.

– Então... Você percebeu que eu não sou a mãe do Henry? Que nós não nos conhecemos e que tudo o que você estava falando era insano?

– Sim. – respondeu Emma – Eu percebi.

– Então por que você ainda veio me procurar?

– Porque... Mesmo sabendo quem você é... Você não sai dos meus pensamentos. Eu penso em você todos os dias. Acho que estou... Apaixonada por você, Regina. Por você de verdade, como você é.

Regina corou.

– Eu... Eu não entendo... Como você pode estar apaixonada por mim? Nós mal nos conhecemos.

– Eu sei, mas o breve encontro que nós tivemos foi... Não sei, mexeu comigo. Eu percebi que você é uma mulher frágil, sensível... E que precisa de alguém que te faça feliz.

Regina não pareceu gostar muito de ouvir aquilo.

– Você está querendo dizer que eu não sou uma mulher independente?

– Não! – esclareceu Emma – Deus, não. De forma alguma. Só estou dizendo que... Eu gostaria de ter a chance de trazer um pouco de felicidade à sua vida.

– Emma... – disse Regina – Eu sinto muito, mas eu sou...

"Ai meu Deus", pensou Emma. Não diga a palavra. Não aquela palavra.

– Você é... – pigarreou Emma – hétero?

– Eu não sei – respondeu Regina, parecendo confusa ao pensar sobre aquilo – Eu nunca tive... Você sabe... Algo desse tipo com mulheres. Mas pensando bem... Não acho que esse tipo de coisa seja importante para mim.

Emma sentiu-se um pouco mais aliviada.

Em seguida, ela mostrou o buquê de rosas a Regina.

– Me desculpe, eu nem sei se você gosta de flores, mas não sou muito boa com essas coisas – disse Emma, e sorriu ao ver que tinha feito Regina rir. A prefeita pegou as flores.

– Eu adorei. - respondeu

As maçãs do rosto de Regina estavam cada vez mais vermelhas, e provavelmente as de Emma também deviam estar.

– Mas... – falou Regina – Por que alguém se apaixonaria por mim? Eu não tenho... Nada de especial.

Emma perguntou-se como ela poderia estar dizendo uma coisa dessas.

– Como não? – disse ela – Você é... Uma pessoa maravilhosa. Você tem uma luz que vive escondida, mas quando se mostra... Ilumina tudo ao seu redor. Você é uma pessoa muito, muito especial para mim.

Regina sorriu. Não o tipo de sorriso que Emma costumava ver em seu rosto, mas um sorriso puro, genuíno, que a deixava ainda mais linda.

– Então... – perguntou Emma – Você vai me dar uma chance? Uma chance para nos conhecermos melhor?

– Emma... – disse ela, inspirando profundamente – Eu confesso que também tenho pensado muito em você. Você chamou minha atenção, e eu queria muito te dar uma chance. Eu realmente queria. Mas... Como eu posso saber se você realmente está interessada em mim e não por sua obsessão com a mãe de seu filho? Como eu vou saber se você realmente mudou? Entende o que eu quero dizer? Eu não posso confiar em alguém com medo de que essa pessoa tenha... Uma obsessão doentia por mim.

– Você pode ir até o consultório do Archie se quiser – respondeu Emma – Ele vai confirmar que eu me consultei com ele.

– É muito fácil ir a um psicólogo e dizer o que quiser. – respondeu Regina – Não me leve a mal Emma, espero que você não se magoe, mas... Eu não posso ter certeza, entende? E seu eu não confiar em você, nós nunca poderemos desenvolver nada.

Emma assentiu.

– Então este é o fim? – perguntou, com a voz tristonha.

– Receio que sim. – respondeu Regina

Emma virou-se para ir embora, a dor começando a dominá-la, quando a voz de Regina trouxe-a de volta a seu paraíso interno mais uma vez.

– Espere, Emma! – ela gritou – Não vá ainda.

Emma virou-se de frente para ela novamente.

– Se você quer uma chance comigo... Se quer se aproximar de mim... Então prove. Prove que você mudou. Que você realmente está apaixonada por mim e não pela mulher do seu passado.

– Provar? – perguntou Emma.

– Sim. – ela respondeu – Mostre-me um motivo pelo qual eu deveria confiar em você e te dar uma chance. E então eu a darei.

Emma sorriu.

– Não se preocupe. – respondeu – Eu vou. Eu vou te provar o quanto estou apaixonada por você. O quanto isso é importante para mim.

Enquanto ela falava, alguém chegou por trás de Regina. Era Wilma.

Usando trajes cinzas que Emma poderia jurar que pertenciam à Regina, ela olhou para as duas de forma curiosa. Seus olhos azuis eram frios como gelo.

– Flores, Regina? São para mim? – questionou ela com um tom de voz travesso.

– Não. – respondeu Regina – Apesar do que você pensa, irmã, as pessoas podem gostar de mim.

Emma começou a rezar mentalmente para que Regina não revelasse o que estava acontecendo entre as duas. Se Wilma soubesse de seus sentimentos por Regina, ela estaria em grande perigo.

– Estas flores – interrompeu Emma – São de um admirador secreto. Um amigo meu que pediu que eu as entregasse a Regina.

Wilma levantou uma sobrancelha.

– Um amigo?

– Sim. – respondeu Emma, e olhou para Regina, que entendeu o seu olhar e o que ela estava fazendo.

– Sim! Um amigo que preferiu não se identificar. –disse ela – Mas o que você quer comigo, Wilma?

– Eu vim aqui para saber onde estão as cestas. E o dinheiro para o orfanato.

Regina suspirou, parecendo insatisfeita ou entristecida com algo.

– Quer saber, Wilma? Eu não vou te contar.

Wilma gargalhou.

– Você acha que tem escolha, irmãzinha? – ironizou ela – Por acaso você se esqueceu de quem realmente manda nesta cidade? Se esqueceu de que eu sou a única que pode te tirar do seu cargo a qualquer momento?

Regina ainda estava irritada, mas aquela frase pareceu amansá-la um pouco.

– Isso não é justo – disse ela – Eu fundei aquele orfanato, eu tiro uma boa quantia do meu salário todos os meses para bancá-lo, eu compro a comida e a roupa daquelas crianças e você simplesmente posa para as câmeras e leva o crédito por tudo o que eu faço!

Regina falou tudo aquilo como se estivesse se esquecido de que Emma ainda estava ali, ouvindo tudo. Wilma pareceu perceber esse fato, pois virou-se para ela com uma expressão ameaçadora.

– Se algum dia – ameaçou ela. – Você contar isso aqui para alguém... Qualquer pessoa... Considere-se morta.

Emma olhou assustada.

– Agora... – continuou Wilma – Acho melhor você ir embora, sra. Swan.

– Emma é minha visita – retrucou Regina – E ela vai embora quando eu quiser.

Wilma olhou de uma para outra com total desprezo. Em seguida, disse à Regina:

– Por que você se incomoda tanto com isso, irmã? Por acaso aparecer diante das câmeras é mais importante para você do que ajudar as criancinhas desafortunadas?

– Não! – respondeu Regina – Eu não estou nem aí para o que pensam de mim, mas não é certo você sair por aí levando os créditos pelo meu esforço!

Wilma sorriu de forma irônica.

– Infelizmente, você vai ter que se acostumar com isso. Veja, eu tenho mais poder aqui, então eu faço as regras. É assim que a vida funciona, maninha.

Wilma deu lançou um último olhar de desprezo para Emma antes de dizer:

– Acho que o dinheiro está no mesmo lugar de sempre, certo? Eu vou pegar. Não se preocupe, Regina. Você está fazendo uma boa ação.

Em seguida, entrou e fechou a porta.

Regina parecia inconformada.

– O que acabou de acontecer aqui? – perguntou Emma, assustada.

Regina suspirou.

– Acho que você ouviu. Wilma, ela... Leva o crédito por tudo de bom que eu faço. Não estou dizendo que eu faço tudo isso para ser aplaudida, mas você sabe o quanto isso é frustrante? Eu fundei aquele orfanato, eu retiro metade dos meus lucros todo mês para pagar pelas despesas que ele traz, eu compro as cestas que ela distribui por aí, escolho tudo com carinho e... Ela finge ser a responsável por tudo isso! Eu jamais pensaria em desafiá-la ou desistir do meu emprego e de tudo o que eu construí, mas... Às vezes viver sob a pressão da minha irmã é muito cansativo.

Emma olhou para ela com o coração partido.

– Regina... Se houvesse alguma coisa que eu pudesse fazer pra te ajudar, eu juro que eu...

– Não – interrompeu Regina – Não se envolva nisso. Você nem mesmo deveria saber disso, mas agora que sabe... É melhor ouvir o que Wilma disse. Não conte a ninguém, para o seu bem.

Emma assentiu.

– Eu não vou. – embora no fundo estivesse considerando seriamente fazer o exato oposto do que lhe fora aconselhado.

– Então... – pigarreou Regina – Acho que nós já conversamos tudo o que tínhamos pra conversar, não?

– Ah, sim – respondeu Emma, desconcertada – Não se preocupe, Regina. Eu vou te mostrar o quão sérios são meus sentimentos por você. Você vai ver.

Regina sorriu.

– Boa sorte. De verdade.

– Então, acho que vou indo. Tchau, Regina.

– Tchau, Emma. Até outro dia.

Emma sorriu, feliz com a promessa daquela última frase, feliz por aquilo não ser realmente uma despedida. Estava saindo com uma ideia pulsando em sua mente quando a voz de Regina a fez virar-se.

– Ah, e Emma – disse a prefeita – Obrigada.

– Pelo quê? – questionou.

– Por fazer eu me sentir especial – respondeu Regina, sorrindo.

Emma sentiu que seu coração poderia explodir.

Give Me LoveWhere stories live. Discover now