Capítulo 14

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Emma's PoV

Enquanto Emma destrancava a porta, suas mãos começaram a suar e a tremer, e ela deixou a chave cair no chão. Falando mil palavrões diferentes em sua mente, abaixou-se para tentar encontrá-la em meio ao escuro, mas o baque foi o suficiente para acordar Henry.

– Mãe? – ele perguntou com a voz grogue e sonolenta – O que foi?

– Nada. – Emma respondeu - Só me levantei para ir ao banheiro. Pode voltar a dormir.

Henry não disse mais nada, mas ela ouviu-o se deitando novamente. Continuou tateando o chão até sentir o frio metal em suas mãos. Apanhou a chave, pensando que cada segundo que ela demorava era um segundo a mais de sofrimento para Regina. Abriu a porta, e se surpreendeu quando a luz se acendeu.

Ao seu lado, Henry a encarava.

– Você acha mesmo que pode esconder algo de mim? – ele perguntou – Você estava usando a sua voz de preocupação. O que aconteceu?

– Nada. – insistiu Emma – Só vou sair para tomar um ar.

– A essa hora da noite? Com tanta pressa que nem tirou o pijama? Mãe, a quem você quer enganar?

Emma olhou para si e só então se deu conta de que estava usando seu pijama sob a jaqueta vermelha. Mas não havia tempo para trocar de roupa. A vida de Regina dependia dela.

– O que aconteceu? – perguntou Henry mais uma vez.

Então o garoto percebeu que o celular da mãe estava caído no chão. Emma abaixou-se para pegá-lo, mas Henry foi mais rápido. Pegou o aparelho e leu a mensagem na tela, sua expressão passando de confusão para medo e desespero, enquanto a preocupação de Emma só aumentava.

– "Seu amor verdadeiro"? Minha mãe? – perguntou ele, assustado. – Foi Wilma quem enviou essa mensagem, certo?

– Não se preocupe, criança – tentou tranqüilizá-lo – Estou indo à casa de Wilma. Eu vou salvar Regina.

– Eu vou com você. – ele disse, empalidecendo.

– Não, Henry! Pode ser perigoso! Nós não sabemos com quem estamos lidando!

– Você espera que eu fique aqui esperando enquanto minha mãe pode estar morrendo? – exclamou ele – Me desculpe, mas eu preciso ir. Preciso ter certeza de que ela está bem. Não posso ficar aqui esperando.

Emma não tinha tempo e nem queria discutir com o garoto, pois provavelmente tempo era a última coisa que Regina tinha naquele momento. Além do mais, era realmente injusto querer que ele ficasse parado enquanto sua mãe sofria. Era a mãe dele, afinal de contas, e o garoto já enfrentara coisas daquele tipo.

– OK – ela cedeu – Você vem comigo. Mas me prometa uma coisa: Se eu disser para você ficar no carro, você vai ficar no carro e não vai sair de lá até que eu mande. Combinado?

Henry assentiu.

Emma pegou suas longas botas de couro e calçou-as apressadamente. Em seguida, abriu uma gaveta da cômoda e pegou sua arma. Iria machucar se fosse preciso. Saíram porta afora, ambos de pijama, e a cada segundo seu desespero aumentava. Fechou a porta atrás de si sem nem lembrar-se de trancá-la, torcendo para que ainda não fosse tarde demais. Não podia ser.

****************

Wilma's PoV

Ela estava sentada em uma mesa do lado de fora do Granny's, completamente sozinha, olhando para a rua e esperando ver o fusca amarelo passar. Poucos minutos após a mensagem ser enviada, ela viu o carro voando pela rua, com Emma e Henry dentro. Provavelmente em direção à sua casa, para onde ela estava indo em vão. Ótimo. A primeira parte do plano tinha dado certo.

Levantou-se da mesa e olhou ao seu redor, para ter certeza de que estava sozinha ali. Dentro da lanchonete, a luz estava acesa – o pirata, um alcoólatra incurável, ainda estava lá bebendo, provavelmente irritando muito as garçonetes por fazê-las trabalhar àquela hora da noite.

Assim que teve certeza de que não seria vista, ela envolveu a si mesma na fumaça roxa e se transformou. Tecnicamente, não havia magia na cidade, e ela não devia estar fazendo aquilo – não logicamente. Mas a Bruxa Má sempre arranja um jeito. Ainda estava surpresa por ter sido esperta o suficiente para conseguir achar uma fonte de magia que pudesse "burlar" suas próprias regras da Maldição.

Assim que a fumaça se dissipou, ela olhou para seus cabelos sobre os ombros. Loiros. Notou que vestia uma jaqueta vermelha sobre uma camisa de lã, jeans apertados e botas de cano alto de couro. Será que Emma tinha mesmo que usar roupas tão... Masculinas?

O feitiço funcionara. Sua inusitada fonte de magia tinha funcionado. Ela era Emma Swan agora. Pelo menos para aquilo, Regina lhe fora útil.

Ah, Regina. Tão tola, tão ingênua, tanto em sua versão anterior quanto na versão atual. O que mais lhe irritava, o que mais lhe revoltava sobre sua irmã mais nova era como ela não dava o menor valor a toda a sorte que tinha. Ela tivera uma mãe, e a mandara para outro mundo. Tivera um pai, e o matara por vingança. Tivera uma enteada que a amava, e ainda assim preferiu culpá-la por toda a sua infelicidade e persegui-la. Ela tivera um filho, e arriscara todas as chances de ele amá-la se entregando ao mal. Regina não fazia ideia do quanto era privilegiada, e não dava o menor valor a tudo aquilo. Ela não merecia ser perdoada por ninguém.

O modo como Wilma fora abandonada era inaceitável. Ela fora trocada, dispensada como uma peça defeituosa e enviada para aquele maldito Reino cheio de criaturas idiotas. Ela devia ter sido uma Rainha, como sua mãe sempre falava que ela seria. Se ela estivesse no lugar de Regina, valorizaria muito mais tudo aquilo. Mas ela não estava. Por isso alguém tinha que pagar. Pagar por tudo o que tinha sido tirado dela.

Caminhou até a porta do restaurante, abrindo-a. Dentro, só havia duas pessoas: Killian e Ruby, conversando no balcão enquanto a garçonete lhe servia mais e mais copos de cerveja. Wilma fez uma cara de desprezo ao olhar para o pirata bêbado dando em cima de Ruby descaradamente, mas logo disfarçou seu nojo e sorriu para ele. Aquilo seria um pouco difícil.

– Emma! – ele pareceu bastante alegre em vê-la – Não te vejo desde o outro dia, quando... Te beijei.

Wilma assentiu, fingindo que se lembrava.

– Olá, Hook. Resolvi passar aqui para... Te ver. Preciso conversar com você. Lá fora, com mais privacidade.

– Eu posso deixar vocês a sós, se quiserem – disse Ruby – Meu turno já devia ter acabado há muito tempo, de qualquer forma.

– Vá se deitar, Ruby – disse Wilma, tentando parecer amigável – Eu e Hook estamos indo embora.

O pirata tirou uma boa quantidade de dinheiro do bolso e colocou no balcão. Ruby pegou o dinheiro e saiu pelos fundos. Assim que ficaram a sós, Wilma tocou a mão de Hook afetuosamente e guiou-o para fora do bar, o pirata olhando para ela de forma hipnotizada.

Era bom que ele estivesse bêbado, pois assim ela não tinha que se preocupar tanto em agir como Emma. Saíram de mãos dadas até chegarem à calçada, e Killian parecia meio surpreso com sua atitude carinhosa.

Na rua fracamente iluminada pela luz dos postes, ele se aproximou dela, e ela deu um passo para trás.

– Quer saber? – disse – Acho que aqui ainda não temos privacidade o suficiente. Que tal subirmos até o Granny's e você passar a noite comigo?

Hook levantou uma sobrancelha, empolgado com a ideia.

– Será um prazer – ele respondeu.

Os dois adentraram a pensão, onde uma Granny sonolenta acenou com a cabeça do balcão. Wilma e Hook subiram as escadas e chegaram à porta amarela.

– Oh, meu Deus – exclamou Wilma, tentando parecer surpresa – Você acredita que eu perdi minhas chaves?

Hook riu.

– É uma sorte que você tenha a mim, Swan. – respondeu o pirata, tirando uma chave do bolso. – Uma sorte também que você tenha me dado uma cópia da chave.

– De fato é. – respondeu Wilma.

O pirata colocou a porta na fechadura, mas notou que ela estava destrancada.

– Você também se esqueceu de trancá-la? – perguntou – Deus, Swan, onde você anda com a cabeça?

– Em você. – ela respondeu, com um olhar sedutor.

Hook pareceu gostar da resposta, e os dois entraram.

Dentro do quarto, a luz estava acesa. Havia duas camas bagunçadas e uma pequena cômoda. Dois pares de chinelos estavam espalhados pelo chão e um cobertor estava caído. Wilma sorriu maliciosamente, deliciada em ver o desespero que sua mensagem tinha causado.

– Onde está Henry? – perguntou Hook, notando a ausência do garoto.

– Ele não está aqui – respondeu ela, sorrindo – Eu o mandei para dormir com a Mary Margaret. Assim nós temos a noite toda só para nós.

Hook sorriu também, e começou a se aproximar. Quando o pirata fechou os olhos, seu hálito quente de rum em seu rosto, Wilma ergueu a mão direita, exalando uma névoa roxa que o deixou tonto. Em seguida, ele caiu no chão com um estrondo.

A bruxa fechou a porta e trancou-a novamente com um movimento rápido da mão esquerda. Fechou os olhos e foi novamente envolvida por uma névoa, aliviada por estar de volta a sua forma normal.

Olhou para o pirata caído no chão a seus pés. Mais uns goles de bebida e ela nem precisaria se dar ao esforço de apagá-lo. Perguntou-se o que deveria fazer de divertido agora. Então se lembrou de qual era sua intenção com aquilo tudo.

Tirou o celular de seu bolso e desbloqueou a tela. Começou a digitar uma nova mensagem, para o mesmo destinatário da última, e o único número que estava salvo naquele celular.

"Sua tola! Nós estamos aqui no Granny's, no seu quarto. Venha logo ou vai perder toda a diversão."

Esperou a indicação de que a mensagem tinha sido enviada e deu um sorriso sádico, quando foi interrompida por uma ligação piscando na tela.

Emma.

Passou o dedo pela tela, e atendeu a chamada.

*************

Emma's PoV

Quando Emma leu a mensagem recebida, foi invadida por uma onda de raiva e mais desespero.

Ela e Henry estavam dentro da casa de Wilma, uma mansão luxuosa perto da praia, afastada de todas as outras casas. Henry, que já conhecia toda a cidade como a palma de sua mão, ensinou Emma a chegar até lá, e não foi difícil para ela abrir a porta – um clipe de metal, dois cliques e ela estava na casa da bruxa.

Por algum motivo, Emma não conseguiu acender as luzes da casa, mas, felizmente, uma lanterna era outro item que sempre estava guardado no porta-luvas do carro. À luz forte do objeto iluminando a suntuosa sala de estar, Emma e Henry tentavam encontrar algum sinal da presença de alguém enquanto chamavam por Regina. Cada vez que ela pronunciava o nome da prefeita, seu desespero aumenta e sua voz ficava mais trêmula, enlouquecida pelo silêncio.

Até que ela recebeu a segunda mensagem. "Sua tola! Nós estamos aqui no Granny's, no seu quarto. Venha logo ou vai perder toda a diversão."

Certo. Então ela gostava de joguinhos. Em um ato impulsivo de raiva, atirou o aparelho ao chão, como se aquilo fosse machucar a maldita pessoa que tinha sequestrado Regina.

Mas logo depois, acalmada por Henry, ela recolheu o aparelho e decidiu ligar para aquela mulher. Quem ela pensava que era? Wilma precisava saber com quem estava lidando. Pensando em um milhão de ameaças diferentes enquanto esperava a chamada ser atendida, ela segurou a mão de Henry, como se dissesse que tudo ia ficar bem, mesmo que não tivesse certeza. Tinha que dar certo. Como eles poderiam viver se algo grave acontecesse à Regina?

A voz irritante e doentia atendeu a ligação. Emma sentiu seu sangue ferver.

Give Me LoveWhere stories live. Discover now