Capítulo 13

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Deitada com Henry ao redor de seus braços, Emma estava meio deprimida, mas não chorava mais. Perder Regina novamente foi extremamente doloroso, mas depois de pensar um pouco, Emma se deu conta de que provavelmente as coisas estavam melhores daquele jeito.

Primeiro tinha o fato de que aquela não era a Regina verdadeira. Não era a Regina pela qual Emma se apaixonara. É claro que mesmo a antiga Regina também tinha momentos de fraqueza, insegurança e fragilidade, mas aquela nova Regina... Era como uma versão extrema reunindo todos os opostos do que Emma admirava nela. Seu poder, sua força, sua independência, tinham desaparecido. E sim, os defeitos faziam parte dela, mas Regina não era ela mesma sem suas qualidades. Wilma tirara aquilo dela, e Emma sentia uma enorme raiva da bruxa por aquilo. Por ter arrancado a pessoa que ela costumava ser.

E havia também o fato de que, enquanto Regina não se lembrasse de tudo, a relação delas seria sustentada por mentiras. Mentiras para justificar a Maldição, para justificar Hook, para justificar seu real objetivo. Emma não se sentia bem mentindo tanto para a mulher que amava, e não se sentiria bem mantendo uma relação daquela forma. Henry tentara convencê-la a continuar tentando, dizendo que as mentiras seriam temporárias se ela conseguisse fazer Regina sentir amor verdadeiro por ela. Era verdade, mas Emma temia que Regina não fosse capaz de sentir amor verdadeiro por ela em sua nova personalidade. E se ela estivesse certa... Então ela não sabia mais o que fazer.

Resolveu tentar dormir, dormir ao lado de Henry para tentar se esquecer de todos os problemas. Fechou os olhos, duvidando que algum dia seria capaz de dormir em paz novamente.

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Emma estava sentada na cafeteria, conversando com Neal enquanto dava pequenos goles em seu chocolate quente e tentava rir de suas piadas.

Podia parecer algo estúpido, mas dois dias depois de Regina ter terminado com ela, Emma resolveu se encontrar com Neal, para tentar superar a dor. Para tentar arranjar outra pessoa que pudesse preencher o buraco em seu coração.

Emma ainda sentia algo por Neal, embora não fosse mais tão forte quanto antes. Ela sentia falta da cumplicidade que eles costumavam ter. De certa forma, ela o amava. Mas não era nada relacionado a romance. Embora ela esperasse que pudesse se tornar.

Uma vez que Regina estava praticamente inalcançável, talvez ela pudesse dar o "beijo de amor verdadeiro" em Neal. Provavelmente era injusto e insensível da parte dela pensar em substituir Regina de forma tão banal, mas ela estava... Cansada.

Emma sorriu, fingindo achar graça de uma piada que ela nem sequer ouvira, enquanto ele dava início a outra. Oh, Deus. O que estava acontecendo? Não que antes Neal fosse exatamente a pessoa mais interessante do mundo, mas agora ele estava irreversivelmente... Entediante.

Enquanto seus pensamentos divagavam, ela ouviu a porta se abrir e alguém mais entrar na lanchonete.

Era incrível a quantidade de coisas que podiam dar errado para Emma em uma única semana. Provavelmente aquele era um novo recorde.

Regina aproximou-se dos dois, fazendo com que Neal interrompesse a conversa.

– Sabe, Srta. Swan... Você realmente devia ser mais discreta com as pessoas que leva para a cama. A senhora ainda vai acabar ficando com uma... Má fama.

Emma franziu a testa, levemente ofendida. No mínimo, Regina tinha acabado de chamá-la de fácil.

– O que você está fazendo aqui, Madame Prefeita? – perguntou Neal.

– Eu pensei bastante nesses últimos dias – respondeu ela, olhando para Emma como se não desse importância à presença de Neal – E resolvi que eu deveria te dar outra chance. Imagine só – riu ela – Cheguei a pensar que você realmente gostava de mim. Mas vejo que andei até aqui à toa. A senhorita seguiu em frente muito bem sem mim. Este deve ser um novo recorde de quantas pessoas você consegue namorar na mesma semana. Meus parabéns! – e deu um sorriso irônico que irritou Emma.

– Quer saber, Regina? – disse ela, tentando parecer confiante – Eu realmente segui em frente. Eu me cansei. Acho que você e eu simplesmente... Não damos certo. Então sim, eu estou seguindo em frente. Agora, poderia nos dar licença? Estamos no meio de um encontro aqui.

Regina lançou-lhes um olhar de desprezo e foi embora.

Mas tudo o que Emma acabara de dizer estava longe de refletir o que ela estava sentindo. Na verdade, ela estava se odiando profundamente por sempre estragar as coisas com Regina, uma vez atrás da outra. Desde que ele chegara à cidade, as coisas só tinham dado errado entre elas, com alguns raros momentos de felicidade, e na maioria das vezes, a culpa tinha sido de Emma.

Colocou a mão na testa, desejando poder voltar no tempo, alguns segundos antes, e desfazer o encontro com Neal para que Regina lhe desse a segunda chance que pretendia dar. Mas aquilo não seria possível.

Emma levantou-se, com raiva. Pegou o copo de chocolate quente e atirou-o contra a parede. O plástico se rompeu e o chocolate jorrou pelo chão. Ela estava parecendo Regina. A Regina furiosa de antes.

Virou-se para Neal e disse:

– Desculpe-me, Neal. Eu realmente deveria ir embora. Esse encontro não foi um dos melhores. Talvez outro dia.

Saiu porta afora, sem esperar pela resposta de um Neal surpreso e confuso.

****************

Mesmo sabendo do risco de encontrar Regina, Emma continuava comendo no Granny's todos os dias. Principalmente porque não havia muitas opções de estabelecimentos naquela cidade.

Em um desses dias, enquanto tentava manter seus sentimentos confusos e bagunçados para evitar que a dor voltasse, Emma se sentou e não gostou nada do que viu do outro lado da lanchonete.

Sentada no canto, perto da janela, Regina estava comendo com um homem. Um homem ruivo, barbudo, que Emma não conhecia, com uma estranha e chamativa tatuagem de leão no pulso. "Legal. Vingança" pensou Emma. "Eu provavelmente mereço isso, por ser tão idiota". Vendo a situação se inverter, Emma se arrependeu amargamente por ter feito aquilo com Regina.

Mas então ela se deu conta de que talvez não fosse vingança. Talvez Regina realmente estivesse interessada por aquele cara. Aquele pensamento foi tão doloroso que Emma logo tratou de pensar em outra coisa. O que não foi tão difícil quando a porta da lanchonete se abriu novamente, surgindo uma figura que Emma esperava nunca mais ver, e nem Regina, pelo olhar em seu rosto.

Wilma começou a andar em direção a Emma, e se sentou antes que ela pudesse protestar.

– O que diabos você está fazendo aqui? Você não devia estar na cadeia? – perguntou

– Fico feliz em te ver também, Emma! – respondeu Wilma, claramente se divertindo com a surpresa de Emma – Aparentemente, o júri percebeu, no último momento, que estavam sendo injustos e... Eu fui inocentada de todas as acusações.

Emma não conseguiu acreditar.

– Isso não é justo. Você ameaçou Regina, e causou-lhe dano emocional. Como eles podem ter te inocentado?

Wilma riu.

– Ah, Srta. Swan... Você realmente acha que eu ficaria na cadeia, presa na Maldição que eu mesma criei?

Emma surpreendeu-se por Wilma estar falando daquilo na frente dela. Ela sabia que Emma sabia?

– Ah... Eu não tenho ideia do que você está falando – fingiu

– Não tente se fazer de desentendida – respondeu Wilma – Você sabe exatamente do que eu estou falando. Eu sei que você sabe. E eu sei quem você é. E é justamente por isso que eu estou aqui. Vim te dar um aviso.

– Um aviso?

– Sim. Digamos que se você, seu filho e seu... Amigo estranho não arrumarem as malas o quanto antes e derem o fora desta cidade... Coisas ruins poderão acontecer. Coisas realmente ruins.

– Você está me ameaçando? Porque eu ainda posso de te denunciar novamente.

– Ora, não veja isso como uma ameaça. Veja como um mero aviso. Não dizem que "quem avisa amigo é"? Isso é exatamente o que estou fazendo. Acredite, eu não queria ter que fazer nada de ruim para ninguém... Mas pode ser necessário.

Emma olhou para ela sem perder a confiança. Wilma percebeu sua tentativa de ser durona e disse:

– Não pense que pode contra mim... Salvadora. Você e Regina podem ter destruído a minha reputação... Mas vocês não destruíram o meu poder. Eu ainda mando nesta cidade.

À menção de Regina, Emma lançou-lhe um olhar suplicante.

– Só não... Coloque Regina na rua, ok? Não a faça perder o emprego – pediu Emma – Por favor.

– Eu não vou – respondeu Wilma – Acredite, eu tenho planos mais... Divertidos para Regina. E estes planos dependem da permanência dela na prefeitura. Agora... Acho melhor eu ir embora. Espero que você tenha recebido a mensagem. – ela falou a última frase como se quisesse lembrá-la de algo, dando a Emma ainda mais certeza de que ela estava por trás daquele número restrito.

Wilma levantou-se, e antes de ir embora, disse:

– Espero que você tenha aproveitado bem a cidade sem mim. Porque agora... Eu estou de volta.

Quando ela chegou à porta, Emma viu Regina pedir licença ao homem com quem estava conversando e levantar-se, indo atrás da irmã. As duas se olharam de forma hostil, e começaram a discutir enquanto saíam da lanchonete, deixando Emma bastante preocupada.

Ela passou o resto da tarde pensando naquela frase "Eu tenho planos mais divertidos para Regina", temendo que as coisas ficassem ainda piores para a prefeita. Ela não ia suportar carregar ainda mais culpa em seus ombros, então decidiu ficar de olho nela, mesmo que discretamente.

********************

Emma revirava-se na cama, em mais uma noite de insônia. Por um breve tempo, o amor tinha sido algo maravilhoso para ela. Depois tinha sido dor. E agora era algo que atormentava seus sonhos e tirava sua paz. Por que tudo tinha que ser tão difícil? Será que algum dia ela teria a chance de viver aquele amor sem nenhuma surpresa desagradável? Àquela altura, ela duvidada muito.

Foi despertada de seus pensamentos quando seu celular vibrou na cômoda. Pegou-o e abriu a mensagem que tinha acabado de receber, seu coração quase parando ao ver que ela tinha vindo do mesmo número restrito que a ameaçara anteriormente.

"Seu amor verdadeiro está aqui comigo. Sofrendo bastante. Eu me apressaria se eu fosse você."

Seu coração gelou e ela começou a suar frio. Deixou o celular cair no chão e se levantou de um salto, sem acender a luz para não acordar Henry. A mensagem tinha vindo de Wilma, sem dúvidas. Pegou sua jaqueta e começou a destrancar a porta, desesperada. Precisava salvar Regina. ]I'Q+yU

Give Me LoveWhere stories live. Discover now