Capítulo 28

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Calafrios percorreram a espinha de Emma ao ouvir o que Wilma dissera. Do que ela estava falando? Regina não iria morrer. Isso não podia acontecer. Ficou tão atordoada com a última sentença que nem pensou muito na parte sobre Storybrooke ser destruída. Sentindo-se meio culpada por isso, ela disse, muito nervosa:


– Do que diabos você está falando? Regina não vai morrer. E Storybrooke não vai ser destruída.

– Acalme-se, Emma – aconselhou Mary Margaret, notando a agitação da filha, mas ela não iria se acalmar.

Como de costume, Wilma sorriu diante de seu desespero.

– Estou falando de minha nova Maldição, Srta. Swan. Daqui a uma hora, ou talvez menos, um raio gigantesco e destrutivo cairá sobre este ponto – explicou, indicando um pequeno círculo desenhado no chão de pedra ao redor do poço que Emma não havia notado até então. Era um círculo pequeno, desenhado com algo que parecia giz, mas grande o suficiente para caber uma pessoa dentro. – E quando ele atingir o interior deste círculo mágico, toda a cidade de Storybrooke será... Massacrada. Explodida. Engolida por um terremoto. O que vocês preferirem. E após a catástrofe, não haverá nenhum sobrevivente... Exceto por mim, Regina e Henry. – Henry olhou confuso para ela ao ouvir seu nome.

– Eu não quero viver se eu for perder Emma e minha família – disse ele. – E acho que Regina também não.

– Ninguém vai morrer, Henry. – prometeu Emma, sorrindo timidamente e tocando o ombro do garoto, enquanto tentava digerir tudo o que acabara de ouvir, em meio aos murmúrios de total pânico das pessoas ao seu redor. Storybrooke seria destruída. Ela e toda a sua família iriam morrer. Mas Regina e Henry sobreviveriam.

Ela morreria para que os dois pudessem viver de boa vontade – não importava o que Regina tivesse feito de ruim, ela jamais permitiria que ela morresse - mas não parecia justo incluir toda a sua família naquele sacrifício. Além do mais, talvez Regina fosse capaz de esquecê-la, mas Henry ficaria completamente arrasado se perdesse ela, seus avós e todas as outras pessoas às quais ele tinha se afeiçoado. Por isso, ela perguntou, com a respiração pesada e o coração acelerado de preocupação:

– Deixe-me entender isso... Storybrooke será destruída por um raio mágico? E todos vão morrer? Mas... Por que Regina e Henry vão sobreviver? E o que podemos fazer para evitar que isso aconteça?

Wilma riu, como se estivesse esperando ansiosamente por aquela pergunta.

– É aí que entra a parte divertida. Vejam bem... Não há maneira alguma de impedir que o raio atinja seu objetivo. Este feitiço é certeiro e irreversível. Ele vai chegar, e não há nada o que vocês possam fazer para impedir isto. Mas... Há uma maneira de impedir que ele destrua Storybrooke.

Emma ouvia atentamente, apreensiva, tendo certeza de que aquela solução não seria nada agradável.

– O único jeito de impedir os efeitos destrutivos do raio – continuou a bruxa. – é deixando que ele consuma toda a essência da vida de uma das pessoas cujo sangue foi usado no preparo do feitiço. E estas pessoas seriam Henry e Regina.

Emma abraçou Henry instintivamente, como que para mostrar que nenhum mal o aconteceria. O garoto parecia em choque, assim como ela e todos os outros.

– Do que está falando? – questionou ela. – Como você pode ter usado o sangue do Henry para... – mas então ela lembrou-se de algo que acontecera no dia anterior; Henry fora atacado por um macaco voador, resultando em um corte que ainda estava marcado em seu ombro.

Wilma precisava do sangue dele. Isso explicava aquele ataque repentino. Pensar naquela mulher tomando o sangue de Henry irritou Emma em uma proporção gigantesca.

– É por isso que Henry foi atacado por aquele bicho. – concluiu ela, em voz alta.

– Sim. – disse Wilma. – Este "bicho", como você disse, me foi útil para conseguir o sangue de Regina e o de Henry. Eu usei-os para fazer a maldição, o que também os torna os únicos que sobreviveriam caso a cidade fosse destruída. O feitiço não pode matar as pessoas cujo sangue foi usado em seu preparo e nem a sua criadora. Então, se a cidade for pelos ares... Uma espécie de escudo mágico de proteção será criada ao nosso redor, nos protegendo. Obviamente, eu sei que Henry é importante demais para todos vocês, então creio que Regina seja a única opção considerável para evitar a destruição. – ela concluiu, com um sorriso – então, caso vocês queiram viver, Regina deve estar dentro deste círculo daqui a menos de uma hora, quando o raio chegar.

– Mas então ela vai morrer – observou uma voz que Emma pensou ser a de Henry, mas logo percebeu que era infantil demais para ser a dele. Olhou para trás e viu, no meio da multidão, que quem havia se pronunciado era Roland, o pequenino filho de Robin Hood.

Wilma sorriu para o garoto.

– Menino esperto – disse.

– Tem que haver outra maneira... – ofegou Emma, aturdida. – Nós vamos usar nossa magia juntas, nós vamos afastar esse... Raio...

– Não há maneira – rebateu Wilma – Como eu disse, somente Regina e Henry são capazes de impedir a destruição da cidade, sacrificando suas vidas. Se qualquer um de vocês tentar fazer isso... Não se iludam... Estarão morrendo em vão. A cidade ainda seria destruída. E sim, a magia da Salvadora e da Rainha Má pode ser poderosa, mas desta vez, não será o suficiente. Absolutamente nenhum poder pode parar o raio ou anular seus efeitos. Talvez a única magia profana o suficiente para realizar tal feito seja a magia do Senhor das Trevas, mas como todos sabem... Ele está morto.

Todos começaram a falar ao mesmo tempo, agitados – alguns, Emma notou cheia de raiva, já estavam falando em pegar Regina e obrigá-la a morrer. E ela sentia-se como se houvesse um enorme abismo se abrindo no chão abaixo dela.

– Caso Regina não se sacrifique – continuou. – Ela e Henry estarão completamente sozinhos e em minhas mãos, então não importa o que vocês escolham, será uma vitória para mim.

Mas ninguém pensaria em deixar Regina viver, concluiu Emma. Todos já estavam ansiosos por matá-la, pois ela não significava absolutamente nada para ninguém além de Emma e Henry.

Aquela certeza atingiu Emma junto com um enorme choque e incredulidade. Wilma havia colocado-os em um beco sem saída. Ela queria desesperadamente pensar em uma solução para que ninguém morresse, mas daquela vez, simplesmente não havia resposta. Em completo desespero, seus olhos ficaram carregados com o peso das lágrimas que queriam cair.

Ao mesmo tempo, uma fúria fervia dentro dela, fúria daquelas pessoas egoístas, e principalmente de Wilma.

– Eu não quero morrer. E eu não quero perder minha mãe – disse Henry, com uma voz embargada capaz de destruí-la por dentro.

– Por que você fez isso? – vociferou Emma. – Por que permitir que Henry viva com uma perda tão dolorosa?

– Porque será divertido ver Regina tendo que escolher entre o que é certo e o que lhe é favorável. – respondeu a bruxa, proferindo cada palavra com rancor na voz – Se ela não se sacrificar, terá a morte de quase todos os seus inimigos e seu filho só para si. Como ela sempre quis. Esperemos para ver se ela vai morrer pelo que é certo ou ceder ao seu velho egoísmo. Você e eu sabemos, Srta. Swan, que a segunda opção é muito mais provável. E quando Regina se recusar a morrer por vocês... Você se despedirá desta vida com a certeza de que ela nunca te amou.

– Já chega! – exclamou David. - Você não dirá mais uma palavra para Emma ou Henry.

Wilma lançou-lhe um olhar de desdém, e disse:

– Escolham sabiamente. Vocês têm quarenta minutos. – e com isso, desapareceu.

Sentindo-se em um labirinto onde todos os caminhos levavam a uma armadilha, Emma ofegou, olhando para Henry. A ansiedade e o medo se espalhavam por seu corpo em batimentos acelerados e um suor frio. Henry parecia a ponto de chorar, e ela apertou seus braços ao redor dele.

– Eu deveria me sacrificar – disse ele, assustando-a. – Para que nenhum de vocês tenha que morrer.

– Não, Henry! – exclamou Emma, acompanhada por várias outras vozes que se manifestaram assustadas, ao mesmo tempo, diante da sugestão do garoto. – Você é muito importante para nós – disse ela.

– E vocês são muito importantes para mim – ele refutou, o olhar dolorosamente consternado. – Além disso, meu avô já morreu por minha causa. Não quero que mais ninguém morra por mim.

Neal aproximou-se do filho e disse:

– Meu pai não morreu por sua culpa. Ele morreu porque tinha que nos salvar.

Emma balançou a cabeça firmemente.

– Neal está certo. – disse. – Você não tem culpa de nada que está acontecendo.

– Nós nunca permitiríamos que você morresse, Henry – disse Snow. - em nenhuma situação.

– Ela está certa – manifestou-se Aurora de algum ponto da aglomeração, com firmeza na voz. – Regina é quem devia fazer isso. Depois de tudo o que ela fez, ela deve isso a nós.

– Então o que estamos esperando? – vociferou Leroy. – Vamos encontrá-la e pegá-la! – algumas pessoas reagiram com gritos de apoio, e Emma tinha a impressão de que não conseguiria controlar sua raiva.

– Vocês percebem que estão falando da minha mãe? – gritou Henry, com uma fúria que ela nunca vira no garoto antes. – Se ela morrer, Emma e eu vamos sofrer. Vocês não se importam com isso?

– Henry está certo – concordou Emma. – Se quiserem matar Regina, terão que me matar primeiro. Ninguém vai morrer hoje. Ninguém.

– Mas, Emma... – interveio David, e Emma notou que ele tentava soar cuidadoso com as palavras. – Tem que haver um sacrifício. Você ouviu o que Wilma disse, não há como evitar.

Emma começou a pensar, tentando desesperadamente encontrar uma solução, uma luz nos confins de sua mente.

– Não, não tem que haver um sacrifício. – deu-se conta. – Há uma forma de todos nós vivermos sem que Regina tenha que morrer para nos salvar.

– Como? – indagou Henry, esperançoso.

– Saindo da cidade. Wilma disse que o raio destruirá Storybrooke, então se nós estivermos longe daqui quando ele chegar, nós viveremos. Todos nós.

David arqueou as sobrancelhas, pensando no que ela dissera. Não era um plano muito bom, mas era definitivamente a melhor opção.

– Mas se nós sairmos de Storybrooke, nós perderemos nossas memórias – lembrou David. – Estamos presos aqui, se esqueceu?

– Bem... É melhor viver sem memórias do que não viver. Eu poderia orientar vocês... Afinal, Henry e eu não perderemos nossas memórias... E uma vez fora daqui, teríamos o mundo todo para nós. – ela sabia que Regina provavelmente não abriria mão de suas memórias, e pensar em sair da cidade para sempre sem ela era doloroso, mas ainda era melhor do que pensar em seu corpo sem vida no chão. Estremeceu com aquilo, e afastou o pensamento de sua cabeça.

Quando Emma disse aquilo, recebeu várias vozes revoltadas como resposta.

– Eu não quero abrir mão das minhas memórias mais uma vez! – exclamou Granny. – Não quando existe uma maneira de eu continuar vivendo com elas intactas.

– Mas é uma maneira que custaria uma vida! – rebateu Emma, perdendo a paciência. – Como vocês podem ser tão egoístas?

– Eu apoio a ideia de Emma – opinou Mary Margaret, segurando a mão da filha. – Não seria justo construir uma vida sobre o sangue de Regina. E sim, é triste ter que abrir mão de nossas memórias tantas vezes seguidas, mas... Emma ama Regina, e Henry também. E eu não seria capaz de deixar que eles sofressem só para continuar seguindo com minha vida inalterada. Isso seria egoísmo. Além disso, Regina é parte da nossa família agora. Ela é importante para todos nós.

Emma sorriu, e entrelaçou os dedos nos da mãe firmemente, dizendo "Obrigada". Quase desejou que Regina estivesse ali, para ouvir que fazia parte de uma família, mas preferia que ela não soubesse de nada daquilo.

– Bem... – disse David. – Eu posso não ser o maior admirador de Regina, mas... Se ela é importante para Emma e Henry, não deixarei que ela morra.

O sorriso de Emma tornou-se ainda mais largo. De repente, Archie, Ruby, Robin, Tinker, Neal e algumas outras pessoas se juntaram a eles, todos concordando que Regina não devia morrer e dispostos a ajudar Emma a protegê-la. Ela sentiu uma gratidão descomunal por todos eles, e de repente uma luz se abriu no fim do túnel. Aquela não era uma solução perfeita, mas era uma solução.

Ou pelo menos foi o que ela achou, até ver uma nuvem de fumaça roxa surgindo em um ponto adiante. Quando a fumaça se dissipou, Regina surgiu, um olhar atônito e doloroso em seu rosto. A aflição reencontrou o coração de Emma ao encarar em seus olhos.

Give Me LoveWhere stories live. Discover now