DOIS

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  Sites com teorias da conspiração, livros de astrologia, artigos de numerologia, história, terrorismo e até magia negra. Números e mais números. Foram horas para enfim entender qual a relação do número vinte e três com o último sonho do Oli.

  O segredo estava na soma dos números da data do ataque às Torres Gêmeas. A junção do dia, mês e ano do atentado: 11 + 9 + 2 + 0 + 0 + 1 = 23.

  Depois de mais esse sonho "decifrado", outra interrogação me acompanhou durante o caminho de volta para casa: Por que eu? Por que o Oliver?

  Às vezes eu penso que esses sonhos estão em nossas vidas como um enigma indecifrável. Algo cuja razão para estar acontecendo nunca será revelada; quele tipo de coisa que não foi feita para entendermos, apenas para aceitarmos. Os sonhos apareceram quando o Oli e eu começamos a namorar, e a cada dia acontecem com ainda mais frequência. É como se a conexão que nos liga, o Oliver a mim e nós dois aos sonhos, estivesse cada vez mais forte.

  Eu já ouvi falar que datas importantes ou algo marcante que aconteceu em uma determinada data, de alguma forma pode influenciar os sonhos de uma pessoa. Bom, esse definitivamente não é o meu caso, talvez nem o do Oliver. E isso só deixa tudo ainda mais confuso! Afinal, eu conseguiria lembrar de algo realmente importante para mim e que tenha alguma relação com o número vinte e três, sendo uma data ou qualquer outra coisa. Claro que conseguiria!

***

  A casa se resume a um silêncio sinistro, o que não iria ser diferente se minha mãe estivesse aqui. Ultimamente ela tem feito questão de ficar ainda mais distante de mim e do Thomás, que por enquanto também não está mais casa. Estou sozinha.

  Desde a última recaída do meu irmão, há quase um ano, ela, minha mãe, inventa qualquer coisa para ficar mais tempo fora de casa, longe. E sequer tenta disfarçar isso. De um certo modo eu consigo entendê-la. Não deve ser fácil ser mãe solteira, cuidar de dois filhos adolescentes, sendo que um deles é transtornado pelo vício em drogas. Sem falar em todas as outras responsabilidades que uma família traz para vida de alguém. Eu sei o que é isso em plenos dezesseis anos. Mas para mim tudo bem, sério, porque é essa a vida que eu tenho. "Aguente por hoje, Alexandra" - é a primeira coisa que penso todos os dias ao acordar.

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  Eu estava na cozinha, preparando chocolate quente quando um barulho de algo pesado caindo no chão do andar de cima me fez derrubar o copo que se espatifou aos meus pés.

***

  Tentei abrir a porta com o máximo de cuidado possível. Não dava para acalmar minha mãe com a desculpa de que eu estava na escola, até porque eu realmente estava na escola e deveria ter voltado seis horas atrás. Mas, foi um esforço em vão. Ela estava na sala, arrumando a mesa para o jantar, o que me fez lembrar que eu não havia comido mais nada desde o café da manhã além de alguns biscoitos enquanto estava na biblioteca com o Oli.

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