QUATRO

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  O tempo fechou de repente

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  O tempo fechou de repente. A lua que há pouco reinava no céu, banhando o mar com uma luz prata e cintilante, foi engolida pelas nuvens escuras e pesadas que ameaçavam despencar a qualquer momento nas águas agitadas do Pacífico.

  O navio subia e descia ao ritmo das enormes ondas, como se tivessem dançando uma coreografia perfeitamente sincronizada. Em meio a situação desconsertante e ao nervosismo inevitável, Clark se revoltou com as águas que conhecia tão bem quanto a palma da própria mão. Por mais que já tivesse corrido os riscos de uma tempestade em alto-mar antes, em todas as vezes, assim como nesta, ele tivera plena noção de que o pior sempre podia acontecer.

  - Poseidon! – Gritou para o céu cinza e carregado.

  Uma névoa densa como o sopro de um fantasma envolvia o pequeno navio quando um de seus tripulantes abriu a janela embaçada atrás da cabine, com uma visão para a proa, onde Clark estava.

  - Capitão Clark! - Alfred chamou pelo homem de braços abertos, ajoelhado na proa do navio que quando subia junto com as águas, dava a impressão de que por alguns segundos tocava o céu fantasmagórico; respondendo em trovões aos chamados de Clark. - O senhor não pode ficar aqui!

  - Eu sou o capitão, Alfred! Eu mando nesse navio! Você que não deveria estar aqui! Entre! Já!

  - Capitão, o mar está revoltado como eu nunca vi antes em todas as viagens em sua companhia.

  - É exatamente por ter sobrevivido a todos esses anos de navegação pelos mares do globo, que eu não tenho medo, meu caro! – Clark cerrou os punhos e cuspiu as palavras, querendo que o mundo soubesse o tamanho de sua revolta. Tentando entender o que estava prestes a acontecer. – Está me ouvindo, Poseidon? Eu não tenho medo de você!

  E como se respondendo a pergunta, um raio clareou o céu que parecia ter dado lugar as trevas, atingindo Alfred, que caiu no chão molhado da cabine do navio, ainda se debatendo, com as extremidades do corpo escurecidas e deformadas pela descarga elétrica.

  - Os vinte e três anos navegando por suas águas me tornaram tão deus quanto você! Os mares também me pertencem, assim como eu pertenço à eles! - E essas foram as últimas palavras de Capitão Clark antes do mar devorá-lo, junto com as outras três pessoas que faziam parte daquela tripulação, para todo o sempre.

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