ONZE

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    Eloise ficou desolada

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    Eloise ficou desolada. A notícia de que Alexandra estava com câncer no sangue foi o motivo de todo o desespero. E eu também senti sua tristeza, porque quando momentos como esse acontecem, as primeiras hipóteses que surgem na mente são as piores possíveis. Eu sabia disso. Depois a gente para, pensa e tenta se acostumar à notícia ruim. Só então passa a querer que tudo fique bem outra vez. Mas até que os pensamentos positivos, mesmo que forçados, venham, tudo em volta parece existir em tons de cinza. Esfria. Murcha. E algumas coisas também morrem. É quando existirá espaço para a esperança, seja ela qual for. Quando eu abri a porta e ela se atirou em meus braços, contou sobre Alexandra e eu a abracei de volta, foi como se todo sentido do mundo estivesse ali, envolvendo em seus braços nós dois. Eu senti cada segundo daquele consolo mútuo porque em algum grau eu estava triste também; por motivos diferentes e aquele em comum. Então as duas tristezas se afagaram, é só assim que isso funciona. Ela ainda nem sabia sobre a minha suspensão.

  Depois de "Leucemia", nenhuma outra palavra foi dita. Não havia espaço. Não precisou.

  Eu a levei de volta para casa, e durante o caminho pensei no incidente do colégio e no que eu deveria fazer para ajudar meu pai. Eloise nem percebeu que acabei a deixando na varanda de casa, e não à algumas quadras de distância, como sempre fazia. Ou se percebeu, não falou nada; talvez quisesse que fosse daquele jeito.

  Na minha volta, uma chuva fina começou a cair sobre Hill Course. Ruas desertas começando a ficarem úmidas. Não me apressei, gostando da sensação de ter as gotas minúsculas e geladas tocando meu rosto, disfarçando o toque quente das lágrimas.

  Em casa, antes de tomar um banho, torcendo para que depois eu só pudesse descansar, passei no quarto do meu pai para ver se estava tudo bem. Dormindo.

  Deixei a água cair sobre meu corpo, querendo que levasse todo e qualquer excesso daquele dia lotado. Minha mente exausta pensando em todas as coisas e se resumindo à uma: A pichação no colégio. As anotações em meu caderno sobre os Ataques de Onze de Setembro acabaram me incriminando, e claro que era exatamente essa a intenção de quem quer que realmente tenha feito aquilo. Então eu lembrei de uma parte da acusação do velho Linsembroden, que em meio ao absurdo da situação eu deixei passar sem me preocupar como deveria:

  "eu recebi a denúncia ..." 

  Meu celular tocou antes que eu chegasse à qualquer conclusão sobre a possibilidade de outra possível pessoa além da Eloise e eu saber sobre os sonhos.

  Ainda molhado, enrolei a toalha em volta da cintura e fui até o telefone que continuava tocando na cozinha; havia o deixado lá enquanto preparava um sanduíche para depois do banho.

***  

  - Hey, Oliver! Adivinha quem nunca desiste da luta e acabou de descobrir o número privado que te enviou aquela mensagem?

  - Sério, Jotapê? - A voz dele saiu num suspiro que misturava um certo alívio com uma dose a menos de empolgação. - Você não teve mais problemas com os vírus?

  - Eu até tive - confessei - mas você achou mesmo que eu fosse desistir tão fácil?

  - Cara, valeuzão, mesmo. Talvez esse tenha sido o melhor momento pra você me dar essa notícia. - Ainda sem a empolgação merecida.

  - Tudo bem... - E antes que o silêncio murmurado, que pareceu se instalar em todo lugar desde a confusão na Broken, deixasse a conversa desconfortável, eu toquei no motivo. - Então, eu soube da Alexandra... Que barra, né?

  - Pois é...

  - Mas ela vai sair dessa. O segredo é não desistir!

  - Não desistir.

  - E a Eloise, como tá?

  - Acho que agora, só querendo que tudo fique bem. Mas você sabe, Alexandra é a melhor amiga dela, então...

  - Sei, sim. É isso, então, Oli. Eu vou te enviar o número por mensagem e força pra vocês aí.

  - Valeu, Jotapê.

***

    Vibrações. Um ruído soterrado por uma massa escura de pensamentos. Foi assim que a mensagem do Jotapê chegou até mim. Um lampejo despertando em minha mente exausta. Percepção. E antes de qualquer consequência, eu mandei uma mensagem para Eloise.

***

CONTINUA

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CONTINUA...

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