Os namorados Oliver e Eloise se encontram no meio de uma trama de misteriosos sonhos envolvendo o número vinte e três. Ao tentarem descobrir o motivo pelo qual os sonhos, aparentemente desconexos e inexplicáveis, estão os perturbando, eles descobrem...
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- O que você tá fazendo aqui, John? - Foi a voz de Eloise que atravessou minha mente que divagava em algum lugar longe dali, tentando descobrir o verdadeiro significado para ele estar segurando aquela única rosa entre as mãos.
John.
Eu, portador de uma obsessão mórbida.
- Eu? Vim ver se algum defunto precisa de uma mãozinha pra levantar da queda.
Ouvindo o barulho abafado de uma ironia que parecia estar grudada em meus olhos, mantendo-os fechados. Esperando
- Você não tem noção mesmo, não é, John? Com que direito você acha que pode vir aqui e dizer essas coisas?
Sentindo o tremor de uma revolta doída. Confusa.
- Eu só vim me despedir dela, ok?
Querendo achar o caminho de volta. O sentido de tudo.
- Isso não faz sentido algum. Nem quando nós dois estávamos juntos você sequer dava oi pra Alexandra! Espera, ela me falou algo sobre você ter escutado o Oliver e eu...
Silêncio.
- Claro, porque todo o sentido do mundo tá com você, não é, Eloise? Que esperou a amiga morrer pra se importar de verdade com alguma coisa.
Um grito.
- VOCÊ NÃO TEM O DIREITO DE FALAR ISSO, IDIOTA!
Vinte e três e uma mensagem anônima.
Uma parede manchada cobrindo um rosto contorcido pelo deboche.
O barulho de um celular tocando.
A volta. A razão. Os olhos se abrindo e eu correndo, partindo para cima, pensando na única coisa que deveria ter feito no dia em que fui atrás de Eloise no hospital: Derrubar o muro enorme e pichado com vinte e três golpes.
Uma obsessão sombria.
***
Oliver partiu para cima de John, acertando um soco em seu rosto que o fez cair, batendo a cabeça em uma cruz de pedra sobre um dos túmulos ao lado.
Pensei em correr, tentar conter mais alguma investida do Oliver, mas John permaneceu imóvel por alguns segundos que pareceram eternos, e o medo do pior ter acontecido paralisou o mundo a nossa volta. Até que John despertou, abriu os olhos e arrastou-se até a cruz de pedra que abriu um corte atrás de sua cabeça, usando-a de apoio para se sentar sobre o túmulo. O sangue escorria em uma linha escura pelo pescoço. E antes que Oliver partisse para mais um round, eu me pus entre os dois.
- A troco de quê você vem fazendo isso, John?! - Ele cuspiu, segurando com força meus ombros, me tirando do seu caminho até John. Não havia mais ninguém a vista no cemitério além da gente. Não havia nada que eu pudesse fazer para conter o choque daquelas duas raivas. Oliver berrava à centímetros do rosto de John, o segurando pela camisa prestes a se rasgar. - Por quê?
