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       Estamos no mesmo bar de sempre, com as mesmas pessoas, bumbuns e batatas, todas murchas.

Mesa 5.

Bebendo cervas baratas, amendoins baratos, barato que o pó continuamente nos revela.

Adorooooooooooooooooo.

Impregnando o ar com fumaça fedorenta, enchendo nossos pulmões de toxinas.

Um dia como qualquer outro.

Seria assim...

Mas...

A chegada de um garoto de cabelo vermelho. Fitou-nos durante meia hora, puxa papo depois de cinco cervas e um rubro maço de cigarros.

      Dou atenção ao assunto que gira na mesa e para subitamente na minha face irada

Ciúmes?

O carinha é bonito!

Não sou viado!

As bocas continuam o debate. Deus, o garoto pronúncia para alegria dos meus amigos seu discurso.

-Deus? Odeia-me-

Vermelho no cigarro e cabelo, nome complicado, descreve uma cadeia de acontecimentos, diz que temos a mania de culpar:

Culpamos por hierarquia,

Nossos pais por sermos assim;

Amores pela rejeição;

Empregos pelo cansaço;

Mulheres por impotência;

Culpamos Deus por tudo e um pouco mais.

Penso: Sou gordo, pênis curto e você com esse cabelo cool e belo rosto só cuspindo merda.

Digo:

_A quem devemos culpar?

_ Seja responsável pelos seus atos, pois não faz sentido descarregar suas falhas em meios externos, mesmo que Deus exista, ele não é culpado por suas infelicidades.

 Crianças riem, brincam, pulam, mesmo que ainda suas barrigas gritem...Fome!!!

“Enquanto tolos procuram culpados, sábios procuram soluções”.

-ele nem ao menos diz quem citou isto-

      Vejo karol rindo a cada palavra dele, Jonas oferece o veneno branco recusado com total educação.

Um careta de merda querendo dar sermão!

O que ele sabe, veste roupas alternativas, deve ter uma namorada com gostosos lábios prontos pra chupá-lo.

Eu não sou culpado pelo crime de nascer com mais de cem quilos mal distribuídos.

_ Esse é o meio de viver com dignidade a vida.

Penso: Essa não é minha verdade.

HipopótamosOnde histórias criam vida. Descubra agora