Capitulo 3

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Meu avô viu o muro caindo e depois saímos de nossa casa, perdendo o nosso único bem, hipoteca.

_Hipócritas!!

Hospedados em um bairro sujo, logo percebemos que nossos irmãos estavam todos ali; Na mesma situação, guetos cheios de pombos, cheiro de merda inalada no ar.

Perdemos todos os direitos, sobraram duas medalhas vendidas.

Na escola os pombos eram os ratos alados.

Mundo afora isso aconteceu.

O termo punk sendo utilizado para hostilizar os jovens.

Jogaram nossa essência no lixo?

Como alguém pode tirar algo que não pode ser tirado?

Como uma roupa velha sendo trocada por uma nova;

Porque perdemos nossas roupas para eles?

Nunca entenderia essas perguntas escritas na carta de suicídio de vovô. Estourou os miolos com sua arma dada de presente pelo presidente de bela face.

Procurei o mesmo fim, azar o meu a porcaria emperrar.

_Maldita velharia!

Na praça as pessoas gritando quando me aproximo;

_ Piolho sai daqui!

Os safados mal sabem que aquela estátua, aquele herói representa meu falecido avô.

Agora sou apenas um mendigo a vagar nas ruas.

Você me olha e depois esquece;

Todos esquecem;

Eis a maior virtude dada por Deus às pessoas;

Vago em meio ao esquecimento.

"Abençoados são aqueles que esquecem".

Esquecer de comer, de viver, de sentir.

Sou uma sombra no seu lindo dia;

Um borrão na sua bela praça.

Tenho péssimos dias!

Todos esquecem!!!


Hipopótamo


Muito menos o cigarro conseguiu manter a calma diante do ocorrido. Cheguei perto do corpo amado. No momento o remorso havia. Escorria sangue e um leve desejo penetrou na camisa despedaçada, porém necrofagia nunca praticou. Olhei ao redor pelo susto do possível barulho.

Marulho.

Aquário.

_Eu sabia que você apenas ia transar com ela!

_Mas eu...

_Tolo quem amava quem?

_como?

Fitei as costas de K e perto da sua bunda havia algo que não quis de inicio reconhecer.

-Não podia ser!-

Um hipopótamo tatuado, um amor perdido, drogas ausentes que nunca deram a visão ampla. Mais cego que Borges e muito menos capaz para escrever aqui toda a sensação do dia.

Lagrimas.

O enigma devorou-me o coração.

Fugi.

Casa, cidade, vida.

Por obra divina não fui preso.

Ou,

Castigo.

Vaguei perdido seguindo o hipopótamo.

Como deixara de ler as notícias nunca soube o fim daquela história, contudo a previdência numa certa conversa na fila do hospital.

Um senhor de apenas um olho acordado relata estranhos acontecimentos;

_ O cara matou a mulher a mando do coelho!

_completamente bêbado, uma velha uivou;

_Soube que o tal cortou a garganta no mesmo dia.

_Alguém viu Donnie Darko?

No mesmo dia andei com mais pressa pra fugir da consciência a martelar. Louco e mendigo.

Mais um pombo.

A maldição abraçara-me, mas não protegia do frio;

Da fome;

Nem mesmo o sobrenome valia algo.

E, contudo não restara lembrança dele.


50+3


Amputei qualquer lembrança da vida, porém, guardei tudo sem o menor pudor rabiscado no velho bloco de anotações usado e carregado como medalha.

O mesmo que anotara os pombos.

Talvez tudo esteja unido, quiçá nada faça sentido.

Vendia pelas esquinas, para os mesmo jovens de cabelos coloridos e aparência cool, ás vezes para suas namoradas de belos lábios. Arrecadava o suficiente para um prato de comida, nem sempre, rendia algo as velhas xerox mal escritas, pois na faculdade as letras tinham pouco poder, quem sabe as tetas, nas terças. Parei de frente daquela grande casa divina, o circo com seus bizarros personagens.

Um almoço a base de restos esquecidos, os mesmos antigamente depositados na mesinha de casa. O teto agora possuía um sol que derrete ou friamente agüentava-me com meus trapos velhos.

Lembranças de meus amigos, vícios, pombos, K.

O hipopótamo corria feliz pelos corredores da igreja. Um pouco de fome meu estomago afirmou.

As pessoas nas ruas procurando algum tipo de salvação.

Contemplação.

E, eu apenas queria entrar naquela casa para escapar do frio, afinal perdera minhas asas.


FIM

HipopótamosOnde histórias criam vida. Descubra agora