Estrelas do hotel.

1 0 0
                                    



A suíte merecia cada estrela na sacada, mesmo se localizando num fim de mundo como aquele. Tratamos de nos alojar rápido para descansar da dura viagem. Um belo banheiro, uma linda cama, muitos adjetivos na boca dela. Querendo-lhe botar o pênis pra fora e ela engolindo um desconfiado bolinho largado na sacada.

Na dúvida, cuspa!

Alguns minutos depois sua aparência condenava o achado.

Meio febril.

Muito descuidada.

Meia xícara de café.

Tv ligada e fui tentar roubar-lhe um osculo, ganhei uma escura marca no rosto, queimado no susto.

O impulso ante ao afeto, diante do desconhecido.

Uma semana depois a marca tomou aspecto de um símbolo blasfêmico visto pelas retinas cansadas da mulher. Causou nossa separação, queimadura vietnamita a base de cafeína.

Tudo por uma tentativa doce de aproximar-me dela. Lembro da vizinha batendo na porta pedindo um pouco de açúcar para o seu chá.

Sweet acabou!

Breve resumo dela.


Após nosso apoteótico casamento e chegada naquela cidade no meio do nada. Separados por signo diabólico. Morou naquele hotel ingerindo vitaminas e chás por mais alguns anos. Aconteceria de uma fresca tarde de verão o gerente expulsá-la devido a atrasos de pagamentos.

Será que considerou que alguém pagaria sua conta?

Marido?

Igreja?

Amigos?

Não existia mais ninguém!

Sem cama pra deitar resolveu procurar nas dos outros.

De uma vida pura para uma puta (não consegui perder o trocadilho) sexmachine, que apesar de seus quase quarenta anos, ganhava mais elogios e gemidos, gozos e falsos gritos do que qualquer ninfa/lolita da região. Mônica Belluci caminhando na praça escondendo um sorriso, com seu decote dando vazão ao seu vasto par de seios, lindos e desejados. Não poderia ser de outra forma, os homens da cidade logo ficaram encantados por ela. Fariam absurdos para mantê-la ali, para tê-la ali. Aceitar um bordel dirigido por ela foi à mesma moleza que encontrada na cama muitas vezes. Domingo vestida de beata (o trocadilho fica por sua conta) engordava a conta da igreja, os pastores cegos e felizes dirigindo carros importados. As obras realizadas a todo vapor das máquinas sexuais. Várias senhoras fofocavam entre intervalos comerciais, impassível com a puta de pacto com diabo que havia roubado seus maridos.

Não!

As madames. Práticas, nem cegas, fingiam e aceitavam as noites sem os maridos. Quando a maioria deles madrugava no estabelecimento Eva doce, e nenhuma delas reclamava em público a quantidade de tensão perdida e a qualidade de tesão oferecida.

Com tudo, e afinal a grande igreja construída no centro comercial patrocinada em grande parte pelos altos gritos e gemidos de seus respectivos clientes. E é claro que também um pouco de reza, Deus agradece.


17:26


Converter as pessoas não ia ser fácil, mas não era só Jesus que expulsava demônios. Na comitiva existiam os mais capacitados servos para a missão.

Dona Euzébia;

E seus acessórios contra o capeta, água benta, cruzes a partir de dois reais no camelo ou na lojinha dela. Na luta contra o demônio ela afirmou tê-lo enfrentado muitas vezes na pele do seu marido, Pastor da gloria;

Também da igreja. Sua capacidade aguçada para enxergar diabos, ou endiabrados moleques o colocava na linha de frente. Uma vez perguntei-o se havia lido Dante. Nunca ouvia falar na Divina comédia, acreditava mais numa pinga maldita, habito comum antes do encargo. Contávamos com um dos lideres da assembléia que vinha sob regime de supervisão, como detestava bípedes e possuía um gosto especial por dinheiro, tratei de chamar-lhe pelas costas de ciclope. Unam esses personagens ao garoto que aqui fala, dando conselhos aos jovens rebentos; como o mundo é lindo e divertido, mas em cada esquina espreita o maligno. No final apenas sobra dor arquejada pelos ossos. E mais, a esposa/sexmachine com seus conselhos puritanos e que me pedia via conexão local para enfiar um dedo no seu ânus.

Moralismo.

Perdi há muito tempo.

Querido leitor se por sinal pareço um pouco frio e distante; estávamos distantes de nossa casa e uma ocasião num belo domingo de sol salvou tudo. Certamente enforcar-me-ia numa árvore ou seria transmutado em árvores cujas negras folhas as harpias dilaceram.

Parem tudo!

Não encontrei Beatriz.

E sim aquela amada vadia, meu amor, K –rol.

HipopótamosOnde histórias criam vida. Descubra agora