18:43

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As coisas mudam como o passar do tempo, com o levantar da poeira, pensei ao vê-la empurrando ao longe um carrinho de bebê, duplo, gêmeos numa rua sem asfalto.

Sorri ao encarar seu rosto, reconhecido pela sombra de um maldito astro a manchar uma camisa azul mal passada.

Esquecemos o passado.

Ao menos ela deixou claro isso.

Paramos no boteco sujo para beber água.

Tentei resumir os fatos.

Mortes, mortes, paixões, drogas.

_ Assustei-la?

Entre lágrimas e confusão mental engolia copos de requeijão d água.

Rimos um pouco da assembléia e casamento como paródia do Monty Python.

Questionei-lhe como andava Alberto, e uma alteração no rosto foi percebida, ela não vacilou em ocultar.

_ Problemas com álcool.

_ Vocês tinham entrado para a igreja?

_ Certamente, contudo duraram alguns meses e depois começou a ingerir álcool com muita pressa.

_ Motivo?

_ Motivo! Duvido que o aja, mas anda muito estranho!

-Estranho, o cara abusou de você já!-

Tentei não passar a impressão de odiá-lo neste momento.

Fitando aquele corpo esbelto imaginei que nada muda, outrora diria que aqueles olhos de Capitu queriam um pouco de pó; ofereci um ombro amigo e uma visita na sua casa.

_ Fico feliz em revê-lo, traga sua mulher e quem sabe conversar com o Al, sempre foram amigos.

Fingi rir da amizade dele e da sabedoria dela, afinal ainda não possuía a queimadura blasfêmia.

Ótimo!

Enquanto anotava o endereço no guardanapo e uma incrível sensação percorria meus dentes e secava a garganta.

Comprei um cigarro varejo – e como sai caro comprar essas porras - uma merda com nome peculiar (plaz) as melhores marcas os piores cânceres.

Depois de acenar um tchau fiquei parado olhando sua bunda balançar entre fumaça e pessoas desconhecidas. Entre eles não fingi uma felicidade; endereço e Alberto uma dificuldade;

Hei senhor me vê mais um cigarro!


Capitulo 2


A segunda guerra não tardou para acontecer, devido ao que o tenente afirmara muitos impostos. Os supérfluos são muitos, e precisamos acabar com isso;

E necessário exterminar alguém.

Esse alguém; decidido e escolhido por deus seria os judeus.

Apesar da matança, nós aliados preocupados com o crescimento do inimigo (os mesmo que mais tarde iriam ser amigos contra os vermelhos, e depois inimigos unindo-se aos rubros orientais) Esses malvados pregavam o fim de quaisquer raças de pombo paradas na rua. Seus discursos impregnados de "os inferiores" e maior motivo não haveria para uma gigantesca massa bater asas, lutar e perder a vida nesta guerra.

Guerra perdida para milhares de judeus.

Perdida para crianças.

Sendo uma também me perdia em frente aos noticiários anunciando o fim. Graças à tropa comandada por meu avô, descobriram o código da terrível maquina Enigma. Só podia ser uma charada pensar em construir algo para destruição em massa.

Apenas um botão.

BUMMMM.

Ainda bem que os aliados diziam que apenas servia para se defender.

Nunca compreendi a definição dela; segue na época o que estava escrito no dicionário.

Defender: auxiliar, socorrer; oferecer resistência a;

Socorreram a quem?

Jogando bombas nos amarelos. Logo após as pazes.

Resistência a quem?

Aos já destruídos e incapacitados por causa dos altos empréstimos bancários.

Os bancos defenderam seus direitos, seus lucros.

Pombos mortos.

Milhares.

O mundo mudava radicalmente, uma nova fase surgia, uma nova roupa exigia.

E nós não estávamos mais inclusos nela.


19:21


Um cochilo interrompido por um abrupto cochicho entre as elites da cidade e a nova igreja. Dona Euzébia pessoalmente avisara-me da missão especial da qual fora convocado. Havia um garoto na cidade, mais propriamente o filho do prefeito, com sérios problemas. O dito cujo tinha o capeta no corpo para alguns ou apenas queria impressionar a nova namorada, uma vaca fã de Marylin Manson e de números da besta. Alguém próximo da família afirmara que o garoto e circulo de amigos mantinham encontros satânicos cheios de drogas e orgias. Refleti alguns minutos engolindo café a situação. Voltar pra cama, para o meu lindo sonho de ser o Albarn em turnê e com todas as suas bandas, contudo desisti da ideia ao notar que o Oásis iria junto e preferia sair de casa a aguentar minha esposa.

A casa mal assombrada onde os garotos encontravam-se possuía sistema de ventilação e televisão a cabo. Fui recebido por engano, como entregador de pizza.

_ Tenho coisa melhor à bíblia!

_ É de comer?

Quatro meninos além da vaca num dos quartos com piso pintado, um grande pentagrama. No meio um pote, garrafa de maionese.

Para espanto minha marca preferida. Algum sino batia no estomago.

O perfeitinho berrava entre gemidos dos seus amigos:

_ Eles dominam o mundo, dê-me o poder dos homens infernais.

Sua namorada, de sutiã e calcinha, destampou-lhe; o podre chegou aos meus olhos, e espantosamente entre gritos na sala comeu um pouco da verde pasta. Perdi o apetite, na tv alguém extraia o apêndice. O pânico tomou conta quando a garota começou a sentir-se mal.

Chamem um médico.

Legista.

Chamada anunciada na caixa a cabo, Pâmela Anderson.

Atenção perdida.

Telespectadores garantidos.

_Tem um pouco de coca cola aqui?

O rapaz respondeu com tanta rapidez e coerência, lógica da coca que ao ser ingerida pela menina, ficou melhor. Depois do ocorrido achei prudente afastar-me daquilo, é serio demais para virtudes de menos. Deixei a bíblia como consolo mesmo sabendo que seria usada para provar que Caim existe e logo vampiro existe também. Que os infernais não lhe deem nenhuma obstrução estomacal, qualquer crise emocional. Parti da casa com a sensação do dever cumprida, nunca mais como maionese e necessito urgentemente de uma tv a cabo, não quero perder os shows de Albarn, nem os grandes seios.

O grande irmão agradece!

HipopótamosOnde histórias criam vida. Descubra agora