23:56

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Demorei uns 56 minutos para encontrar algum sujeito disposto a vender drogas no beco escuro da cidade infestada de ratos, uma praga. Segui empurrando a pedra de Sísifo rumo a uma clareira utilizada para fins recreativos. Sujei o nariz, manchei os pulmões.

Liberdade.

Desisto.

Larguei o deus da igreja com seus dízimos e contradições.

Largarei a esposa;

A maionese;

Compromissos.

A sanidade. Aprisiono e jogo a chave fora.

A razão.

Voltemos ao vício.

Dez minutos depois os tetos vigentes ao redor tremiam diante de algum tecno-rock. Imaginei uma grande aldeia, rave, porém entre pulinhos animados fiquei triste ao constatar que o mercado já assimilara com bastante antecedência. Pensei que Mercúrio pegar-me-ia pelo colarinho, pelo desrespeito, contudo o peso atrapalharia qualquer divindade.

Doideira!

Meus ouvidos escutam o bate estaca repetitivo ao eterno.

Estou preso?

Não.

O motor da insanidade.

O motivo da saída. Possuía nome, karol.

Sim!

O momento chegara e nada faria hesitar. O plano proposto pelo hipopótamo ao bater Exit, na minha cara, redigido numa antiga máquina.

Yes!

Agora apenas restar-me-ia dar fim a esta história gorda e cansada demais. O mármore rolou abaixo.



00:56



Perdi quase uma hora ao voltar a subir o morro, venho explicar o barulho há pouco. Consistia no celular comprado pela puta esposa. Largado perto de uma arvore, esquecida. O ring altamente tecno, sendo executado sem parar. A causa da ligação, procurar algum lugar esta hora pra comprar leite. Vitaminas e tomar café.



19:59



Marquei um encontro com Alberto e Karol, ambos precisavam resolver a situação com o casal. O relógio martelava oito horas; meia hora encontraria com Al. Logo a seguir estaria de frente ao meu amor, nem que fosse pela ultima vez.

Decidido a revelar meu amor, solteiro, sairemos desta maldita cidade cheia de poeira e com péssimo pó. Fugir juntos. Cuidarei das crianças, o melhor pai do mundo.

Não abandonarei ninguém na cruz.

Sem falsos compromissos.

Ensinar a nadar em nossa piscina.

A transar feitos loucos nas madrugadas onde você chamar-me-ia de meu querido hipo.

O plano arquitetado durante banho notívago, véspera de alguma festividade, minha memória arrastava-se com muito esforço para dentro da roupa, o tic-tac gritava, era tarde já.


HipopótamosOnde histórias criam vida. Descubra agora