Encontro de Sedução

Capítulo 1

Três anos depois, Paris – França

Diante do imenso espelho no interior do meu closet, eu fito a imagem da pequena mulher, num vestido de gala e mordo o lábio inferior, satisfeita. Essa noite é de grandiosa importância para mim, pois além de comemorar o centenário da Vins Champoudry, vou lançar dois espumantes, depois de longos anos de muito trabalho. Claro que, mesmo sendo doutora em arquitetura, eu dei o máximo de mim a este feito, apesar de não ter acompanhado todo o processo, graças ao outro grande ato: espalhar a revista Ellementary por alguns países da Europa, como França, Itália, Alemanha e Espanha. Claro que a aceitação, de início, não foi nada fácil, todavia, fiz o que pude para realizar o sonho da minha mãe: de ter uma revista com reconhecimento mundial.

O tecido azul marinho ganha um destaque impressionante na minha pele alva, intocada pelo Sol. Eu posso não ter estudado moda, mas graças aos quatro anos de revista, tendo que lidar com os mais famosos estilistas mundiais e modelos, eu adquiri um pouco do bom gosto que eles parecem emanar. A saia em chiffon possui uma fenda na perna esquerda, que revela mais da metade da minha coxa. O decote coração valoriza o meu colo e a renda vai da cintura até as mangas. Meu scarpin é nude, meu cabelo, agora loiro escuro, está preso num coque e a maquiagem discreta, exceto pelo batom bordô.

— Aqui estão, mademoiselle — diz Mirela, aparecendo ao meu lado, olhando algo em mãos. — Oh, mon Dieu! — Oh, meu Deus! Ela exclama ao me olhar. — Mademoiselle est parfait! — A senhorita está perfeita. E arregala os olhos.

— Você acha? — Olho-a pelo espelho, enquanto ela me oferece um par de brincos pendurados.

— Tenho certeza.

— Merci. — Eu sorrio e coloco os brincos. — Estou tão nervosa.

— Não precisa ficar. Eu sou capaz de apostar que a mademoiselle fará um lindo discurso.

— Eu sequer preparei algo, Mi. — Suspiro, frustrada.

— As palavras sairão do seu coração, mademoiselle.

A mulher magra e esguia me passa toda a confiança de sempre. Os doces olhos verdes me fitam com admiração e a pele alva já mostra indícios da proximidade do meio século de vida.

— Eu tenho que fazer bem feito. — Pego a clutch envelope sobre da ilha de acessórios e inspiro fundo. — Não é todo dia que se comemora um centenário. Tem certeza de que não quer ir?

— Acompanharei a cobertura pela televisão. Lá não é o meu lugar, mademoiselle.

— Está bem. Não vou insistir.

— Merci. Vou avisar ao Tobias que já está pronta.

— E acalme a Tiana, s'il vous plaît. — Por favor.

— Excusez-moi. — Com licença. E ela sai.

Eu vou logo atrás, calmamente, desço a escada, ouvindo o eco dos passos da Tiana, ciente de que ela caminha de um lado para o outro sobre meu adorado piso de madeira.

— Final... — Ela se interrompe. — Oh, mon Dieu, El! Que linda que você está!

— Merci, Ti. — Sorrio e a cumprimento com dois beijos.

— Mais um motivo para ser capa de revista amanhã.

— Ah, para. Você também está linda.

Seu vestido é longo, plissado, de decote em V profundo, cintura marcada e azul celeste, destacando sua pele negra. Os cabelos castanhos escuros num long bob ondulado e a maquiagem realça sua beleza natural.