Capítulo 19

79 8 4
                                    

Eu fito o lustre do meu quarto, enquanto minha cabeça me deixa louca com tantos pensamentos. E se Tiana tiver razão? Eu sei que o assédio da imprensa vai aumentar quando eu disser que comprei a E. V. Barot e isso pode deixar o Benjamin totalmente desconfortável. Eu fico, mesmo com mais tempo em contato com a imprensa do que ele. Tive que fingir que estava dormindo para que ele fosse embora e por termos tão pouco tempo juntos, ele acabou acreditando. Eu não queria que ele fosse, porém, eu preciso respeitar suas decisões e arcar com as possíveis consequências.

Viro-me e olho a hora no despertador; passa das duas da manhã. Graças ao cansaço da viagem, sou capaz de apostar que Benjamin Campbell já está desmaiado em algum quarto de hotel; fui tola em achar que ele ficaria. Eu só não entendo essas manias sem nexo dele. O que há de mais em dormir aqui? Tenho cinco quartos desocupados. Solto um suspiro, e sento, calçando as pantufas. Acendo a luz do abajur, pego o robe e saio do quarto, o vestindo. Desço a escada, amarrando a corda e sigo para a cozinha. Fiz esse caminho tantas vezes na minha vida que sou capaz de acertar até mesmo de olhos vendados.

Dessa vez, a luz da Lua ilumina o cômodo e lá, eu me deparo com mais duas paredes de vidro. Mamãe quem quis que isso fosse feito. Papai temia que comprometesse a estrutura, porém, vovô Maurice fez um excelente trabalho.

E como na minha primeira noite em Paris, eu preparo um chocolate quente, me acomodo à mesa e fito a caneca. Dessa vez, porém, quem aparece é o Thierry.

Mademoiselle? Está tudo bem?

Oui. — Dou um pequeno sorriso. — É apenas uma insônia que costuma me dar o ar da graça. O que faz aqui?

— Eu vi as luzes acesas... Deseja que eu faça algo?

Merci, mas eu já fiz o meu chocolate quente e estou bem.

— Tem certeza?

— Absoluta, monsieur. Vá descansar. Mais tarde eu vou precisar de um café da manhã dos bons para enfrentar o dia corrido.

— Como desejar. Excusez-moi. — Ele se afasta, voltando em direção ao quarto.

Assopro a caneca e beberico, me deliciando com o líquido quente e cremoso. Observo a grama baixa próxima a porta de correr de vidro. Um movimento distante me chama a atenção e eu olho, encontrando um homem completamente de preto. A julgar pela posição em que se encontra, é um dos seguranças que Castillo contratou.

— Sem sono? — Questiona ele e eu o olho.

— Sim. Chocolate quente? — Indico o bule e ele se serve.

— Foi você quem fez? — Lorenzo assopra e bebe.

— Sim. Aprendi com mamãe. — Volto a minha atenção para a caneca à minha frente e bebo um pouco.

— Tiana surtou ontem.

Eu o olho outra vez; Lorenzo está recostado contra a ilha, me fitando por sobre a caneca fumegante e eu dou de ombros.

— Tiana tem que cuidar da vida dela.

— Seja sincera, Elena. — Ele se aproxima e ocupa uma das cadeiras da imensa mesa quadrada. — Acha mesmo que Benjamin vai suportar a pressão da imprensa?

Eu dou de ombros outra vez.

— Se ele não suportar, pode ir. — Olho no fundo dos olhos azuis dele. — Sinceramente, não vai ser a primeira pessoa a me abandonar e você sabe disso muito bem. Sabe mais da minha vida do que eu mesma, acredito.

— Sou seu assessor. Se faz necessário que eu saiba do que é importante. Está com medo?

— Sinceramente? Um pouco.

Encontro de SeduçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora