Capítulo 2

207 16 3
                                    

Ouço algo atingir o vidro da porta francesa do meu quarto e isso me desperta. Embolo na imensa cama de casal, procurando uma posição que favoreça a volta do sono, mas o barulho se repete. Acendo a luz do abajur, saio da cama e calço as pantufas. Visto o robe carmim, amarro a corda e vou em direção à varanda. Outra vez o vidro é atingido e o meu sangue ferve. Felizmente ainda não estamos no inverno, do contrário, eu mataria quem quer que estivesse me tirando a paz. Abro a porta francesa e uma rajada de vento levanta as cortinas de voil, bem como agita a barra da minha camisola de seda. Aproximo-me do parapeito da varanda e olho para baixo, encontrando Benjamin Campbell. Meu coração acelera.

— Ficou louco? — questiono, de dentes cerrados.

— Desde o instante em que te vi entrar naquele salão essa noite.

— Vá embora! Não tem noção da hora? — Eu me abraço, com frio.

— Deixa eu subir. Estou congelando.

Non! — Não!

— Elena. Por favor. — Junta as palmas das mãos.

Mesmo usando jaqueta é possível ver que ele não se deu ao trabalho de trocar de roupa. Seus cabelos escuros estão desgrenhados de uma maneira sexy e eu me pego mordendo o lábio inferior.

— Vai. Embora — digo, pausadamente.

— Serei breve. Prometo.

— Não tem por onde subir. — Estremeço.

— Abre a porta para mim. — Benjamin me dá um imenso sorriso.

Bufo.

— O que você quer? — indago, impaciente e com frio. 

Camisola de alças finas e um robe não são uma boa vestimenta para o outono.

— Abre a porta.

— Uma gracinha e eu mato você! — sibilo.

Benjamin ergue as mãos e eu entro e fecho a porta, me recostando contra. Só posso estar ficando louca. Saio do quarto e desço as escadas apressada, com o coração martelando de maneira descompassada e dolorida em meu peito. Diante da imensa porta dupla de carvalho, caminho de um lado para o outro, mordendo o lábio, indecisa e tentada a abrir. A escuridão no cômodo não me permite ver a mais de um metro de distância. Em minha cabeça, várias perguntas me atordoam e eu abro a porta a fim de obter as respostas.

— Como me achou?

Benjamin me beija. Uma geleira se derrete em meu estômago e eu contraio a barriga, correspondendo. Ouço o baque surdo da porta e sou prensada contra ela. Enfio as mãos em seus cabelos, sentindo os fios macios por entre meus dedos. Benjamin pressiona seu corpo contra o meu e eu sinto sua ereção, me deixando excitada. Sinto-o desfazer o nó do meu robe,  enfiar as mãos pelo tecido, tocando minhas costas com as pontas dos dedos gélidas. Estremeço.

— Sua pele — diz, contra meus lábios. — É macia. — E beija meu pescoço. — Quente. Passei a noite inteira te desejando.

— Vamos subir. — Gemo baixinho. — Alguém pode aparecer.

— Certo.

Seguro sua mão e o puxo em direção às escadas. Benjamin tropeça no primeiro degrau e eu rio.

— Esqueci de avisar.

— Muito obrigado — diz, irônico.

Continuamos a subir e, diante do meu quarto, eu o empurro para dentro. Entro, fecho a porta e avanço sobre ele. Mais uma vez, Benjamin me beija e eu retiro sua jaqueta e blazer, cansada de agir como se não estivesse louca para transar com ele desde que o vi. Que se dane a ideia primitiva de que a mulher não deve transar na primeira noite ou encontro.

Encontro de SeduçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora