(im)possible Love 02

Vinte e dois

Quatro semanas meu deus, já se tinham passado quatro semanas desde que Liam levara a minha menina e sabem o pior disto tudo? Ele não me deixou ver nem falar com a minha filha uma única vez. Eu já estou maluca e estou desesperada. Eu e a minha filha nunca ficamos tanto tempo longe uma da outra. O máximo que ficávamos sem nos ver eram um par de horas, era quando ela ía para a escola, mas à noite voltavamos a reencontrarnos e íamos para os braços uma da outra até à hora de dormir. Mas agora, agora é diferente. O Liam simplesmente não me deixa vê-la e eu sinto que já cheguei ao meu limite. Já não tenho mais forças para lutar.

São precisamente 09:30 horas da manhã e eu encontro-me na minha cama mais uma vez. Faz hoje uma semana que não vou trabalhar, pois tenho andado a sentir-me mal e a minha mãe obrigou-me a ficar em casa antes que eu desse cabo do resto da minha saúde. Ela é uma exagerada eu estou bem.

-E achas que estar nesse estado é estar bem?-a minha mãe entra no quarto com o meu pequeno almoço.

-Preocupaste de mais...-falei com dificuldade.

-Sim até porque estar doente, mais propriamente, com febres altas, sempre muito cansada, não ter forças para pegar nem numa caneta sequer e quase nem conseguir falar é perfeitamente normal...-a minha mãe falou irónica e ao mesmo tempo chateada.

-Eu preciso da minha filha...-deixei escapar uma lágrima-eu já não aguento mais estar sem ela- comecei a chorar.

-A tia Kate todos os dias tenta convencer o Liam a desistir dessa ideia e tu sempre a pensar nisso não ajuda meu amor...-ela ajudou-me a comer-sabes muito bem o que o médico disse, certo? Aquilo que tu tens é uma grande angústia e se continuares sempre a pensar no mesmo só vais piorar.

-Mas é a minha filha...

-Eu sei meu amor...-a minha mãe deixou cair uma lágrima também, mas logo tratou de a limpar.

-Quero morrer...-falei num sussurro, mas a minha mãe olhou para mim com uma cara assustada.

-Nunca mais voltes a dizer uma coisa dessas Lara...-a minha mãe falou zangada e a chorar ao mesmo tempo-eu sei que dói, ok? Eu também já passei pelo mesmo, mas no meu caso eu perdi mesmo a minha filha....tu ainda tens a tua filha, a Filipa vai voltar para os teus braços e isso é o que importa agora, agora por favor não digas essas coisas...eu não me aguentaria se te perdesse-a minha mãe soluçou.

-Desculpa...-falei sentindo-me mesmo muito mal pelo o que disse.

Depois da minha mãe me ajudar a tomar o pequeno almoço ela deixou-me a descansar dizendo que me amava e que na hora de almoço voltava para me dar o almoço. Eu assenti, mas tudo aquilo em que eu conseguia pensar era na minha filha. Sinto que a cada minuto fico mais fraca, mas eu não consigo lutar comigo mesma. Eu quero sentir-me forte para receber a minha menina nos braços, mas sempre que penso nela....não consigo evitar as lágrimas rolarem pelo meu rosto, elas já saem automaticamente. Elas não pedem permissão.

(....)

Estava na minha cama a olhar lá para fora enquanto pensava na minha filha, quando me deu uma dor no coração. Levei a mão ao mesmo e a dor intensificou-se. Agora lágrimas de dor escorriam pelo meu rosto. Eu tentei chamar pelos meus pais, mas a voz simplesmente não saía e se saía não era suficientemente alto para que eles me ouvissem. Tentei me levantar, mas acabei por cair no chão já que eu não tinha forças. Comecei a ver tudo a andar à roda e antes que caísse para o lado sinto uma mão grande e forte me agarrar. Olho para cima, mas não consigo ver quem é. Fecho e abro os meus olhos repetidas vezes e finalmente vi quem era. Liam. A sua expressão era de preocupado, mas eu não me iria deixar cair no mesmo erro de há oito anos atrás. Tudo o que eu queria naquele momento era somente a minha menina, a minha filha. Se eu ía morrer agora, então, eu queria ver a minha bebé pela última vez.