Capítulo Onze
Rachel narrando:
Desde bem pequena, enquanto eu lia um daqueles livros de vida de princesas encantadas, eu sonhava em um dia encontrar algum belo rapaz que somente ao olhá-lo, saberia que era dele de quem eu sempre falei para as minhas amigas. Ou até mesmo um sapo que, sem dúvidas, eu pegaria minha varinha mágica de algum possível lugar atrás de mim - como nas animações -, bateria de leve em sua cabeça e transformaria o sapinho nojento em um galã de novela, ou melhor, de filmes clichês.
A partir do dia em que vi um moço na lanchonete em que eu estava com os meus pais, pegando na mão de uma mulher mas segundos após outra moça abriu a porta do estabelecimento e fez o maior barraco, parei de acreditar nesse tal de "amor verdadeiro". AF! Depois disso tudo eu me tornei uma garota mais sensata em relação à isso e pus em minha cabeça que eu não precisava de alguém ao meu lado para eu me sentir feliz ou amada. Eu não preciso de um namorado ou algum menino me chamando pra sair, toda sexta-feira à noite. Eu sou boa o suficiente para mim mesma, eu posso me fazer feliz através do que sou e do que faço.
Teve momentos que eu até recapitulei tudo isso e - quase - senti vontade de viver uma experiência "linda e romântica" como meus pais, quando se conheceram. Tá bom, tá bom! Confesso que foi tudo muito awesome e unbelievable, mas eles são excessões de tudo isso. Eu acredito que o que eu tenho hoje - família e amigos - são necessários pra mim. Não preciso de ninguém do meu lado me fazendo cafuné ou roubando beijos pra eu me sentir amada e completa, isso é muito clichê e ingênuo. Não consigo também me imaginar sentada no sofá, reunida com toda a minha família e meu namorado, e eles lhe mostrando todas as minhas fotos da minha fase "pançuda" - como meus colegas de classe me chamavam -, que mico!
- Filha, vai se atrasar pra aula. - falou minha mãe, abrindo a porta do meu quarto. - De novo se olhando no espelho, Rach?!
- Ah mãe, olha... Pra quê isso tudo de barriga? - falei ainda com a blusa levantada.
- Onde você está vendo muita barriga? Filha, parece até que você malha todos os dias, de tão definida e linda que está. - falou ela, baixando minha blusa. - Não só isso, mas também seu rosto... Tudo em você é perfeito, amor! Sua época de gordinha já passou.
- Mãe, não passou! Ela ainda está aqui, viva em mim. - disse, quase chorando. - Como você não consegue perceber? Olha o tamanho da minha bochecha. Eu sou uma ogra!
- Ei, pode parando com isso. Você que não está conseguindo perceber que você é linda e saudável!
- Saudável? Isso é ser saudável? - falei, esticando o braço e o balançando. - Olha que coisa mole.
- Para com isso Rach. Você é linda, não importa o que tenha acontecido no passado, nada vai mudar isso em você! - me deu um beijo. - Mas já que você continua se sentindo assim, que tal passarmos no consultório da Clara?
- Mãe, eu não preciso de uma psicóloga! - disse, levantando as sobrancelhas.
Minha mãe acha que eu sofro de bulimia pois não consigo me enxergar do jeito que sou, "linda e saudável" como ela sempre diz. Eu consigo me enxergar do jeito que sou, eu consigo, até porque me olho no espelho e vejo a "pançuda" de sempre ali.
[...]
Peguei meu material, me despedi dos meus pais e fui lá pra fora onde meu irmão e o Gui já estavam me esperando.
- Até que enfim! - falou Nicolas.
- Pior que dessa vez você demorou mesmo, Rach. - vez do Guilherme falar.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Vida de uma Adolescente Cristã II
EspiritualSEGUNDO VOLUME Depois de todas as situações que o casal Nicolle e Rodrigo terão que passar, eles se casarão e formarão uma família. Conforme o tempo passar, seu filhos irão crescer e viver uma vida normal. Rachel, no entanto, se previne das coisas d...