Eu posso te dar um abraço?

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Capítulo Dezesseis

Logo, nos juntamos à nossa família e perguntei como tinha acontecido.

- Minha mãe pediu pra dormirmos na casa dela ontem, né amor? - perguntou para o vô e ele assentiu. - A gente não entendeu nada, mas fomos mesmo assim. Dormimos no quarto deles, em um colchão e assim que acordamos, percebemos que eles não se mexiam e nem respiravam. Foi aí que caiu a ficha de que eles tinham... Vocês sabem.

- Isso é muito triste, mas é bonito ao mesmo tempo vó. Eles foram para o céu, faleceram juntos e sem sentir nenhuma dor.

- É sim minha linda... É verdade! Mas só de lembrar que não vou mais tê-los ao meu lado, parte o coração. - disse e chorou mais.

Não consegui conter as lágrimas e chorei também. A abracei e logo depois também a minha mãe, que estava muito mal.

O Biso se foi aos seus 87 anos e a Bisa com 85. Já estavam bem velhinhos, mas eu não queria que isso tivesse acontecido. Pelo menos tenho a certeza de que irão pra um lugar melhor... Bem melhor! Eu sempre ia na casa deles para os fazer companhia, ficava vendo as fotografias da época deles, da minha avó e da minha mãe. Eu era apaixonada por eles dois. Sempre os achei muito fofinhos por causa das ruguinhas, da cor dos cabelos e do jeito meigo de tratar à mim e ao meu irmão.

Fomos ao enterro deles e choramos muito. Passamos a semana ainda abatidos com tudo aquilo, mas tivemos de nos recompor e aceitar o fato que já tinha ocorrido. Eles nos farão muita falta, mas temos que confiar no Senhor e nos planos dEle.

- Mãe, você vai querer ir no consultório mesmo? - perguntei à ela, que estava de cabeça baixa, na mesa da cozinha.

- Vou sim filha. Já está na hora?

- Aham, temos que ir agora.

- Então vamos. - forçou um sorriso.

Mamãe ainda estava muita sentida com tudo aquilo e eu pude perceber o quanto ela amava os seus avós.

Chegamos lá e minha mãe pôde ficar comigo na hora do procedimento. Eu fiquei muito nervosa e aflita com aquilo, mas fechei os olhos e pensei que era para o meu bem. Esperamos um pouco até sair o resultado e deu tudo certo! Havia alguns arranhões e danos na garganta, mas nada que alguns remédios receitados não resolvam.

Um ano depois...

Bulimia? Vômito? Emagrecer? Essas palavras já não mais existem no meu dicionário! Fui até o fim com o tratamento e estou completamente livre e curada daquilo que me atormentava. Hoje em dia eu já como normalmente, sem neuroses ou preocupações para me atormentarem. Consigo me olhar no espelho e me aceitar do jeito que eu sou. Eu nunca tinha me visto assim e só depois de um ano, pude ver que eu sou bonita! Com isso, minha auto estima melhorou muito! A partir de hoje, vou tentar não dar tanta atenção para as criticas, o que acham de mim não significa que eu sou, o que dizem que eu faço, não significa que eu esteja fazendo. Por mim tudo bem, podem falar, ofender, criticar, a vida é minha e enquanto eu estiver feliz, eu continuarei com essas atitudes, agradando a todos ou a nenhum.

O verão chegou, as férias também e o colégio terminou! Acho que ainda estou um pouco atrasada em relação à minha faculdade, pois não pensei em nada ainda, mas hoje eu só preciso de uma boa praia e grandes ondas.

- Tá pronto Nicolas? - perguntei, batendo na porta do seu quarto.

- Tô, vamos.

Vida de uma Adolescente Cristã IIOnde histórias criam vida. Descubra agora