Você já acreditava nEle.

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Capítulo Vinte e dois

        Depois de um tempo, meu pai me chamou para ir com ele até o banco. Fui e no caminho fomos conversando bastante. Ele e eu sempre fomos muito mais próximos do que eu e minha mãe. Papai é mais sensível, mais carinhoso e atencioso, o que é estranho pois na maioria das vezes a mãe sempre é mais próxima de nós, garotas, do que os pais, mas no meu caso é diferente. Hannah (minha mãe) nunca foi muito de conversar, até porque eu sempre fui muito rebelde e quase não ficava com ela em casa. Chegava do colégio e depois do almoço já ia pra rua, sem nem querer saber o que ela achava disso, mas depois que eu mudei e comecei à igreja, parece que nossa relação se esfriou em 100%.

        Na volta pra casa, meu pai ligou a rádio e estava tocando uma música mundana. Confesso que não era feia, tinha uma letra bonita, mas disfarcei e mudei a estação para a gospel. Meu pai me olhou de canto, porém continuei a deixar ali e então percebi a música que estava tocando. Sete trombetas do Willian Nascimento. Aumentei o volume no máximo e esperei que ele prestasse atenção em cada palavra.

- Como vocês sabem que isso vai acontecer?! - ele perguntou.

- Fé é a certeza daquilo que esperamos e a prova das coisas que não vemos. - respondi e ele só me olhou, sem falar nada. - Pai, eu não entendo... Por que vocês não acreditam em Deus? O que Ele fez pra vocês não acreditarem? Ele só quer o nosso bem, sempre.

- Filha, eu cresci ouvindo que Ele não existe, mas sempre fiquei na dúvida se era mesmo isso. Eu pesquisei, fiquei curioso em saber mais, porém quando eu estava começando à acreditar, seus avós faleceram e aquilo me abateu e eu voltei a duvidar da existência de Deus.

Vi seus olhos marejarem.

- Ai, pai...

- Depois que eu conheci à sua mãe e fiquei sabendo que passamos pela mesma situação, tudo se encaixou e parece que minha raiva e dúvida duplicou.

- Você não quer acreditar nEle então, pai. Quando você sente a presença de Deus consegue perceber de que Ele é real. A gente sente uma coisa inexplicável, sentimos o Seu amor e com isso, nos entristecemos ao lembrar das coisas horríveis que fizemos no passado e nos arrependemos. - ele me olhou. - O amor dEle nos muda pra melhor!

- E porque ele permitiu os meus pais morrerem? Ele não viu que eu estava interessado em saber mais sobre Ele? - perguntou deixando algumas lágrimas caírem.

- Ele sabe de todas as coisas, meu pai. Por mais que a gente não entenda nunca, Ele sempre vai querer o melhor pra nós, mesmo que pra isso, antes algo de ruim venha acontecer.

A música já tinha acabado, então desliguei o som e cantei uma parte de outra.

- "Teologia pra explicar ou big bang pra disfarçar. Pode alguém até duvidar, sei que há um Deus à me guardar. E eu, tão pequeno e frágil querendo Sua atenção; no silêncio encontro a resposta certa então [...] Antes que o ar já houvesse Ele já era Deus. Se revelou aos Seus do crente ao ateu, ninguém explica Deus."           (música na mídia)

Ele chorou.

- Eu sinto a falta dos meus pais, mas mesmo assim algo dentro de mim me dá uma esperança da existência dele. - falou.

- Ele existe, pai. Por mais que a gente não O veja, a gente O sente e daqui à um tempo, vamos ter a honra de estar frente à frente com Ele, nos coroando; mas pra isso temos que ter fé nEle e cumprir os seus ensinamentos... Não é?

Vida de uma Adolescente Cristã IIOnde histórias criam vida. Descubra agora