Espero que não tenha sido uma omissão de minha parte eu não ter falado sobre mim mesmo. Me chamo Gorrum. Profissão: Bárbaro. Ah, e eu sou um orc, então, não fica muito difícil de se chegar à conclusão de que eu não vivo minha ideia de uma vida normal.
E... Oi.
Eeeer... eu... é... hum...
Oi.
Deixa eu ver...
Ah, quem é que eu tô tentando enganar? Eu não sei contar uma história. Eu tive que ficar uns bons dias pensando, até conseguir escrever aquela primeira parte. Ah, eu vou parar de enrolar e dizer duma vez o que eu tenho que dizer: Eu moro em cavernas na floresta, eu gosto da cor cinza, e eu... eu... e eu... Eu sou um vilão.
"Ah, sai daí, seu nojento do mal! Eu quero histórias sobre heróis!"
Então, você quer saber sobre o herói desta história aqui, né? OK, eu te conto quem é o herói: O nome dele é Gregor, e ele, na teoria, é um guerreiro. Acontece que o dicionário diz que (peraí, deixa eu ir ali no dicionário e ver... guarda, guranição, guelra... aqui, achei!) "guerreiro é todo aquele que luta em guerras". E aquele cara é o único homem em todo o reino (sem contar monges e clérigos, que estavam dispensados por serem homens da religião, e que só iam para a guerra se quisessem) que foi covarde o suficiente para se esconder do Rei, e não ir para a guerra pela Coroa da Sabedoria! Aliás, ele nunca lutou nem contra um rato, e, inclusive, duvido que ele vencesse, caso ele tentasse. Ele é um vadio do pior tipo: bebe feito um gambé, não consegue contar nos dedos todas as namoradas que tem (por ter muitas e por ser burro em Matemática... ele é burro em tudo, na verdade)... e o pior: A tonta da princesa, a filha do Rei, tá gostando dele, e ele, malandro como é, finge gostar dela (coisa que ele faz muito bem, e com muitas). Em troca, o cara ganha comida de graça, um monte de dinheiro e, ainda por cima, a tonta fica tentando convencer o pai à não mandar ele para a guerra. Ah, ela deu um castelo para ele morar.
"Tá, mas o que é que você tem à ver com ele?"
Então... eu disse que ele era um guerreiro, não disse? Pois é... só para inpressionar Vossa Alteza, a princesa retardada, o cara fica o tempo todo tentando descobrir a caverna aonde eu estou morando, e, quando o desgraçado me acha, ele fica na entrada da caverna, girando aquela espada dele no ar (até a minnha vó tinha mais habilidade em esgrima que ele) e gritando pra eu sair de lá, e procurar um lugar mais longe, onde eu vou causar menos problemas. Eu nem perco o meu tempo arrebentando aquele otário. Às vezes, eu até me mudo para algum lugar mais difícil de se achar, que é para ele não vir me incomodar de novo. Mas, aparentemente, me achar é o único talento dele. E, então, ele vai até a namoradinha dele e diz que me venceu em uma luta épica, e ela fica ainda mais enamorada por ele.
Ah, sabe quando eu disse que ele queria que eu fosse para algum lugar onde eu fosse causar menos problemas? Então... eu nunca causa problema nenhum! Eu só fico na minha, vivendo a minha vida, fazendo o tipo de coisa que tem para se fazer na floresta, e aquele traste fica me perseguindo! Aliás, você já deve ter notado que é estranho eu morar no meio do mato, e não nas vilas e cidades, como todo mundo. É que eu fui deixado lá por meus pais qunado ainda era um bebê (nunca entendi o porquê), e os humanos me expulsaram de lá, sem nem me conhecer direito, simplesmente porque eles achavam que eu ia causar alguma mal à eles, só por ser um orc! Até hoje, tem um monte de boatos de que eu matei pessoas e queimei casas circulando entre eles! Eles acham que todo meio- orc é mau caráter, e ponto final. De onde foi que eles tiraram isso?
"Peraí, que eu já não tô entendendo mais nada: se você é um meio- orc que nunca fez mal à ninguém, e o Gregor é um cavaleiro vagabundo que todo mundo deveria odiar, então, porque você diz que você é o vilão e ele é o herói?"
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A Coroa da Sabedoria
FantasyEntão... uns tempos atrás, eu e uns amigos tínhamos a ideia de fazer um jogo. É claro que nunca saiu do papel, pois plano de adolescente nunca dá em nada, mas enfim: eu era o responsável por escrever as histórias dos personagens, e pelo menos a minh...