Capítulo 22 - Avenida

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Eu estava pronta para me humilhar, para pedir desculpas de joelhos se preciso fosse. Seus olhos ainda em mim, sua mão ainda segurava a minha longe de sua pele. Era tão ruim estar ali e não tocá-lo, eu sei que ele estava chateado comigo, era visível, mas doía ver ele rejeitando meu toque. 


Seguro a sua mão na minha e entrelaço seus dedos nos meus antes de ele tentar se livrar do meu toque, o que ele tentou. Seus olhos estavam vermelhos, segurando as lágrimas que o orgulho não permitia que saíssem. Seu rosto virado para a janela, parecia macucar me olhar tentando lhe dar carinho. Sua mandíbula estava travada, talvez pela força de segurar o choro ou por não querer me machucar com as palavras que eu sabia que ele iria dizer cedo ou tarde. 



Yn.: Jin, me perdoa! Se eu pudesse voltar atrás e...


J.: Esse é o problema, não podemos voltar no tempo. Acredite, se eu pudesse voltaria. ~seus olhos continham ódios direcionados para os meus, seus dedos se soltam dos meus~ Não fui o melhor namorado pra você, sequer conseguia ser uma boa pessoa.



Yn.: Não ouse falar isso! Você foi ótimo! Você é ótimo! ~ele vira o rosto novamente para a janela, vejo uma lágrima escorrer  por seu rosto~ Jin... Eu sei que errei. Tenta entender meu lado, eu estava confusa na hora. Mas eu prometo que...



J.: Não faça promessas que não poderá cumprir. ~começo a me defender mas ele me interrompe~ Só me escuta, okay? Aquela promessa que fizemos de ficarmos juntos para todo o sempre, ela acaba aqui. Não existe mais nós dois, não sei aonde eu estava com a cabeça de imaginar que daríamos certo ~ele começa a rir, mas assim que seus olhos se encontram com os meus vejo uma expressão de nojo tomar conta do seu rosto~ Você tem que esquecer tudo que se relaciona a mim, mesmo que doa, mesmo que pareça impossível. Entendeu? 



Yn.: Não fala assim... Eu sei que não consegui te proteger mas eu posso ser melhor agora. Me deixa te provar! 


J.: Você foi maravilhosa ~vi um rilho passar por seus olhos mas logo desapareceu~ Mas não podemos mais ficar juntos. Eu já superei você, já esqueci e não vou voltar atrás. Faça o mesmo e vá embora, preciso de paz. ~seu rosto voltou a encarar a janela.






Mesmo que aquilo não parecesse real, suas palavras me atingiam como um martelo atinge um prego. Tentei pegar em sua mão, mas ele a tirou do caminho antes que conseguisse chegar na metade do caminho.



Yn.: Jin, por favor...


J.: VAI EMBORA! AGORA! ~ele grita, seus olhos novamente em mim, sua expressão de nojo permanecia. 





Por mais confusa que eu estivesse decidi fazer o que ele pediu. Já na porta paro para dar uma última olhada e noto ele limpando algumas lágrimas e então a porta se fecha. Fui andando até a saída do hospital pensando em como eu havia sofrido nesses últimos dias só tentando entender o que estava acontecendo ao meu redor. Não conseguia compreender o porque disso tudo. 



Quando coloco o primeiro pé fora do hospital a chuva começa a cair e penso que não havia como esse dia ficar pior do que estava. Mas o destino encontra maneira de nos provar que estávamos errados. Tentei chamar um táxi mas nenhum parava, meu corpo tremia de frio, meu peito doía tanto que talvez fosse sair pela minha garganta. 


Desisto de pegar um táxi e começo a andar, não tinha mais rumo, não havia mais sentido. Aproveitei que já estava molhada e decidi ir andando pra casa, quem sabe me fazia distrair. Mas meu corpo cedeu no segundo passo, meus joelhos batem com força no asfalto áspero, sinto queimar. Coloco a cabeça entre minhas mãos, as palavras dele se repetindo na minha mente, seu corpo recusando meu toque. Olho pra cima e solto o maior grito que posso sem me importar com os olhares que me rodeiam, tento liberar toda aquela emoção que estava presa em meu peito. Minhas lágrimas acompanham o grito, mas a dor só aumenta. Eu precisava fazer aquilo parar de doer e só havia uma maneira para fazer parar de vez. 


Com esforço me levanto, parece que meu corpo entendeu qual era a ideia pois levantar não foi tão difícil, saber que havia possibilidade de fuga parecia motivar meus movimentos. E passo a passo vou em direção a avenida, os carros passando tão rápido que se reduziam a luzes borradas e sons altos. A chuva poderia estar ajudando a não enxergar bem, mas era melhor assim.



Coloco o primeiro pé na avenida, vejo alguns carros buzinando enquanto coloco o próximo. Sinto o vento que se forma quando eles tentam se desviar de mim, fecho os olhos e sinto meu corpo. Meu coração bate tranquilamente, minha respiração calma, eu tenho certeza do que estou fazendo. Ando mais dois passos, ainda sem ser atingida por nenhum carro escuto as reclamações e os pneus gritando ao frear na chuva. Mas ao olhar para duas faixas a frente vejo um caminhão vindo a toda velocidade, ele não ia conseguir frear a tempo, não na chuva. 



Começo a andar em direção a ele, preciso passar por essa faixa e chego lá. Foi quando notei um carro preto vindo em minha direção, tinha que andar mais rápido para chegar no caminhão antes que o carro me acertasse ou só desviasse como todos os outros. Mas antes que eu pudesse sair dessa faixa ouço meu nome sendo chamado em meio as buzinas, olho para o caminhão e ele está a poucos metros de mim, o carro parece que acelerou a velocidade mas só pode ser coisa da minha cabeça. Dou mais um paço mas a voz grita meu nome descontroladamente, me  viro para olhar e é quando sinto a colisão. 


Sinto meu corpo flutuar por cima dos carros, alguém ainda grita meu nome em algum lugar. Meu quadril está doendo, mas nada comparado a dor que sinto quando o chão atinge a minha carne. Escuto o mais puro silêncio, sinto o sangue escorrer por meus lábios e uma dor insuportável percorrer minhas pernas. Não tinha como respirar com o sangue aumentando em minha boca, minhão visão começa a sumir e a última coisa que vejo é um clarão de luz branca. 






• • •





Abro os olhos mas parece que ainda estão fechados, a escuridão toma conta deles e me pergunto se estou cega. Seu perfume conseguiu me despertar do que quer que fosse aquilo que eu estava passando, sua voz parecia falar muito distante de mim. Tentei me levantar mas sinto uma pressão em meu peito, havia algo errado.



"Eu te amo"



Tento levantar mais uma vez mas suas mãos seguram meus braços me mantendo no lugar. Tento gritar mas não escuto o som da minha voz. Será que isso era real? O que aconteceu? Por que eu não consigo tocá-lo? 


Coloco a mão sobre meu peito e sinto algo quente escorrer, cheirava a ferro. Escuto uma voz diferente, meu corpo congela por um instante e tento me mexer de novo mas sem sucesso. Minhas pernas não me respondem, meu corpo treme em resposta a uma conversa muito distante de onde estou, mas que me atormentava. 





"É apenas um sonho, estou aqui com  você"










Danger- JinOnde histórias criam vida. Descubra agora