Dia D

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Depois do bilhete de "boas" vindas de Nightmare e do banquete que tivemos, ao qual comemos até não aguentar mais, nos dirigimos de volta a sala branca inicial, onde toda essa loucura e pesadelo começou , passamos pelo corredor escuro sem a tensão da primeira vez pois dessa vez no fim de tudo não estaria algo desconhecido como antes,  mas algo que atualmente se tornou familiar pra nós, John foi na frente, seguido por Yuri, Christian , Paul e Lucy, eu fui por último quase obrigada, porque pela preguiça que me deu eu teria ficado deitada lá no chão mesmo, mas não se pode ter tudo, ultrapassamos o corredor rapidamente e voltamos a sala inicial, sentamos espalhados pela sala, eu sentei numa das poltronas negras, sentar não seria uma definição muito realista, já que eu quase me joguei na poltrona como um corpo inerte,  Christian e John sentaram no chão, enquanto Lucy, Paul e Yuri se acomodaram em outras poltronas como a que eu estava deitada, aos poucos começamos uma conversa entre nós seis, sobre o misterioso e maldito " Por que? " , por que nós ? Por que isso? Por que aquilo?  Todas as perguntas que estiveram formigando e martelando dentro de nossas cabeças desde que acordamos nesta sala pela primeira vez, que atualmente se tornou algo distante e fluido.

— Não adiantaria eu querer perguntar algo sobre isso tudo pra vocês - iniciou Yuri - Pois estamos navegando pelo mesmo mar tempestuoso e no mesmo barquinho de papel mas vocês acham mesmo que nós salvaremos todos os universos,  somos somente adolescentes...

— Sinceramente,  eu não sei Yuri - respondeu Christian - Mas eu quero muito acreditar que sim,  que juntos ultrapassaremos qualquer obstáculo.

— Esse é o espírito - encorajou Paul - se continuarmos juntos e positivos, tudo é possível.

— O que mais está me afligindo é o que " caos " significava naquele bilhete - dizia John ao mesmo tempo que se esparramava pelo chão como uma panqueca numa frigideira - e também fico imaginando o que haverá na próxima dimensão... Bruxas? Fadas? Elfos? São tantas possibilidades de coisas que antigamente eram somente faz de conta e agora na situação em que nos encontramos,  podem ser real e podem se tornar nossa perdição. Alguém aí quer arriscar um chute?

— Quanto ao bilhete,  aquilo era só Nightmare querendo tocar o terror,  aquele troxa - Lucy dizia enquanto mostrava a língua pro balcão e fazia gestos nem um pouco educados - agora quanto a próxima dimensão, se deus existe e tem pena de mim não serão zumbis, eu tenho horror à zumbis, tudo menos zumbis, não pera , tudo não, ahhhh não sei mais de nada.

— Eu aposto em vampiros - disse meio vacilante - porque pensem comigo , estivemos entre lobisomens, o mais coerente deveria ser que a próxima dimensão fosse a dos vampiros, pra manter a rivalidade de séculos entre as duas raças mais famosas dos cinemas.

— Até que faz sentido Débora - concordou Paul - é uma boa suposição.

Todos silenciaram, pois um som começou a se formar ao redor de nós , o chão abaixo dos nossos pés começou a emitir alguns minúsculos abalos sísmicos e o  som começou a ficar distinguivel,  pra nosso azar era um ruído bastante familiar,  sons de engrenagens e aço , rapidamente a atenção de nós seis foi abduzida completamente em direção ao malfadado balcão que nos inferniza a alguns dias, esperando a aparição do nosso carrasco vestido num terno preto e sua gravata azul escuro ,  com aqueles olhos frios e aquele sorriso debochado na face : Nightmare estava voltando e com ele chegando,  nossa paz nos abandonava... O chão no interior do balcão se abriu mostrando um vácuo enorme que aos poucos era preenchido pela parte de cima da poltrona vermelha de Nightmare, em poucos segundos a poltrona emergia com Nightmare sentado de pernas cruzadas com aquela sua feição maniacamente característica, ao lado dele e da poltrona havia uma pequena mesinha com uma máquina em forma de uma pequena torradeira com um botão vermelho no centro : O mecanismo de ativação do portal... A calmaria havia morrido e dela nasceria a tempestade.
Nightmare se levantou,  fez sua reverência,  como da primeira vez, pegou o microfone dourado a sua frente e começou a ditar o que havia sido ordenado a dizer,  um chiado incrivelmente alto se apossou da sala,  todos nós tapamos nossos ouvidos pra não acabarmos surdos,  aos poucos o chiado se desfez e dos auto falantes nas quatro extremidades entre uma parede e outra saia a voz de Nightmare que logo tomou conta do recinto :

— Bem vindos de volta escolhidos - ele dizia num tom bastante impessoal - pelo visto eu perdi a aposta,  vocês sobreviveram.

— Cala a merda da boca - vociferava Lucy - vá direto ao assunto .

— Lucy, minha queria havaiana, amável como sempre - dizia Nightmare num tom sarcástico enquanto sentava novamente no seu trono escarlate - então, prontos pro Dia D ?

— Com " D " voce quer dizer...  - dizia Yuri enquanto pensava sobre a metáfora - ah, sim.  Dimensão.

— Como sempre,  um garoto de raciocínio rápido - dizia Nightmare - está certíssimo, Dia da Dimensão.

— Droga,  eu jurava que era Dia Débora - disse tentando mantar o astral - decepcionante.

Todos riram, até que John se levantou.

— Cara,  no bilhete dizia amanhã - John perguntava enquanto se apoiava em pé - não acha que você está muito adiantado não?

— Na verdade são exatamente 00:00 , então é oficialmente outro dia - dizia Nightmare rindo - o que significa que a mordomia de vocês chegou ao fim.

— Se eu não dormi não é outro dia - disse Lucy indignada.

— Isso é um problema seu - disse Nightmare enquanto apertava o botão vermelho do mecanismo que ativava o portal - conhecem os procedimentos, se não estiverem dentro do portal em meia hora, vocês morrem e tirem esse lixo de outra dimensão da minha sala... Adeus.

Na mesma velocidade com que veio,  Nightmare partiu, o barulho ensurdecedor de aço contra aço começou, o chão se abriu e Nightmare,  a poltrona e a bancada foram dragados novamente para o subsolo enquanto um som oco de ventania começava e ao lado do balcão um pequeno círculo negro se formava,  medindo uns trinta centímetros que aos poucos ia se expandindo até atingir três metros de altura e um metro de largura,  o portal já havia se formado, tínhamos apenas trinta minutos, obviamente dava pra sentir a aflição que percorria a sala, logo quando estávamos achando que teríamos algum descanso chega Nightmare pra estragar tudo e o que ele quis dizer com lixo de outra dimensão? Não compreendo... Até que rapidamente minha mente se clareia,  o pacote,  o embrulho que Layla havia dado de presente a John,  era disso que ele falava.

— John,  o pacote de Layla - disse afoita - você esqueceu de abri-lo, ainda está ali próximo ao balcão.

— Verdade Débora - disse John se desligando do portal - melhor abri-lo logo,  é muita falta de educação não olhar um presente.

John pegou o embrulho ,trouxe até nós e abriu. Dentro dele havia um par de roupas, semelhante as roupas que a tribo dos garou usava,  uma bermuda preta com algumas pequenas correntes pelos bolsos,  uma regata branca e uma jaqueta preta com alguns rasgados.

— MEU DEUS - gritei.

— Que houve Débora ? - disse Christian preocupado.

— Meus fones... Perdi meus fones em Ulfgang - respondi tristonha - eram novinhos, nem cheguei a usar direito.

— Sério, Débora? - disse Paul - isso é hora pra ficar de drama por um fone?

— Eles foram caros , tá - respondi - seu insensível.

— Okay,  estamos sem tempo pra discussões tolas - disse John rapidamente - precisamos atrevessar o portal, vocês cinco vão na frente, ficarei pra trás  pra por as roupas de Ulfgang, algo me diz que vou precisar.  Agora vão.

Concordamos e fomos até o portal,  deixamos John pra trás, enquanto ele se vestia,  Paul atravessou primeiro , seguido de Yuri,  Christian e Lucy,  eu fui logo atrás, rezando pra que essa dimensão fosse algo fofinho e feliz como um mundo de unicórnios coloridos e felizes tipo " My little pony ",  mas algo dentro de mim me dizia que Ulfgang foi algo leve pelo que estaria por vir assim que eu adentrasse esse portal, prendi a respiração, dei dois passos à frente e atravessei...


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