Seis dimensões

Ulfgang

Ainda estou tentando entender o que houve, o que deu em mim pra atravessar um círculo gigante e negro que a poucos minutos atrás um homem insano disse que era um portal para uma outra dimensão que eu nem sequer imaginava existir, creio que meu instinto de sobrevivência tomou posse dos meus atos e me fez atravessar aquele portal, só que como vou sair dessa enrascada? Sequestrada pou um louco depravado, presa numa sala com rifles espalhados pelas paredes e agora dentro de uma dimensão mística que eu não sabia da existência até hoje. Ou estou num pesadelo muito absurdo ou este é o pior dia da minha vida...
Sou removida de meus pensamentos quando vejo os outros jovens atravessarem o portal depois de mim.
Os cinco jovens saem em fila do portal : John, Paul, Christian, Yuri e Débora.
Cinco adolescentes criados pelo meu subconsciente em um pesadelo bizarro... Ou pior ainda, cinco adolescentes ligados a uma profecia antiga que diz que eles serão a salvação da humanidade e o pior é que eu estou incluída. Isso é impossível, não, não tem como isso ser real, isso se parece mais com alguns filmes que eu já assisti, ainda mais que quando crianças são escolhidas pra salvar a " Terra " ,normalmente são crianças incríveis e gentis não esses cinco moleques estranhos.
De repente minhas suposições são interrompidas quando Paul vem falar comigo.

— O que deu na sua cabeça pra entrar em um portal desconhecido daquele jeito - diz ele preocupado - você não sabia o que poderia acontecer, você poderia estar morta agora , Lucy.

— Qual a diferença de estar morta aqui do que ser fuzilada lá? - respondo.

Ninguém diz nada,  todos se mantém calados, o único som que dava pra ouvir era a brisa. Depois que toda a adrenalina de quase ser morta passou eu paro pra notar o local onde viemos parar, está escuro, exceto pela luz da lua, uma lua imensa, grande o suficiente pra passar a sensação que se eu me inclinar na ponta dos pés eu poderia tocá-la, à minha frente eu vejo árvores não muito comuns, não é como se fossem árvores de bosques felizes ou de parques onde levamos pessoas que gostamos pra um piquenique, são árvores mortas,  cinzentas, sem nenhuma folha ou fruto , somente galhos mortos e uma aparência assustadora. Através das árvores,  um pouco mai distante eu vejo montes e montanhas, aparentemente sem nenhuma vegetação, não se vê luzes ou sinais de vida ou habitação, somente morbidez e falta da civilização...
Nightmare e a sala branca agora me parecem bem aconchegantes e acolhedores.

Nesse momento passa uma brisa fria e meu corpo começa a tremer, somente agora meu organismo notou que sou uma garota de 19 anos, de biquini numa floresta gelada. Esses babacas podiam aos menos terem me dado uma roupa, cambada de filhos da p...

Sou interropida por John:

— Aqui,  toma minha jaqueta - diz ele num sotaque russo lindo - tá muito frio aqui.

— Não preciso - eu digo,  não posso demonstrar fragilidade e também não quero que seja tão simples pra ele, quero que ele insista - pode ficar.

— Tudo bem - diz ele.

— Me dá isso aqui - digo pegando rápido a jaqueta e vestindo - nossa, como você é lerdo,  você vivia onde? Numa floresta?

— Sim - responde John.

— É... Vish - respondo embaraçada.

— Vamos parar com o romance aí - diz Débora - se não notaram, somos 6 jovens em outra dimensão, sem comida, abrigo ou água.

— Que mané romance, garota - digo começando a ficar vermelha - Não viaja.

— Sei, sei... Tanto faz - diz Débora - Então, acho que devíamos usar nossas cabeças juntos e pensar em como sobreviver aqui até podermos voltar, porque morrer eu não vou, eu tenho muitos coreanos cantores pra sequestrar.

— OI ? - falamos eu e paul ao mesmo tempo.

— Esqueçam o final - diz Débora rapidamente - alguém tem alguma ideia ?

Christian ,o rapaz baixo de terno cinza com feições amáveis dá um passo à frente :

— Voltar obviamente não é uma opção - diz ele convicto - eu sugiro encontrarmos um local pra passarmos à noite, fazer uma fogueira e montarmos um plano de sobrevivência juntos de manhã.

— Eu concordo, é uma ideia boa por enquanto - eu digo - todos de acordo?

Todos balançam a cabeça em concordância, como a decisão foi unânime todos nós, juntos entramos pela floresta, eu me mantive próxima de John, caso o Kenpo não seja suficiente para o que nos aguarda, eu prefiro estar próximo do russo de 1,90 musculoso ,porque burra eu não sou.
Seguimos por alguns minutos pela floresta até encontrarmos uma caverna pequena, mas suficiente para passarmos à noite, todos sentados em círculo definimos o que faríamos :

— Sugiro que dois vão pegar lenha,  e dois procurem por uma nascente ou algo para nos abastecermos com água, mas por favor não se afastem muito - diz Paul calmo e tranquilo como um pai tranquilizando os filhos - Estamos num lugar totalmente desconhecido,  não quero que ninguém se perca ou fique pra trás, querendo ou não, estamos todos no mesmo inferno, mas juntos teremos mais chances do que sozinhos.

Todos apoiaram as palavras que Paul nos disse, até que John se levanta e diz :

— Eu prefiro ir pegar a lenha - diz ele calmamente - não é nada fora do que eu ja fazia antes, é mais simples pra mim.

Todos concordam com a decisão de John, até que eu resolvo me oferecer pra ir junto :

— Eu vou com ele - digo - já que tem que ser uma dupla eu prefiro ir procurar lenha do que ficar rodando atrás de àgua ou ficar aqui nessa caverna escura.

— Não tem romance né ... Uhum, sei... - diz Débora com um sorriso de ironia - sinto esse cheiro de paixão de longe.

— Cala a boca, garota - digo irritada - antes que eu vire uma dentista e arranque todos os seus dentes.

— Calma tia,  foi só um comentário amistoso - diz Débora - não precisa desse stress todo.

— Você me chamou de TIA?  - digo já partindo pra cima dela .

Antes de eu conseguir chegar, John segura meu braço, me olha com aqueles olhos cristalizados e diz :

— Vamos - diz John calmo - precisamos voltar logo!

Eu me rendo e vou com ele, nos despedimos e fomos pela floresta ,andamos enquanto conversávamos, encontramos alguns gravetos e fomos juntando, quando chegamos num consenso de que tínhamos a quantidade suficiente resolvemos voltar,  mas no meio do caminho eu ouço um ruído estranho e distante, aos poucos ele ia se aproximando e ficando mais forte, até que eu reconheço o que é, a minha memória vagueia por algumas das últimas palavras de Nightmare antes de entrarmos aqui.

" o nome da primeira dimensão é Ulfgang - a dimensão dos lobos . "

E os uivos continuam a se aproximar...