Capítulo 11 - Adorável surpresa

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Quando cheguei em casa me deparei com algo que nunca tinha acontecido antes, a porta do apartamento do vizinho estava entreaberta. Era a primeira vez que ele ou ela - isso se não fosse ele e ela -davam algum sinal de vida. Movida pela curiosidade me aproximei uns passos da porta entreaberta. Não captei nenhum movimento vindo de dentro e isso me deu mais coragem para bisbilhotar pela fresta da porta. Pude ver paredes brancas, um pedaço do braço de um sofá de couro preto, um quadro de arte abstrata, e um corredor com algumas portas. Bufei. Não dava para dizer muita coisa sobre a pessoa que morava lá, nem se era mulher ou homem. Droga de decoração unissex! Insatisfeita com a minha investigação, mas com medo de ser pega em flagrante me afastei da porta e entrei em meu próprio apartamento.

Livrei-me da bolsa, de meu blazer e das pastas, jogando tudo em cima do sofá. Antes de ir para o meu quarto liguei a secretária eletrônica, havia duas mensagem. Comecei a separar as correspondências que havia pego na entrada do prédio, algumas ainda no nome de David Nardini.

Uma das mensagens era de minha mãe confirmando o jantar com a família do Jeremy para esse final de semana, a outra era de Jeremy combinando o horário para escolhermos o presente de casamento de Amanda e Jay na manhã seguinte.

As correspondências para o David se resumiam em propagandas de convênios, lojas e plano de saúde. Entre dez, três eram minhas. Duas eram contas, que embora estivessem no nome de David, eram de minha responsabilidade. Eu tinha que arrumar um tempo para resolver essa burocracia e passá-las para o meu nome. A última estava em um envelope cor de creme, delicado. Era da clinica de Georgia. Dois vales para inauguração da clinica! Puxa, um dia de beleza! Massagem, limpeza de pele, banho de banheira com pétalas e sais, drenagem linfática, entre tantos outros tratamentos, até banho de lama. Isso eu com certeza recusaria. Os vales tinham a validade de um mês. Guardei-os dentro de minha bolsa para não correr o risco de me esquecer de usá-los.

A única coisa de interessante que aconteceu pelo resto da noite foi uma ligação da Amanda às uma da madrugada, que se resumiu com ela e Jay gritando coisas incompreensíveis no fone. Provavelmente estavam bêbados.

* * *

As nove em ponto Jeremy tocou o interfone. Iriamos no carro dele, pelo simples fato dele nunca abrir mão disso. Homens! Ele me cumprimentou com um breve beijo no rosto e um bom dia, os olhos cor do crepúsculo cobertos pelas lentes escuras dos óculos Ray ban estilo aviador.

— O que decidimos comprar para eles? — Jeremy me perguntou depois de ligar o carro e avançar pelas ruas.

— Nós ainda não decidimos. — lembrei. Havíamos feito listas e mais listas durante meses, desde utensílios para a casa, até presentes mais pessoais, mas nada parecia bom o suficiente.

— Uma viagem não seria ruim. — Jeremy disse.

— Sim, mas eles já vão passar a lua de mel no Havaí, presente da mãe da Amanda.

Jeremy estalou os lábios.

— Um fogão de ultima geração? — perguntei.

— Você acha que o Jay já não tem tudo relacionado à cozinha?

Foi a minha vez de estalar os lábios, presentear Amanda e Jae estava se tornando mais complicado do que deveria ser.

— Foi tão difícil assim no meu casamento?

Senti o ar ficar preso em meus pulmões.

— O-oque?

— Escolher um presente, quero dizer.

— N-não, não foi. — Mexi em minha bolsa, desconcertada, só para ter algo para fazer além de olhá-lo. Era obvio que ele não estava me perguntando no sentindo que me atormentava por todos esses anos. No final das contas, a coisa mais fácil havia sido encontrar um presente para Georgia e ele.

Closer - Parte IIOnde histórias criam vida. Descubra agora