Quando abri meus olhos a primeira coisa que vi foram dois olhos enormes e azuis me encarando, grandes e focados demais para pertencerem a uma pessoa, mas familiares demais para me jogarem direito na noite de ontem. Encarei o urso cinza na poltrona ao lado da minha cama, com seu sorriso plastificado e seus olhos azuis avaliadores. Rolei na cama, dando as costas para o urso e meus olhos focaram no relógio na minha cabeceira. Meu coração disparou e eu pulei da cama rápido demais para conseguir me manter de pé, caindo sentada na cama logo em seguida.
Eu estava muito atrasada.
Passei direto em um sinal vermelho, xinguei, já imaginando o valor da conta que iria receber, mas me esquecendo rapidamente dela na curva seguinte. Para a minha sorte o trânsito não estava parado. Deixei o carro no estacionamento atrás de um Mini Cooper, e sai correndo em direção ao elevador. Derrapei em frente a mesa de Susan, ela me olhou chocada pela chegada abrupta, Anye também me encarou de sua mesa.
— Minha nossa, Allison! — ela disse tirando os óculos finos que usava.
— O Marcus Young? — minha respiração estava pesada.
— Ele foi embora há uma meia hora.
Eu desabei no sofá de espera quase ao lado de sua mesa. A pressa não havia servido para nada.
— O Simon o atendeu. Eu tentei ligar para você, mas seu celular só chamou. Você está melhor? — sua preocupação era sincera.
— Sim, obrigada pelo remédio. — a agradeci pela ajuda prestada na manha anterior. Susan voltou a se sentar em sua cadeira. Remexi em minha bolsa a procura do celular. Estava no silencioso. Havia dez ligações de Susan, vinte de Amanda e algumas mensagens. Devolvi o celular para a bolsa sem olhar as mensagens e me levantei.
— Que horas é o próximo cliente?
— Daqui a meia hora, você tem cinco clientes para atender ainda essa manhã. — ela passou os olhos rapidamente pela tela do computador.
Murmurei alguma coisa para ela antes de entrar em meu escritório e correr para o banheiro. Meu rosto estava pigmentado de vermelho nas bochechas e um pouco na testa, meu cabelo preso em um rabo de cavalo rijo, pelo menos, não estava assanhado. Tirando a aparência sonolenta eu estava bem. Assim que fechei a porta banheiro dei de cara com Amanda, que quase me matou de susto.
— Olhe as minhas unhas! — ela balançou as mãos próximas demais do meu rosto para que eu conseguisse ver qualquer coisa. — Estão todas ruídas de curiosidade!
— Porque a curiosidade? — me sentei em minha cadeira e liguei o computador.
— Você ainda pergunta? — ela sentou na cadeira à minha frente, seus olhos verdes inflamados de expectativas.
— O que você está fazendo aqui tão cedo? — Ignorei sua pergunta retórica e sua expressão voraz de curiosidade.
— O Jay veio falar com o Daniel, assuntos de contabilidade do restaurante. — ela balançou as mãos com se o assunto fosse o ultimo que ela quisesse tratar no momento.
— Isso explica o Jay acordado, não você. — insisti.
— Depois temos que ir a igreja falar com o padre Francis.
O casamento da Amanda seria o mais formal possível. A mãe dela, como também seus avós eram super religiosos, um casamento que não fosse realizado por um padre e em uma igreja era inaceitável. Amanda fez de tudo para agradar a mãe, mesmo Jay sendo budista, embora ele em nenhum momento tenha se oposto a ideia.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Closer - Parte II
RomantizmÉ da natureza humana se afastar daquilo que causa dor e se aproximar daquilo que lhe faz bem. Allison ainda não aprendeu essa lição. Dois anos depois do casamento de Jeremy, a vida que ela imaginou aconteceu exatamente como esperado, ela só não pens...