Capítulo 13 - Segundo encontro

181 17 1
                                    

— Você não parece nada bem. — Simon repetiu pela quadragésima vez naquela noite.

— Sério? Pois eu estou me sentindo ótima. — Eu já havia mentido melhor. Minha cabeça doía alucinadamente. Eu já havia ingerido comprimidos suficientes para ter uma overdose, mas a dor continuava persistente. Sem falar no enjoo que estava me perseguindo há mais de três horas. No entanto esses sintomas eram mínimos, comparados aos grilos que haviam se alojado em minha mente.

— Não parece. — Simon entrou em minha frente, fazendo com que eu quase batesse em seu corpo. Seus olhos me analisavam a procura de algo errado. — Isso tem cara de ressaca.

Eu dei uma risadinha incrédula e nada convincente. Ele tinha acertado na mosca. Não era apenas uma ressaca era o pai das ressacas; do tipo que eu prometi a mim mesma que não iria beber nunca mais na minha vida. Não duvidaria mais de qualquer pessoa que dissesse que ressaca de vinho era a pior. Uma ressaca inútil e dolorosa que não havia servido em nada ao seu proposito de me fazer esquecer toda a conversa constrangedora dos meus pais e dos de Jeremy, nem a conversa confusa minha e de Jeremy no final do dia. Estava tudo tão claro em minha mente que eu poderia desenhar. Um disco arranhado seria menos perturbador do que ficar repassando todas as palavras, gestos, olhares... perguntas. Argh!

Como eu não discordei nem concordei de sua afirmação, Simon considerou que eu tivesse concordando.

— O que você fez hoje? — ele estava com um sorrisinho zombeteiro.

— Sai com meus pais. — fui evasiva. Citar o nome do Jeremy, ou de seus pais, não iria tonar o ambiente mais aconchegante. — Bebemos além da conta.

Ele me olhou como se tivesse tentando imaginar a cena e ela não fizesse sentido.

— Você e seus pais?

— Fomos encontrar uns amigos. — Peguei minha bolsa de cima do criado mudo ao lado do sofá. — Vamos?

— Tem certeza de que quer ir? — mais uma vez ele entrou em minha frente, me impedindo de alcançar a porta. — Você poderia ter cancelado.

— Claro que não. Eu estou bem. — Ficar em casa, melancólica, confusa e cheia de duvidas não fazia parte dos meus planos. Eu havia decidido que não iria deixar aquela conversa me abalar, não iria criar esperanças para algo que já estava perdido. Não iria fazer isso comigo mais uma vez!

— Vamos? — peguei em seu braço e sai o arrastando antes que ele protestasse.

— O quão de ressaca você está? De cinco a dez? — ele ria enquanto girava a chave do carro nos dedos.

— Oito?! — Me olhei rapidamente no espelho posicionado no corredor do meu prédio. Céus, o que são essas manchas roxas em baixo dos meus olhos? O cabelo preso em um rabo de cavalo não estava ajudando a camuflar e só deixava meu rosto mais em evidência.

—Estou impressionado! — Simon puxou a porta de vidro que fechava o lob do prédio. Cumprimentei o porteiro com um aceno rápido antes de seguirmos em direção ao carro dele estacionado na frente do meu prédio, o que só me fez lembrar que o meu carro havia ficado na casa dos Nardini. Como ficamos todos muito alterados, principalmente Jeremy e eu, meus pais acharam melhor aceitar a oferta dos Nardini e deixar que o motorista da família nos levasse. Ótimo, eu estava sem carro! Soltei um muxoxo triste, o que fez Simon me olhar e perguntar o que tinha acontecido, antes de abrir a porta do quarto.

— O meu carro ficou na casa... dos amigos do meu pai. — Me incomodava não dizer as palavras exatas. Na casa dos pais do Jeremy! Era um jogo aberto o que estávamos fazendo, não era? Mas dizer as palavras exatas parecia violar algo.

Closer - Parte IIOnde histórias criam vida. Descubra agora