Capítulo 18 - Terceiro encontro

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O vento frio que entrava pela janela entreaberta me acordou. A cortina de seda verde musgo balançava languidamente com o soprar do vento. O quarto estava parcialmente escuro, iluminado apenas pelas luzes que vinham da rua, mas já havia amanhecido. Pisquei algumas vezes levemente, desorientada sobre o tempo e lugar em que me encontrava, até dar-me conta da sensação quente em minha cintura e da respiração morna e calma, que fazia cocegas, em minhas costas nuas. No mesmo momento toda a extensão do corpo de Simon se tornou completamente perceptível. Sua perna encostada na minha, o formigamento de seu braço em minha cintura e de que estávamos completamente nus embaixo do único lençol fino que nos cobria. Minha primeira reação foi ficar completamente tensa e evidentemente muito vermelha, sem coragem alguma de me mover. Pelo som de sua respiração calma ele estava dormindo e eu queria que continuasse assim até que a vergonha passasse e eu agisse como uma pessoa normal que acabou de acordar de uma noite maravilhosa. Eu havia dormido com o Simon, e isso era uma coisa e tanto. Põe tanto nisso! E havia sido incrivelmente... Incrível! Mordi o lábio para impedir que meus lábios se espalhassem em um sorriso bobo, por mais que Simon ainda estivesse dormindo e não pudesse me ver agindo como uma garotinha que acabou de perder a virgindade. Minha vontade era de correr para o banheiro, escovar os dentes, me maquiar, arrumar o cabelo (que deveria estar desastroso) e voltar para a cama como se tivesse acabado de acordar linda e bela, mas qualquer movimento que eu fizesse com certeza o despertaria. Assim, só me restava ficar com um sorriso idiota no rosto - que com certeza deixaria meu maxilar doendo - lembrando-me de como havíamos acabado naquela posição enquanto observava o dançar da cortina de acordo com o vento que entrava pela janela com a respiração de Simon fazendo cócegas em minha pele.

Dizer que eu estava familiarizada com o apartamento de Simon e como se chegava até lá era uma mentira daquelas. Quando me caiu a ficha de que eu não sabia onde ficava eu já estava dentro do meu carro e alguns minutos atrasada. Nada que ele já não estivesse acostumado, eu não era a pessoa mais pontual do planeta. Enviei uma mensagem para Simon perguntando seu endereço e me sentido a maior idiota do planeta por não ter me dado conta de que eu não sabia onde ele morava. No final, ele acabou me guiando por mensagem de texto. Meia hora depois, e vinte e cinco minutos atrasada, estacionei do lado oposto de um prédio grande e cinza em uma área quase residencial. Um vento gélido que fez até minha alma arrepiar meu saudou assim que sai do carro. Rapidamente pesquei meu casaco, jogado em cima do banco do passageiro, e o embrulho parcialmente grande, com o slogan de uma loja de doces estampado na caixa branca, que guardava um delicioso mousse de chocolate. Atravessei a rua e me dirigi até a portaria, mas antes que pudesse alcançar o interfone vi uma figura parada ao lado do portão de ferro, olhando para a rua ao lado oposto pelo qual eu estava vindo, com os braços cruzados em cima de um casaco de lã felpudo que parecia ser super quentinho. Ele virou o rosto quando eu me aproximei o suficiente. Era Simon. O sorriso que ele abriu foi melhor que qualquer palavra pronunciada. Seus lábios gelados encontraram os meus em um beijo rápido. Ele se afastou um pouco e notei que tanto suas bochechas, como a ponta de seu nariz estavam bem vermelhas, comum em pessoas muito brancas que passam muito tempo no frio.

— Há quanto tempo você está aqui fora. — perguntei.

— Desde a sua primeira mensagem avisando que havia chegado.

— Eu entrei na rua errada, quer dizer, em três ruas erradas. — disse sentindo pena dele. Em minha defesa, não era nada fácil achar aquela rua, todas naquele lugar pareciam ser a mesma. Mas estava realmente frio para ficar feito uma estatua no meio da rua. — Desculpe.

— Eu sobrevivi, mesmo que em formato de picolé.

— Um picolé particularmente fofo.

Ele sorriu.

— Vem! Ah, deixa que eu levo isso. — referiu-se a caixa que eu estava segurando. Passei para suas mãos. — O que é? — perguntou curioso enquanto abriu o portão e abriu espaço para que eu passasse.

Closer - Parte IIOnde histórias criam vida. Descubra agora