— Não era necessário vir me buscar.
— Eu disse que viria. — Simon abriu a porta do carro para mim, agradeci com um sorriso antes de entrar. Noite passada, antes de me deixar em casa ele se ofereceu para me dar uma carona até o escritório, já que o meu carro ainda estava na casa dos pais de Jeremy. Não esperava realmente que ele viesse, afinal, meu apartamento era completamente fora do caminho que ele pegava para chegar ao escritório.
Baixei o protetor do sol para me olhar no espelhinho. Não havia dormido noite passada e o reflexo disso estava em meu rosto cansado e meus olhos meio perdidos. Meu corpo pesava e ao mesmo tempo estava dormente, era uma dor física que eu sabia que nenhum remédio curaria, então não tomei nada.
A decisão tomada ainda reverberava em minha mente. Uma decisão que pensei que havia tomado há dois anos, quando Jeremy disse um 'Sim' na frente de um padre. Mas eu não havia. Eu nunca havia tomado a decisão de superá-lo, só de seguir, sem um plano, sem uma perspectiva, sem esperança do que quer que fosse. Não! Com a esperança de que ele um dia fosse meu. Bati o protetor do sol com força no teto do carro, odiando o caminho que meus pensamentos estavam tomando, mas eu não iria cometer o erro de encobri-los, não mais. Eu precisava aceitar a realidade. A realidade de que eu nunca teria o Jeremy da maneira que queria, não sem ferir várias pessoas no processo. E eu não estava disposta a me tornar essa pessoa.
Queria poder fechar os olhos e só abri-los quando tudo que eu sentisse pelo Jeremy fosse transferido para o Simon. Era assim que era para ser, a maneira certa. Mas amar alguém ou não, não é uma coisa que se possa controlar, mesmo ansiando ter o controle. Infelizmente, o amor, não tem nada a ver com o valor intrínseco de uma pessoa, nem com as circunstancias em que a encontramos. É uma coisa que não se pode obrigar a sentir por uma pessoa. Ou não sentir. E não tem hora para acontecer, não liga para as circunstâncias, nem se o momento é inoportuno. Não liga se a pessoa vai sofrer mais do que ser feliz... Apenas acontece.
— Obrigada. — falei quando Simon sentou no banco do motorista, me referindo a carona.
— Não por isso. — ele sorriu.
Durante todo o caminho Simon estava evitando se quer citar algo sobre nós, ou sobre a noite passada. Eu o agradeci mentalmente por isso. Conversar sobre o que íamos fazer durante o dia e os problemas dos nossos clientes era mais fácil, mais leve, sem expectativas. Os vinte minutos que passamos dentro do porshe foram regados a processos jurídicos.
Simon estacionou o carro na frente do prédio do escritório ao invés de colocar no estacionamento, ele só iria passar meia hora antes de ir se encontrar com um cliente. Descemos ainda conversando, o assunto era o Marcos Young, o meu cliente mais problemático e mais grosso. Simon estava por dentro do mais novo acordo nupcial dele, já que havia o atendido da ultima vez. Nós dois concordávamos que o homem era um porco.
— Você vai almoçar aqui no escritório? — perguntou, ele segurava uma caixa de rosquinhas e de café. Havíamos parado rapidamente no Starbucks para comprar, já que não havíamos comido essa manhã.
— Acho que sim, talvez não tenha tempo de sair. — arrumei minha bolsa em meus ombros e semicerrei os olhos por causa do sol. Estava bem fraco e nuvens pesadas encobriam boa parte dos raios, mas a claridade incomodava. Havia esquecido meus óculos escuros. Ótimo dia para esquecer os óculos, quando duas bolsas rochas estão bem em baixo dos meus olhos!
— Quer companhia?
— Claro. Mas não sei a hora que vou ficar liv... — perdi a fala quando o vi. Encostado no meu carro, girando a chave nos dedos, estava Jeremy. De terno e gravata, os óculos escuros cobrindo os olhos, há menos de cinco passos de distância. Era a primeira vez que eu via Jeremy depois da decisão que havia tomado. Esperei a percepção chegar, mas nada aconteceu. Esperei que algo não ambiente tivesse mudado, que a natureza desse sinais de que eu realmente estava no caminho certo, mas nada parecia diferente.
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Closer - Parte II
RomanceÉ da natureza humana se afastar daquilo que causa dor e se aproximar daquilo que lhe faz bem. Allison ainda não aprendeu essa lição. Dois anos depois do casamento de Jeremy, a vida que ela imaginou aconteceu exatamente como esperado, ela só não pens...