- Vamos, não tem nenhum comentário? Estamos na cidade dos Simpsons - Dom sorriu, enquanto se alongava.
Rachel permaneceu apoiada na parede, com os braços cruzados e uma expressão neutra e distante no rosto.
Dominic se sentou na maca, preparando-se para uma sessão de levantamento de peso.
- Qual o problema, Tesouro?
- Nada - ela respondeu de maneira evasiva.
Dom parou no mesmo instante o que estava fazendo. Ele não era tolo, sabia o suficiente sobre as mulheres para que quando uma dizia "Nada", significava na verdade "Perigo! Tem algo muito errado!"
- Se abra comigo, Preciosa.
Rachel deu um sorriso sarcástico.
- Que grande ironia você dizer isso.
Dominic franziu o cenho, ficando cada vez mais impaciente, não gostava nem um pouco dessa nova faceta fria de Rachel.
E o pior é que ele tinha uma vaga ideia do motivo que a deixou assim.
Sua própria atitude esquiva em se abrir com ela.
O momento do karaokê no dia anterior... Porra, o havia atingido como um maldito gancho de direita do Todo Poderoso Insensível.
Ela o pegou de guarda baixa, mas estava tão errada. Ele não poderia amá-la, por mais que quisesse.
Ele não era capaz. Tudo o que ele tocava ele destruía. Sua escuridão era mais forte.
- Do que está falando? - perguntou, se ajeitando embaixo do haltere.
- Você sabe o que - ela o fuzilou com o olhar.
Dominic começou a fazer a sequência de exercícios.
A mente de Rachel divagou momentaneamente, seu olhar focado no alpha a sua frente.
Dom usava uma bermuda de lycra cinza clara e uma camiseta regata machão preta. Os músculos se flexionavam com o esforço do exercício.
Ela suspirou e voltou a realidade. Não podia se distrair. Tinha chegado no limite.
Estava grávida.
Grávida.
Estremeceu com o pensamento e tomou uma grande porção de ar para acalmar o pânico crescente.
- Sobre nós...
Ela começou, mas foi interrompida bruscamente.
- Será que você não desiste? Isso não é a merda de um dos seus livros, caralho!
Dominic largou o haltere e se sentou, estava coberto de suor causado pelo esforço do exercício.
- Eu não sou um dominador porque tive uma mãe puta e drogada. Não tenho medo de ser tocado, nem nenhuma dessas merdas. Não vou me apaixonar e ser "curado". Isso não é uma história de ficção, isso é a vida real! - gritou, se levantando em toda a sua altura e masculinidade.
Rachel se afastou, amedrontada, e involuntariamente protegeu o ventre.
- Eu... Eu não... - gaguejou assustada.
- Você sempre faz isso! Você quer algo que eu não posso te dar. Não está satisfeita? Não está feliz?
As lágrimas caíam em abundância pelo rosto de Rachel. Lágrimas de dor e mágoa.
Se sentia uma estúpida por ter acreditado, ter tido esperança que poderia vencer e derrubar as barreiras que ele tinha colocado.
Mas não podia. Ninguém poderia...
- Eu ouvi seus gritos essa noite! - gritou de volta para ele.
Mas quando tinha ido ao quarto dele naquela noite encontrara a porta trancada. Queria tanto confortá-lo. Dar-lhe carinho. Compartilhar com ele que teriam um bebê juntos. Expor seus medos para ele.
- Isso é problema meu - ele rosnou, virando de costas.
- Eu queria te ajudar - sussurrou, quase soluçando.
Dom gritou, um grito que parecia vir do fundo da alma. Sofrido. Angustiado.
Ele socou a parede com força, Rachel se encolheu com o gesto violento.
Dominic se virou lentamente, com os ombros tremendo, ela o viu fechar as mãos que se tingiam de vermelho com o sangue dos ferimentos nos nós dos dedos.
- Você mentiu pra mim - ele cuspiu - Você. Mentiu. Pra. Mim!
Ele gritou, intercalando cada palavra com um soco na parede. A tinta branca ficou manchada com o sangue dele.
- Prometeu que não ia me deixar quebrá-la - os olhos azuis dele estavam nublados por lágrimas.
Rachel soluçou, e engoliu o nó que tinha se formado na garganta. Reunindo uma força que ela não tinha, respirou fundo, secou as lágrimas que manchavam suas bochechas e lançou o olhar mais frio e debochado que conseguiu.
- Você é tão arrogante e cheio de si - falou com desdém - Está enganado. Você não me quebrou. Não é digno nem de lamber a sola do meu sapato. Só aceitei esse trabalho para reunir dinheiro para pagar minha faculdade. Já recebi o suficiente.
Ela se virou para sair, mas parou e olhou para ele.
- Ah, já ia me esquecendo: eu me demito!
- Não pode se demitir. Seu contrato está em vigor até o final do circuito - ele retrucou, como se achasse as palavras dela absurdas.
- Creio que você não vai se importar no final das contas, só falta a luta daqui e a final. Além do mais, eu nunca fui realmente útil.
- É claro que foi! - ele protestou, já com o controle recuperado - Você ainda é!
- Pare, Dominic - ela fez uma careta - Esse trabalho não passou de uma farsa, só respondi uma entrevista ridícula. Sua agenda você mesmo controla. Esse emprego você me deu de fachada apenas para me comer. Era isso que eu era, vamos, é melhor sermos francos - ela falou com uma expressão azeda - Eu era sua puta. Nunca passei disso.
- Cale-se - ele rosnou e fechou os olhos, apertando a base do nariz para se acalmar - Nunca use essa palavra para se definir. Você é uma jóia - ele abriu os olhos e a encarou - Valiosa. Preciosa.
Ela balançou a cabeça e se abraçou.
- Se isso é verdade, vai se abrir comigo?
- Sabe que isso não vai acontecer. Eu não consigo.
- Não consegue ou não quer? - ela espetou.
Dominic não respondeu, apenas a encarou impotente.
Rachel soltou os braços ao lado do corpo.- Acho que já tive minha resposta. Adeus, Darkside.
Ela se virou e saiu da academia. Caminhou até a saída do hotel. Dominic não a seguiu, Sam tentou, mas ela o impediu e explicou que estava indo embora.
Saiu pela porta giratória e foi recebida por uma rajada de ar frio.
Não tinha nada. Nenhuma bagagem. Sua única mochila com coisas pessoais ficou para trás, Rachel não quis voltar para pegar.
Não tinha pego nem ao menos uma blusa de mangas compridas, se envolveu com os braços para tentar quebrar um pouco o vento gelado.
- O que vai ser de nós, bebê? Tenho 19 anos, não tenho uma casa. Meus pais... Seus avós não vão querer nem olhar pra minha cara, e seu papai finalmente foi subjugado pelos fantasmas dele - ela voltou a chorar, enquanto acariciava a barriga inexistente.
Virou em uma esquina e uma onda de pânico a atingiu. Encostou na vitrine de uma loja fechada.
- Estou com tanto medo, meu pequeno sopro de vida. Mamãe está tão assustada, mas vou proteger você. Vou te amar muito, ouviu?
Distraída, mal sentiu a picada no pescoço. Estendeu a mão para matar o mosquito que provavelmente a picara, quando o chão a sua frente ondulou e um pano com um cheiro forte foi pressionado contra seu nariz.
A escuridão tomou conta de sua vista e ela desmaiou.
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Darkside
Любовные романыUm homem atormentado pelo passado. Uma garota que quer um novo futuro. Ele é um lutador underground. Um bad boy. Ela é uma garota de família tradicional. Uma menina inocente... E a única capaz de tirar o sexy lutador do lado negro. Capa por @clubedo...