Bônus I - Entrevista

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O coração da Escritora batia tão forte que ela pensava que ia saltar do peito a qualquer minuto.

Enquanto caminhava sentia o formigamento familiar em suas pernas, que ela sabia que só lhe acometia quando estava muito nervosa. Como naquele momento.

O vento gelado de uma tarde de outono balançava seus cabelos que já eram rebeldes por natureza.

Parou em frente ao elegante portão de ferro fundido e teve o pensamento covarde de ir embora.

Mas ela estava ali não por si mesma, e sim por outras pessoas. Pessoas que tinham perguntas e que mereciam as respostas. E era seu dever consegui-las.

Apertou a campainha e não precisou esperar muito. O portão se abriu silenciosamente como o de uma mansão mal assombrada e ela entrou.

Caminhou pela trilha de pedra em meio a um jardim ridiculamente bem cuidado para a estação.

Quando chegou a casa, soltou um palavrão involuntário para a mansão em estilo vitoriano que se revelava a sua frente.

Tinha dois andares e uma ampla varanda. Ela subiu a escadaria e quando esticou a mão para o puxador antigo em formato de uma cabeça de leão, a porta se abriu de repente.

- Puta que pariu! - ela exclamou, levando a mão ao peito.

- É assim a nova moda de comprimentos? Acho que estou um pouco desatualizado - a voz rouca e sensual a fez olhar para ele de cara feia.

- Você me assustou! Não vai me convidar para entrar? Estou congelando aqui fora!

- Você por acaso é uma vampira? - ele fez uma mesura debochada e ela passou por ele, fazendo questão de lhe aplicar uma cotovelada no estômago.

Dominic gemeu alto e massageou o local atingido, enquanto fechava a porta atrás de si.

- Porque você parece que não gosta mais de mim? Quando me conheceu você gostava.

A Escritora caminhou até a sala e se jogou no sofá, como se a casa lhe pertencesse. Olhou atravessado para ele.

- Você invadiu a minha vida. Não me deixou dormir. Não me deixou ter paz!

- Eu precisava que você escrevesse minha história. Você é uma escritora, não é? - Dominic deu de ombros e foi até o bar - O que quer beber?

- Qualquer coisa.

Dominic serviu duas doses de whisky e então deu a volta no sofá, entregou um copo para ela e se sentou esparramado na poltrona.

- Muito bem. Em que posso ser útil? - perguntou.

A Escritora depositou o copo intocado em cima da mesa de centro, cruzou as pernas e abriu a bolsa. Retirando um Ipad e algumas folhas de papel.

Dominic tomou um gole da bebida lentamente, apreciando o calor do álcool descendo em sua garganta enquanto observava a Escritora.

Ela era uma figura deveras intrigante. De pequena estatura, pele muito clara e olhos que emitiam um brilho travesso, ela se parecia muito com aquela vampira baixinha de Crepúsculo. A dos vampiros italianos do mal. Como era mesmo o nome dela? Ah, foda-se. Elas se pareciam. Ponto.

E ele apostava que se ela pudesse também faria os outros estrebucharem de dor no chão. Pelo olhar que estava lhe lançando, era capaz de ele ser o primeiro da lista.

Talvez fosse atraente, se ao menos tivesse se dado ao trabalho de se arrumar. Aparentemente ele não era digno dessa faceta dela.

- Que você tem fãs não deve ser novidade - ela falou, o tirando de seus devaneios.

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