Capítulo 17

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Rachel acordou desorientada. Sua cabeça latejava e ela não reconheceu onde estava.

Era um cômodo pequeno, mas razoavelmente limpo. Sem janelas e com poucos móveis. Apenas uma mesa de carteado manca, três banquetas de plástico, e a cama em que ela estava deitada.

Um rangido indicou que a porta fora aberta por alguém.

Virou a cabeça para olhar e teve uma surpresa.

Muito desagradável, por sinal.

A figura que entrou era alta e loira, estava vestindo apenas uma camisa social branca, sem gravata e com o colarinho aberto, e um terno cinza grafite, como se tivesse acabado de chegar de algum evento social.

- Srta. Clarke é um prazer finalmente conhecê-la. Formalmente, eu quero dizer. Me chame de Julian - ele sorriu - Como está se sentindo?

- Wolf... - ela sussurrou - Você é Julian Wolf.

Wolf deu um sorriso que deixou a mostra todos os seus dentes brancos perfeitos. Ficou muito parecido com um tubarão.

- Aquela trombada não foi acidental. Queria uma maneira de me aproximar de você, e Darkside nunca permitiria.

- O que quer comigo? - ela se sentou na cama, mas não levantou.

Wolf cruzou os braços atrás do corpo e começou a caminhar pelo cômodo, muito à vontade.

- Pode me chamar de seu anjo da guarda. Quero salvar você daquele imbecil.

Ele girou nos calcanhares e ficou de frente para ela. Os olhos brilhando.

- Proponho que trabalhe para mim. Pago o triplo que ele paga para você. Se acha pouco, me dê seu preço.

- Eu...

- Não precisa mentir, conheço Darkside muito bem, estou te fazendo um favor. Além do mais, não precisa rolar nada entre nós... A menos que você queira, é claro.

Rachel pulou da cama como se tivesse sido eletrocutada, seus sapatos estavam no chão ao lado da cama. Ela os agarrou e tentou correr para a porta, porém Wolf não permitiu. Se interpondo entre ela e a saída.

- Ele não sente nada por você. Nunca vai sentir nada por alguém além dele mesmo - a voz dele era suave e melodiosa - Eu vou tratá-la como a rainha que você é. Vou cobrir você de riquezas.

- Eu só quero ir embora - Rachel pediu - Você só quer atingir Dominic. Não sou tão burra como você pensa. Sei que o protocolo da Fighter Cup não permite que os lutadores briguem fora do ringue. Você quer me usar para atingi-lo. Não vai adiantar nada. Nós não temos mais nada.

"Acabou tudo. E sei que não há volta."

Julian parecia surdo ao que ela dizia. Coçou a sobrancelha com piercing e avançou na direção dela, lentamente, como um tigre acuando sua presa.

Rachel começou a recuar lentamente em direção a parede atrás de si.

- Se você colaborar, pode até gostar, tesouro.

Aquele foi o estopim. Quando Dominic a chamava assim, era um apelido carinhoso. Sexy até.

Na boca de Wolf parecia mais um xingamento, a fazia se sentir suja.

Quando ele menos esperava ela jogou o sapato mirando a testa dele. Ouviu o barulho seco e um palavrão, então concluiu que havia atingido seu alvo.

Correu em direção a porta, mas antes que se sua mão tocasse a maçaneta, dois braços a agarraram pela cintura e a ergueram do chão. Uma respiração ofegante soou perto de seu ouvido.

- Onde pensa que vai, putinha? Ainda não acabei com você.

Rachel gritou e esperneou. Desesperada, tentava chutar e arranhar, mas em vão.

Julian a jogou com violência em cima da cama, e rapidamente subiu atrás, montando sobre o quadril dela.

O pânico de que estava prestes a ser estuprada tomou conta dela.

- Por favor, não faça isso, Julian! Você quer se vingar de Dominic, mas não vai adiantar, ele não quer mais nada comigo!

Wolf continuou surdos aos apelos dela. As lágrimas escorriam abundantes pelo rosto de Rachel, e ela tentou arranhar o rosto dele, em vão.

Ele apenas a segurou pelos punhos e a imobilizou

- Não... Por favor... Não... - Ela soluçou quando ele deu um puxão na blusa dela, rasgando o suficiente para expor o sutian de renda.

Ele se afastou apenas o suficiente para ver o que tinha feito, em seguida, se curvou e passou o nariz pela curva do pescoço dela.

Rachel se contorceu para longe do toque dele.

A mão dele soltou as dela e apertou dolorosamente o seio dela por cima do tecido. Rachel soluçou outra vez.

A mão dele desceu mais e abriu o botão da calça jeans.

- Vou marcá-la, vamos ver o que aquele imbecil arrogante vai sentir quando souber o que eu fiz. E qual não vai ser a reação dele se eu engravidar você.

Wolf riu. Uma risada doentia, o sorriso macabro deformava as belas feições do rosto dele, o deixando parecendo um lunático.

Rachel não tinha mais forças para lutar, estava cansada, com medo e fraca.

- Porque o odeia tanto? O que ele fez a você? - sussurrou chorosa.

- Ele não vai tirar meu cinturão. Ele é meu! Ele tira meu título e eu tiro a puta dele!

Quando o dedo indicador dele a penetrou, Rachel gemeu de dor e fechou os olhos, tentou desligar a mente.

Já tinha lido que a mente humana era capaz de fazer isso. Se desligar e assim amenizar o que estava por vir.

Tentou trazer a mente a imagem de seus pais. Sua casa em Dallas.
Momentos em que ela era feliz e não valorizava...

Sentiu uma mão tocando seu rosto. Uma voz ao longe parecia lhe fazer uma pergunta que ela não entendeu...

"Não. Não por aí. Não pense no que está acontecendo. Pense no futuro."

- Querida, por favor. Precisamos sair daqui - a voz era insistente, e ela estava sendo sacudida pelos ombros.

Rachel abriu os olhos lentamente, e se viu cara a cara com Phil.

O empresário baixinho estava agachado ao lado dela, com o rosto aflito.

Quando ela piscou, confusa, uma expressão de alívio tomou conta do rosto dele.

- Graças a Deus! Vamos, querida. Deixe-me ajudá-la.

Foi então que Rachel se conscientizou do que estava acontecendo ao seu redor.

Dominic tinha Julian prensado contra a parede. O rosto deste estava deformado e ensanguentado.

Sam estava parado alguns metros atrás.

Phil a ajudou a ficar de pé, e lhe entregou o próprio paletó para cobrir a blusa rasgada.

Em seguida, passou o braço pela cintura dela para firmá-la.

Antes de sair, ela virou a cabeça na direção de Dominic e viu Sam tirar uma pistola de dentro do terno e colocá-la na mão estendida de Dom.

Rachel ofegou, mas Phil foi mais rápido e a tirou dali, antes de ouvirem o barulho do disparo.

Que pôs fim a todo aquele inferno.

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