momento mole de uma tarde de abril

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Cadeira do lado de fora,
Alpargatas.
Óculos embaçados de limpeza mal feita,
Que, afinal,
Feriado nacional não foi feito pra esforço.
Nuvem com forma de baleia,
Sol mortiço.
Essa tarde sem compromisso
Ainda vai acabar em lua cheia.

Tem mosquito atormentando!
Não sabe que, de vez em quando,
Agente tem o direito de ficar ?
E por que será que a neta
Tem que andar sempre
Com a roda frouxa na bicicleta ?
Tomara que não solte,
Senão vai ter choradeira.
Semana que vem se conserta.
Talvez na segunda ou terça-feira.

Cheiro de café fresco,
Vindo da cozinha.
Tem coisa melhor que manteiga derretendo
Em pão quentinho?
Às vezes Deus acerta tanto
Que agente nem sabe como agradecer .
Por isso é que não se mata passarinho.
E tem goiaba com queijo,
Melado com farinha,
Pinga com limão.
O resto a vida ajeita.
Não fosse a obrigação,
A criação teria saído bem perfeita.

Anu branco da azar.
Passa, danado !
Vai assombrar o telhado do vizinho,
Que hoje é feriado e não quero amolação.
Pai-Nosso amanhã.
Nem banho, nem barba feita,
Nem ouvido pra conversa de mulher.
Um futebolzinho na televisão,
Um noticiário qualquer,
Ate o sono chegar, dando coceira na nuca,
Coisa mais maluca, sem nem cabeça.
Antes que o corpo amoleça,
Um cigarro e nais um trago,
Que desse mundo nada se leva
Essa vida não vale um vintém.

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